A evolução da situação internacional parece favorecer o papel das cidades como pontos fulcrais das dinâmicas sócio-económicas, culturais e mesmo políticas que atravessam o nosso mundo. isso não se explica apenas pela recente emergência de autênticas cidades-estado como Hong-Kong e singapura, nem sequer pela crescente ur banização dos habitantes do planeta, nem mesmo pela expansão das grandes metrópoles que, nos vários continentes, são classificadas como “cidades globais”. averdade é que os poderes locais, sobretudo os das grandes concentrações urbanas, perfilam-se hoje como actores da própria vida internacional e desenvolvem uma intervenção activa que interfere poderosamente nos processos globalizados contemporâneos. Poderá mesmo admitir-se que, no panorama do actual enfraquecimento ou fragilização dos centros de decisão política ao nível dos governos centrais, outros intervenientes adquirem protagonismo, como é o caso das firmas transnacionais, mas também certamente das cidades. Por alguma razão, alguns pensadores têm admitido a possibilidade de caminharmos para um sistema de tipo hanseático, numa referência ao que ocorreu na vasta área ribeirinha do Mar báltico, a partir dos finais da idade Média, numa experiência protocapitalista, em que, na ausência de um poder político unificador, a gestão dessa zona era assegurada por uma aliança de cidades (Lübeck, bergen, Hamburgo, riga…) e por uma liga de mercadores, a Liga Hanseática. sem podermos extrapolar artificialmente tal experiência, alguma analogia permite evocar esse antecedente, pois seguramente no nosso tempo as empresas multinacionais e as grandes metrópoles têm peso crescente na governação da teia global.