O grande movimento de viagem de lazer ocorrido no século XIX chegou tarde a Portugal,
muito por influência das vicissitudes geopolíticas da primeira metade de Oitocentos e de que
se destaca as invasões francesas e o consequente refúgio da corte portuguesa para o Brasil,
bem como a guerra civil liberal subsequente. Nesta atmosfera cambiante, a dimensão do
estrangeiro tornou-se, para os nacionais, num imperativo mais desejado e cantado do que
vivido, pelo que, só quase no fim do século, se reuniam as condições necessárias para alguns
portugueses fazerem as malas e partirem além-fronteiras. Daí os seus testemunhos
(literários, artísticos) constituírem registos preciosos de um tempo icónico: a Belle Époque.
Este artigo propõe uma reflexão transversal assente no legado deixado por alguns dos
portugueses viajantes entre o final de século XIX e o início do século XX cruzando um
fenómeno transversal à sociedade ocidental em mutação numa consideração da viagem como
elemento de modernidade. Nesse sentido, e reunindo um conjunto de nomes da cultura
portuguesa que experienciaram a saída para o estrangeiro, pretende-se perspetivar uma
temática de mundividência autoral herdeira da viagem da Expansão Portuguesa cuja
genealogia moldou o globo a uma escala planetária e de que o século XXI é herdeiro.
VIAGEM NA BELLE ÉPOQUE: OS PORTUGUESES E O ESTRANGEIRO
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Resumo
O grande movimento de viagem de lazer ocorrido no século XIX chegou tarde a Portugal,
muito por influência das vicissitudes geopolíticas da primeira metade de Oitocentos e de que
se destaca as invasões francesas e o consequente refúgio da corte portuguesa para o Brasil,
bem como a guerra civil liberal subsequente. Nesta atmosfera cambiante, a dimensão do
estrangeiro tornou-se, para os nacionais, num imperativo mais desejado e cantado do que
vivido, pelo que, só quase no fim do século, se reuniam as condições necessárias para alguns
portugueses fazerem as malas e partirem além-fronteiras. Daí os seus testemunhos
(literários, artísticos) constituírem registos preciosos de um tempo icónico: a Belle Époque.
Este artigo propõe uma reflexão transversal assente no legado deixado por alguns dos
portugueses viajantes entre o final de século XIX e o início do século XX cruzando um
fenómeno transversal à sociedade ocidental em mutação numa consideração da viagem como
elemento de modernidade. Nesse sentido, e reunindo um conjunto de nomes da cultura
portuguesa que experienciaram a saída para o estrangeiro, pretende-se perspetivar uma
temática de mundividência autoral herdeira da viagem da Expansão Portuguesa cuja
genealogia moldou o globo a uma escala planetária e de que o século XXI é herdeiro.
Palavras-chave
Como citar este artigo
Castro, Maria João (2022). Viagem na Belle Époque: os portugueses e o estrangeiro. Janus.net, ejournal of international relations, Vol13 N2, Novembro 2022-Abril 2023. Consultado [em linha] em
data da última consulta, https://doi.org/10.26619/1647-7251.13.2.14
Artigo recebido em 22 Fevereiro, 2022 e aceite para publicação em 9 Março, 2022