O artigo analisa a nova Estratégia de Segurança russa enquanto formulação do “dilema de segurança” da Rússia, tanto em termos de interpretação como de resposta (Booth e Wheeler, 2007). Muito vocacionada para a transformação da ordem mundial, decorrente das alterações do Sistema Internacional, no âmbito do qual as potências procuram reforçar as suas posições na estrutura global, a Estratégia prevê, cada vez mais, o recurso ao instrumento militar como forma de garantir e impor os interesses nacionais, e que se refletem em diferentes domínios e espaços regionais. Explorando as relações estratégicas com a China, em termos económicos e políticos, a Rússia procura igualmente reforçar o seu estatuto de potência global, através do alargamento do espaço geográfico e das áreas de intervenção. Na interpretação que faz do designado “mundo moderno”, muito marcado pela rivalidade entre os EUA e a China, procura assumir-se como pivot geográfico dessa mesma relação. A Estratégia de Segurança Nacional constitui, por isso, um roteiro para as ambições da Rússia, avaliando os motivos, as intenções e as capacidades dos “outros” e identificando as formas “racionais” e “legítimas” de responder ao seu “dilema de segurança”. Se é possível verificar que a invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022 materializou os elementos presentes na Estratégia, os efeitos não parecem coincidir com os objetivos procurados por Moscovo.
O DILEMA DE SEGURANÇA NA NOVA ESTRATÉGIA NACIONAL DE SEGURANÇA RUSSA: ENTRE MILITARISMO E PIVOT GEOGRÁFICO
Professora Auxiliar no Departamento de Ciência Política e Diretora do Mestrado em Relações Internacionais, Universidade do Minho (Portugal). Doutorada em Ciência Política e Relações Internacionais pela Sciences Po. Prémio Jacques Delors 2005 pela investigação sobre a União Europeia e a Rússia. Colaborou com a Embaixada de Portugal na Rússia em formação a diplomatas. Foi nomeada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros para o júri de acesso à carreira diplomática; responsável pela criação e coordenação do Curso de Acesso à Carreira Diplomática, UminhoExec; e membro da Direção da Associação Portuguesa de Ciência Política (APCP). Docente convidada no âmbito de pós-graduações em diversas Universidades estrangeiras. Investigadora convidada do Centre for European Policy Studies.
Tenente-Coronel da Guarda Nacional Republicana (GNR), Professor na Área de Ensino do Estudo das Crises e Conflitos Armados do Instituto Universitário Militar (Portugal), lecionando Geopolítica, Relações Internacionais e Estudos de Segurança. Participou nas missão da GNR no Iraque, Timor-Leste e Bósnia e Herzegovina. Coordenador do Núcleo de Estudos Militares Europeus do Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar, especialista em segurança interna e fenómenos criminais. Mestre em Direito e Segurança, Licenciado e Mestre em Ciências Militares. Pós-graduado em Ciência Política e Relações Internacionais, doutorando em Relações Internacionais, especialidade de estudos políticos de área, Universidade Nova de Lisboa. Investigador do Centro de Investigação e Desenvolvimento do IUM. Autor e coautor de diversas publicações nas áreas da Geopolítica e dos Estudos de Segurança.
Resumo
Palavras-chave
Como citar este artigo
Fernandes, Sandra; Cruz, Marco (2022). O dilema de segurança na nova Estratégia Nacional de Segurança russa: entre militarismo e pivot geográfico. In Janus.net, e-journal of international relations. Vol. 13, Nº 1, Maio-Outubro 2022. Consultado [em linha] em data da última consulta, https://doi.org/10.26619/1647-7251.13.1.1
Artigo recebido em 11 Janeiro, 2022 e aceite para publicação em 1 Abril, 2022