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Acordos de defesa da Rússia com lusófonos visam proclamar influência no Atlântico – Fernando Jorge Cardoso e Luís Bernardino – Lusa

Lisboa, 17 mai 2024 (Lusa) – O investigador Fernando Jorge Cardoso defendeu hoje em Lisboa que a Rússia, nos recentes acordos que estabeleceu no domínio da defesa com países lusófonos, quer demonstrar “que consegue navegar e atracar no Atlântico”, o “mar principal” da NATO.

Professor catedrático convidado da Universidade Autónoma de Lisboa, Fernando Jorge Cardoso considera que a Rússia está a dizer de forma clara às outras potências que também é capaz de ter influência na região.

“É uma tentativa relativamente bem conseguida por parte da Rússia a dizer: ‘Nós também somos capazes de ter influência nesta região”, disse.

São Tomé assinou recentemente um acordo militar com a Rússia e o Presidente da Guiné-Bissau declarou, segunda-feira, que existe com aquele país um Acordo de Quadro Geral, que se mantém “sempre intacto” e que, de vez em quando, é revisto, apenas através de processos verbais, em todas as áreas.

O investigador intervinha na videoconferência “A segurança em África – Tempestade Perfeita”, organizada pela Universidade Autónoma de Lisboa, Global Strategic Platform e Centro de Análise e Estratégica, em que interveio também Luís Bernardino, professor da Universidade Autónoma de Lisboa e investigador do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa (CEI-IUL).

Luis Bernardino avaliou o papel da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na resolução dos problemas existentes no golfo da Guiné com a pirataria marítima, e considerou que a organização lusófona “não consegue ser ator” nesse processo.

“O golfo da Guiné transformou-se no centro de gravidade em termos do movimento e do tráfego marítimo entre continentes (…) principalmente porque há determinados abastecimentos que vêm dessa zona (…), um centro de gravidade geopolítica nestas rotas globais na área económica, nomeadamente na parte dos hidrocarbonetos”, salientou.

Luis Bernardino considera que “a CPLP não tem contribuído muito, ou quase nada para esta realidade”.

“Todos nós esperamos que efetivamente a CPLP possa fazer muito mais. Possa crescer em termos de cooperação e defesa, possa ter mais presenças marítimas também nesta região e que possa ter um papel de ator nesta região, que neste momento não tem”, afirmou.

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