POLITICS AND RITUAL INFANTICIDE: A READING OF POLITICAL INSTABILITY IN GUINEA-BISSAU FROM POLITICAL THEORY

»

claudiafavarato@edu.ulisboa.pt

She is a postdoctoral research fellow with the Humboldt Foundation, based at the University of
Bayreuth (Germany). She worked as assistant lecturer at ISCSP, of the University of Lisbon; she
obtained a Ph.D. in Political Science and a MS in African Studies from the latter University. In
addition to a MS in International Politics and Diplomacy (University of Padua), she worked as
visiting researcher at SOAS (University of London).
Her main research interests are in political theory and philosophy, with special emphasis on the
notions of humanness, political relations, and political community in African and communitarian
political thought

Resumo

A presente análise aborda o ritual do infanticídio da criança-irã como quadro explicativo da
instabilidade política recorrente na Guiné-Bissau, tendo por base os conceitos de humanidade
e comunidade política. O infanticídio é uma prática ritual ligada à crença da existência de
crianças-espírito: acredita-se que alguns bebés são espíritos (irã) envoltos em carne humana.
Assim, estes seres não são nem humanos nem espíritos. Esta conceptualização culturalmente
enraizada da humanidade desafia as noções liberais e comunitárias sobre a natureza humana,
a personalidade e o individualismo, juntamente com as suas articulações sobre a estrutura da
comunidade política.
Na análise, é considerada a forma como este entendimento colide com os fundamentos do
Estado – formalmente, uma república semi-presidencial modelada segundo o sistema demoliberal. Sublinho como o Estado carece de uma reacção organizada, coerente e continuada à
prática e à crença. A inércia do Estado escapa aos predicados liberais e às disposições legais,
que criminalizam qualquer infanticídio como interrupção ilegal de uma vida humana. No
entanto, políticos, governantes e académicos estão conscientes do fenómeno e até partilham
a crença na existência destes seres humanos “híbridos”. Assim, a análise questiona qual a
relevância e a resiliência da conceptualização endógena de humanidade e da comunidade política subjacente à resposta do Estado, e as suas articulações no reforço de uma esfera política estável.

This analysis takes on the ritual infanticide of the criança-irân as an explanatory framework for the recurrent political instability in Guinea-Bissau, using the concepts of humanness and political community. The infanticide is a ritual practice connected to the belief in the existence of spirit-children: some babies are believed to be spirits (irân) encased in human flesh. Thus, these beings are neither human nor spirits. This culturally embedded conceptualisation of humanness challenges liberal and communitarian notions on human nature, personhood, and individualism, along with their articulations on the structure of the political community. In my analysis, I consider how this understanding collide with the underpinning of the state – formally, a semi-presidential republic modelled upon the demo-liberal model. I emphasise how the state lacks an organised, coherent, and continued reaction to the practice and the belief. The state’s inertia evades the liberal predicaments and legal provisions, which criminalise any infanticide as unlawful termination of a human life. However, politicians, rulers and academics are aware of the phenomenon, and even share the belief in the existence of these “hybrid” humans. Hence, the analysis questions which the relevance and the resilience of endogenous conceptualisation of humanness and political community underpinning the state’s response, and their articulations on the strengthening of a stable political sphere.

Palavras-chave

Como citar este artigo

Favarato, Claudia (2023). Politics and ritual infanticide: a reading of political instability in GuineaBissau from political theory, Janus.net, e-journal of international relations, Vol14 N1, May-October
2023. Consulted [online] in date of last visit, https://doi.org/10.26619/1647-7251.14.1.12

Artigo recebido em 18 Novembro, 2022 e aceite para publicação em 17 Fevereiro, 2023

JANUS.NET

e-ISSN: 1647-7251

ERC: 126 867
Portugal

Periodicidade: semestral
© Da edição: OBSERVARE
© Dos textos: os autores

DIRECÇÃO EDITORIAL

Director:
Luís Tomé
Subdirectora/Editora:
Brígida Brito

Propriedade

Cooperativa de Ensino Universitário
Rua de Santa Marta 47, 3º
1150-293 LISBOA
NIPC: 501641238

INDEXAÇÕES INTERNACIONAIS

CREDITAÇÃO NACIONAL

SCOPUS
BOC
DIALNET
BOC
SCOPUS
SCOPUS
SCOPUS
SCOPUS
SCOPUS
ANVUR

INDEXAÇÕES INTERNACIONAIS

SCOPUS
BOC
SCOPUS
SCOPUS
BOC
SCOPUS
DIALNET
SCOPUS
SCOPUS

CREDITAÇÃO NACIONAL

ANVUR

TERMOS DE UTILIZAÇÃO

POLÍTICA DE PRIVACIDADE

POLÍTICA DE COOKIES

Logo da Fundação para a Ciência e Tecnologia

OBSERVARE 2020 – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

Logo da Universidade Autónoma de Lisboa
Logo da Universidade Autónoma de Lisboa
Logo da Universidade Autónoma de Lisboa