A literatura cientifica retomou o tema da estagnação secular do crescimento económico em
meados da segunda década do século XXI, muitas décadas depois do contributo original de
Alvin Hansen.
O ressurgimento deste fenómeno é acompanhado também por alterações profundas a outros
níveis: o mundo tem-se revelado mais global, a digitalização avança e, nas Relações
Internacionais, alteram-se os instrumentos de poder e o soft power junta-se à componente
militar e económica como vértices fundamentais dos mecanismos daquele poder.
Entretanto surgiu a mais violenta pandemia em muitas décadas, que provocou perdas de
vidas inimagináveis, alterações significativas de hábitos e uma profunda recessão económica
mundial. Logo a seguir a guerra invadiu a Europa, desestabilizando o Velho Continente e tendo
repercussões muito negativas nos circuitos de distribuição e na economia mundiais.
A pandemia e a guerra reforçam uma expetativa muito negativa sobre a evolução da economia
mundial, num cenário dual em que nem todos reagem da mesma forma.
A nossa análise incide preferencialmente nos Estados Unidos e na China, atualmente as duas
grandes potências económicas. Aliás, muito provavelmente esta última se tornará a curto
prazo a maior economia mundial, embora os EUA, cientes da perda relativa da sua
supremacia, continuem a resistir nas diferentes vertentes em que essa posição cimeira pode
ser jogada.
O que se pretendeu neste artigo foi justamente avaliar até que ponto todas estas alterações
nos paradigmas da geoeconomia, com a ascensão da China ao topo da pirâmide mundial,
acompanhada por um fenómeno dual, isto é, uma aparente estagnação muito longa do
crescimento económico mundial nas economias avançadas e a manutenção de crescimento
económico sólido nos mercados emergentes, pode vir a alterar os equilíbrios do poder
mundial.
E esta eventual alteração, parece-nos, passará provavelmente por um reforço da posição da
China e pela perda da potência ainda dominante, os EUA.
ECONOMIA E EQUILÍBRIOS DO PODER MUNDIAL NO PÓS-PANDEMIA/GUERRA
Licenciado em Economia pela Universidade Técnica de Lisboa / Instituto Superior de Economia e
Gestão (ISEG). Mestre em Economia Internacional pelo ISEG. Doutor em Relações
Internacionais: Geopolítica e Geoeconomia pela Universidade Autónoma de Lisboa.
Quadro do Banco de Portugal (Portugal), onde desempenha funções de Coordenador da Área de
Inovação e Suporte do Departamento de Mercados. Fui Consultor dos Correios de Portugal (CTT),
Presidente da Comissão Executiva e Administrador da Invesfer S.A., uma empresa do Grupo
REFER, e ainda Administrador e Diretor Executivo da CP Carga.
Professor na Universidade Autónoma de Lisboa (nos Departamentos de Ciências Económicas e
Empresariais e Relações Internacionais) e no MBA em Corporate Finance da Universidade do
Algarve. É ainda membro do Obsservatório de Relações Exteriores, OBSERVARE da UAL, onde se
tem envolvido em diversos projetos de investigação, assim como participa regularmente nas
edições do Janus – Anuário de Relçações Exteriores.
Resumo
Palavras-chave
Como citar este artigo
Morais, Henrique (2022). Economia e equlíbrios do poder mundial no pós-pandemia/guerra.
Janus.net, e-journal of international relations, Vol13 N2, Novembro 2022-Abril 2023. Consultado
[em linha] em data da última consulta, https://doi.org/10.26619/1647-7251.13.2.11
Artigo recebido em 23 Agosto, 2022 e aceite para publicação em 15 Setembro, 2022