este indicador atribui a fatores de natureza económica e demográfica (para além
naturalmente da componente militar) e noutros, pelo contrário, é notória a manutenção
da primazia norte-americana, caso do Global Firepower que avalia a força militar
convencional aérea, marítima e terrestre (excluindo a capacidade nuclear). Outros, caso
exemplar do indicador de militarização global, mostram situarem-se estas duas nações
em posições muito modestas a nível global, o que no fundo significa que o peso da
vertente militar nas suas sociedades e economias é bastante mais equilibrado do que em
boa parte do resto do mundo. (Morais, 2021: 224).
Aliás, quando se observam os indicadores sobre digitalização das economias,
desenvolvimento da internet, componente de e-government e CiberSegurança, entre
outros, a supremacia dos EUA continua a ser evidente e a China está ainda muito longe
de sequer se aproximar.
E o que nos dizem os indicadores de soft power?
É muito vasto o conjunto de indicadores, que são usualmente utilizados pela literatura
para avaliar o soft power de um país e, a partir daí, proceder a comparações
internacionais. Nas dimensões é muito frequente encontrarmos a governação, com
indicadores que permitem medir a eficácia dos governos, a prossecução das liberdades
individuais e dos direitos humanos ou ainda o grau de violência instalado na sociedade.
Também a cultura e a educação são presenças quase obrigatórias nas dimensões do soft
power, a primeira avaliada por indicadores tão distintos quanto as visitas de turistas, o
sucesso das artes e do desporto do país ou ainda a respetiva herança histórica, enquanto
na educação avultam a produção académica e qualidade das universidades, a capacidade
do país em atrair alunos estrangeiros ou os investigadores e os prémios que conseguem
obter a nível internacional. Encontramos ainda outras dimensões como a diplomacia e a
capacidade de influência internacional do país, a sua atratividade para os negócios
internacionais, o patamar de digitalização em que se situa e a sua reputação (Morais,
2021: 225).
Face à profusão de indicadores existente optamos neste artigo por nos centrar nos
indicadores compósitos que identificam e analisam as dimensões em que se traduz a
capacidade de influência e de poder dos Estados, evidentemente através de uma
definição de pesos que traduz a importância que os autores atribuem a cada uma das
componentes, por via dos instrumentos do soft power.
É o caso do Soft Power 30, que engloba um conjunto de indicadores objetivos, em
dimensões como a governação, a digitalização, a cultura, a empresa, o compromisso e a
educação, bem como indicadores obtidos em inquéritos de opinião, mais subjetivos, em
temas tão diversos como a gastronomia local, os produtos tecnológicos, a simpatia do
povo, a cultura, os bens de luxo, a política externa e a atratividade do país para viver,
trabalhar ou estudar (Morais, 2021: 225).
Análise semelhante nos é proporcionada pelo Global Soft Power Index, alicerçado nas
dimensões da familiaridade, influência e reputação, em pilares que vão desde os negócios
e o comércio, à cultura, passando pela governança e pela educação e ciência, bem como,
entre outros, o inquérito do Pew Research Center, nomeadamente na avaliação efetuada
por um vastíssimo conjunto de cidadãos de largas dezenas de países sobre o poder
económico dos Estados e a sua opinião, mais ou menos favorável, desses Estados
(Morais, 2021: 228).