Em 2001, o surgimento do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) na Turquia fez prever a emergência de uma via moderada entre a ala kemalista e a ala islâmica. Após um primeiro mandato centrado na diplomacia com o exterior, Erdogan e o partido viram as suas políticas ganhar internamente um amplo apoio social, reforçando a sua posição em áreas de confronto ideológico e religioso com a oposição secular. Erdogan, entretanto eleito Presidente da República em 2014, tem conduzido a Turquia por uma rota cada vez mais conservadora do ponto de vista dos valores sociais, e menos democrática do ponto de vista da linguagem política do Estado. Se Erdogan revela uma conceção de Estado que se afasta dos valores democráticos e do ideal da Turquia laica de Ataturk, ao mesmo tempo que se centra numa leitura islâmica-conservadora da sociedade e numa conceção autoritária do poder político, o que explica e estimula esta estratégia? Este artigo alicerça-se na premissa de que perceber a ‘Nova Turquia’ implica atendermos ao estilo de liderança de Erdogan, mesmo que este não esgote todas as variáveis explicativas. A partir desta premissa, é nosso objetivo identificar e explicar os fatores internos (associados desde logo à estrutura dualista entre o centro e a periferia da Turquia) que, a par das variáveis individuais de Erdogan (como a solidariedade islâmica e as tendências autoritárias), o colocaram no centro da tomada de decisões na Turquia.
COMPREENDER A LIDERANÇA DE ERDOGAN NA EQUAÇÃO POLÍTICA DA ‘NOVA TURQUIA’
Técnica Superior de Ensino. Doutoranda em Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade do Minho (Portugal), Mestre em Ciência Política (Universidade do Minho), com a dissertação “Do Kemalismo ao Neo-otomanismo: o desenvolvimento político e a «Nova Turquia» de Recep Tayyip Erdogan (2003-2014)». Licenciada em Ciências da Comunicação com especialização na área de Jornalismo e Assessoria (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro). Certificado de Competências Pedagógicas, foi Consultora estagiária no Departamento de Comunicação da Câmara Municipal de Barcelos e foi aluna do programa Erasmus em Istambul, na Turquia, na Universidade de Bahcesehir. Trabalha o sistema político turco e a influência de Recep Tayyip Erdogan no país. Participou no III Congresso Internacional OBSERVARE.
Professora de Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade do Minho (Portugal). Doutora em Sociologia (Universidade de Warwick, Reino Unido), Mestre em Sociologia (Universidade de Coimbra) e licenciada em Relações Internacionais (Universidade do Minho). Diretora do Programa de Doutoramento em Ciência Política e Relações Internacionais e do Programa de Licenciatura em Ciência Política da Universidade do Minho. Membro do Centro de Investigação em Ciência Política, FCT R&D Unit. Trabalha na interseção da política com a sociologia, sobre inclusão política, formas de participação e estruturas de oportunidade política dos imigrantes e cidadãos de origem migrante. Tem publicado sobre cidadania e inclusão política de imigrantes, como autora e editora de livros, em capítulos, documentos de trabalho, relatórios científicos e artigos científicos. As suas publicações incluem artigos em revistas como o Journal of Ethnic and Racial Studies, Brazilian Journal of International Relations; Diversities; Sociologia, Problemas e Práticas, Portuguese Journal of Social Science e European Journal of Social Theory.
Resumo
Palavras-chave
Como citar este artigo
Fernandes, Raquel Santos; Carvalhais, Isabel Estrada (2018). “Compreender a liderança de Erdogan na equação política da ‘Nova Turquia’”. JANUS.NET e-journal of International Relations, Vol. 9, Nº. 1, Maio-Outubro 2018. Consultado [online] data da última consulta, DOI: https://doi.org/10.26619/1647-7251.9.1.6
Artigo recebido em 30 Outubro, 2017 e aceite para publicação em 5 Janeiro, 2018