Existem forças que actuando à escala do tempo longo e mantendo-se quase inalteradas, imprimem traços nas sociedades e nas nações que as tornam mais ou menos propensas a determinados comportamentos. Entre elas, está a geografia física que constitui como que o palco da História e tem nela profunda influência. Os europeus de hoje enfrentam desafios que resultam das suas próprias percepções e dos seus diferentes hábitos culturais, forjados por séculos ou mesmo milénios de conflitos motivados pela religião, pelas visões tribais ou pelas barreiras linguísticas, reforçados pelo relevo compartimentado, pela existência ou não de grandes vias fluviais, ou pela benignidade ou pelo rigor do clima.
De facto, a união dos europeus que foi frequentemente tentada por via da força, encontrou um novo alento com o fim da 2ª Guerra Mundial, numa construção pacífica sem paralelo histórico. Mas, à medida que essa união se alargou e aprofundou, foi-se degradando o cimento agregador que parece resistir mal aos ventos das crises. Reforçar aquilo que nos une, apenas será possível se tomarmos consciência do que nos separa.
Portugal, país quase milenar e que desde cedo se autojustificou fora do espaço europeu, enfrenta mais uma crise de sobrevivência. Compreender as possíveis saídas para além da “espuma dos dias” e do politicamente correcto, é hoje um exercício de cidadania.
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Major-General do Exército reformado. Doutor em Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa (UNL). Presidente da Comissão de Relações Internacionais da Sociedade de Geografia de Lisboa.
Resumo
Existem forças que actuando à escala do tempo longo e mantendo-se quase inalteradas, imprimem traços nas sociedades e nas nações que as tornam mais ou menos propensas a determinados comportamentos. Entre elas, está a geografia física que constitui como que o palco da História e tem nela profunda influência. Os europeus de hoje enfrentam desafios que resultam das suas próprias percepções e dos seus diferentes hábitos culturais, forjados por séculos ou mesmo milénios de conflitos motivados pela religião, pelas visões tribais ou pelas barreiras linguísticas, reforçados pelo relevo compartimentado, pela existência ou não de grandes vias fluviais, ou pela benignidade ou pelo rigor do clima.
De facto, a união dos europeus que foi frequentemente tentada por via da força, encontrou um novo alento com o fim da 2ª Guerra Mundial, numa construção pacífica sem paralelo histórico. Mas, à medida que essa união se alargou e aprofundou, foi-se degradando o cimento agregador que parece resistir mal aos ventos das crises. Reforçar aquilo que nos une, apenas será possível se tomarmos consciência do que nos separa.
Portugal, país quase milenar e que desde cedo se autojustificou fora do espaço europeu, enfrenta mais uma crise de sobrevivência. Compreender as possíveis saídas para além da “espuma dos dias” e do politicamente correcto, é hoje um exercício de cidadania.
Palavras-chave
Como citar este artigo
Nogueira, José Manuel Freire (2011). “Europa – A Geopolítica da desunião” JANUS.NET e-journal of International Relations, Vol. 2, N.º 2, Outono 2011. Consultado [online] em data da última consulta, http://hdl.handle.net/11144/512
Artigo recebido em 1 Maio, 2011 e aceite para publicação em 1 Outubro, 2011