Eu conheci o Professor Luís Moita nessa qualidade, a de professor. Foi em Outubro de 1988, no início do 2º ano da minha licenciatura em Sociologia. Ele era Professor e eu sua aluna, e assim foi ao longa da vida. A imagem que retive dele no primeiro dia em que entrou na sala para conhecer uma turma de futuros sociólogos em início de formação manteve-se por muito tempo. Um professor muito alto e magro balançando ao ritmo do andar uma mala castanha em pele, que marcou a sua imagem por longos anos. Mas mais do que isso, espelhava no rosto um enorme sorriso e cumprimentou a turma com grande cordialidade e uma atitude informal e leve que nos cativou de imediato. Esta imagem humana, humanizada e humanista era genuína e traduzia bem o que ele via nos seres humanos, a sua melhor parte.
Ao longo de mais de 30 anos de convivência e trabalho, esta primeira imagem foi reforçada por outras. De aluna passei a sua assistente e hoje percebo o quanto o Professor me influenciou nas opções, sempre sem impor uma vontade, mas antes levando-me a pensar e a tomar decisões conscientes. Um dos traços que mais me impressionava no Professor era a sua capacidade de ouvir os outros procurando compreender os motivos de cada um, conciliando vontades e negociando sempre que era necessário. Talvez também por isso, procurava ver o melhor de cada um e relativizar os aspetos menos bons. Era amigo do seu amigo e cordial com todos, tendo o grande mérito de se aproximar das pessoas. O Professor Luís Moita era um homem de proximidade, de afetos e de entendimentos.
Era um exímio contador de histórias na primeira pessoa, relatando algumas das suas experiências e vivências às quais recorria com frequência para exemplificar o que explicava. Tornava conteúdos densos e difíceis de compreender à primeira leitura em temáticas apetecíveis e interessantes e fazia do ensino um modo de vida porque também ele procurava aprender muito e sempre, até em áreas que aparentemente estavam distantes do seu foco, mas que acabava por integrar e relacionar.
Em tudo o que o Professor fazia deixava o seu cunho e este era o de um verdadeiro humanista, um Homem deslumbrado com a vida, que gostava de viver, e que entendia que o Ser Humano era o cerne de um mundo complexo. Por tanto, e tanto, ele continua a inspirar todos os que com ele tiveram o privilégio de aprender, trabalhar ou conviver.
Brígida Brito