Na passada quinta-feira, 29 de fevereiro, o Teatro Thalia acolheu a sessão de apresentação do plano de atividades do escritório da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) em Portugal. Reunimos representantes do corpo diplomático ibero-americano residente no país e de parceiros estratégicos como do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa ou do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.
Ana Paula Laborinho, diretora do escritório, foi a anfitriã do evento onde começou por destacar a atividade triangular da OEI Portugal, que combina a Península Ibérica, América Latina e África, descrevendo-o como “um dos eixos fundamentais da nossa ação”. A diretora apresentou e destacou os parceiros, agradecendo os contributos para a atividade do escritório.
Foi apresentado um balanço dos resultados obtidos a nível ibero-americano em 2023, destacando os mais de 21 milhões de beneficiários de cerca de 650 projetos e as linhas estratégicas definidas a partir da Secretaria-Geral. Com a aproximação das celebrações dos 75 anos da organização, a diretora aproveitou para sublinhar a importância que este ano assume e a dimensão do impacto na região. Na apresentação, foram destacados vários projetos de outros escritórios das áreas da Educação, Formação Profissional, Cultura, Educação Artística, Ensino Superior e Ciência, Turismo e Direitos Humanos.
Os presentes tiveram oportunidade de conhecer também a agenda de iniciativas da OEI Portugal para 2024 e os principais marcos públicos dos projetos em curso. São vários os eventos que serão organizados ou co-organizados, nomeadamente, o Encontro da Rede Ibero-americana de Administrações Públicas para a Primeira Infância a realizar-se no fim de junho, o Seminário sobre Governação e Liderança Educativa Galiza-Portugal, em setembro, o Encontro da Rede Ibero-americana de Agências Espaciais, em maio. Outros projetos regressarão para novas edições, como é o caso da Noite da Literatura Ibero-americana, da Cátedra de Estudos Ibero-americanos e o Atelier Poético. Foi também referido o arranque de um projeto de identificação/criação de uma rota/itinerário cultural em torno de património imaterial partilhado entre a América do Sul e África, em parceria com o Camões, I.P, (Cooperação Portuguesa).
“QUANDO AS COISAS NÃO SÃO FÁCEIS APELAM À COOPERAÇÃO”
A seguir à apresentação do plano de atividades da OEI, alguns parceiros foram convidados a apresentar projetos que têm em parceria com o escritório. Neste sentido, António Branco, investigador da Universidade de Lisboa na área da Inteligência Artificial (IA) e que tem colaborado com a OEI no setor das Línguas e IA, apresentou um panorama sobre os desafios da temática e os investimentos em curso, nomeadamente pelas grandes tecnológicas, afirmando que este é um assunto que levanta preocupações e problemas que atravessam várias áreas aumentando a sua complexidade, concluindo que “quando as coisas não são fáceis apelam à cooperação”. É uma área em que a Academia das Ciências, também presente, reconheceu potencial de colaboração.
A necessidade da cooperação foi salientada pelos vários parceiros, por exemplo, na questão da sustentabilidade do outter space que a corrida espacial tem posto em causa, de acordo com Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa. Nesse sentido o encontro das Agências Espaciais Ibero-americanas, que se realiza em coordenação com a conferência sobre Gestão e Sustentabilidade das Atividades Espaciais coorganizado com a Organização das Nações Unidas (neste caso a UNOOSA, sigla inglesa de Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Espaciais), como preparação da Cimeira do Futuro: Soluções Multilaterais para um Futuro Melhor será da maior relevância.
No caso das residências artísticas em escolas que juntam o Plano Nacional das Artes, representado no pequeno-almoço pelo comissário Paulo Pires do Vale, e a OEI numa iniciativa para promover a intersecção entre educação e artes, o Comissário salientou o trabalho em curso e os seus interessantes impactos. Também numa área de trabalho com os mais jovens, a promoção de lideranças juvenis, que tem levado a filosofia Ubuntu à América Latina numa parceria entre o Instituto Padre António Vieira e a OEI Portugal, foi apresentada por Rui Nunes da Silva da Academia de Líderes Ubuntu, uma das fundadoras da Rede Ibero-Americana de Educação em Direitos Humanos.
Nancy Gomes, docente da Universidade Autónoma de Lisboa e coordenadora da Cátedra de Estudos Ibero-americanos apresentou as atividades previstas para 2024, no sentido de profundar o conhecimento da região em Portugal e referiu o próximo lançamento de uma publicação que incluirá 17 estudos produzidos no quadro da Cátedra.
Luís Macieira de Barros, representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), afirmou que, o MNE reconhece os contributos prestados pela organização, principalmente, no seio da comunidade bilingue (português e espanhol) e o seu papel num contexto triangular. Ana Rita de Castro, em representação do Camões, I.P., sublinhou as questões da cidadania e da cooperação triangular nas quais as entidades têm vindo a trabalhar conjuntamente, saudando a continuidade dessa parceria. João Ima-Panzo, diretor de Ação Cultural e Língua Portuguesa da CPLP, referiu que a OEI é uma parceria estratégica para a CPLP no que toca à implementação de projetos para a promoção e difusão do português, salientando o trabalho que já está a ser desenvolvido para a 4ª edição da Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola que se realiza em 205, em Cabo Verde. A representantes da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, organismo nacional responsável pela execução das políticas públicas no domínio da cidadania e da promoção e defesa da igualdade de género esteve pela primeira vez presente e destacou a coincidência de objetivos que perspetivam colaborações futuras.
O Instituto para a Promoção da América Latina, representado por Gastón Ocampo, Secretário-Geral, realçou a parceria estratégica e muito estreita com a OEI e o plano de colaboração para 2024.
O corpo diplomático ibero-americano em Lisboa teve ainda oportunidade de apresentar áreas e temas que consideram relevantes para o trabalho conjunto, o que valoriza o trabalho em rede e o impacto da ação do Escritório.