OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
Vol. 12, Nº. 1 (Maio-Outubro 2021)
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TERRORISMO TRANSNACIONAL: UMA AMEAÇA À SEGURANÇA GLOBAL
LUCIE CALLÉJA
lucie.calleja@hotmail.fr
Investigadora doutorada no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa,
Lisboa (Portugal). É Coordenadora Executiva de Relações Internacionais na Católica Global
School of Law de Lisboa. Foi consultora do Conselho de Administração no Institute for the
Promotion of Latin America and the Caribbean (IPDAL) e voluntária global para uma Educação de
Qualidade com AIESEC Salvador
Resumo
O início do século XXI é caracterizado pela emergência de uma nova paisagem política
significativamente influenciada pela globalização. A crescente interconectividade que resulta
deste fenómeno implica a necessidade de redefinir os conceitos de política internacional,
estratégias, ameaças e segurança. Paralelamente, as novas tecnologias permitiram que as
ameaças transnacionais se desenvolvessem e surgissem como uma preocupação primordial
para as grandes potências e a governação global. Com base na análise de trabalhos anteriores
e estudos relevantes no terreno (Brown, 2017; Bannelier-Christakis, 2016; Jones, Pascual, &
Stedman, 2009; Garcia, 2006), este artigo explora a emergência do terrorismo transnacional
e a expansão do extremismo religioso como grandes ameaças para os estados e indivíduos
de hoje em dia. Ao procurar responder à questão de como abordar o terrorismo e o
extremismo violento, este artigo analisa diversas posições, medidas e consequências que
tiveram origem num contexto de insegurança global. A crescente interdependência entre
seguraa interna e externa tem chamado os Estados a desenvolver novas estratégias para
manter a estabilidade e a ordem. O artigo sublinha a necessidade de construir parcerias e
reforçar a colaboração a todos os níveis para enfrentar os desafios colocados pelo terrorismo
transnacional. Neste contexto de crescente insegurança, as nações são instadas a cooperar
com diferentes atores para proteger a sua soberania e reforçar a segurança humana. Será o
panorama político contemporâneo caracterizado pela insegurança e desordem?
Palavras-chave
Globalização, Segurança, Ameaças, Terrorismo Transnacional, Extremismo
Como citar este artigo
Calléja, Lucie (2021). Terrorismo transnacional: uma ameaça à segurança global. Janus.net,
e-journal of international relations. Vol12, Nº. 1, Maio-Outubro 2021. Consultado [online] em
data da última consulta, https://doi.org/10.26619/1647-7251.12.1.1
Artigo recebido em 23 Janeiro 2020 e aceite para publicação em 28 Setembro 2020
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Terrorismo transnacional: uma ameaça à segurança global
Lucie Calléja
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TERRORISMO TRANSNACIONAL:
UMA AMEAÇA À SEGURANÇA GLOBAL
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LUCIE CALLÉJA
Introdução
O mundo unipolar que emergiu com o desaparecimento do bloco soviético e a afirmação
dos Estados Unidos como uma superpotência tem sido cada vez mais questionado após
os trágicos acontecimentos do 11 de Setembro. O fenómeno da globalização favoreceu
a emergência do conceito de "multipolaridade", moldando o equilíbrio de poder entre os
diferentes polos representados pelos Estados. A globalização esbateu as tendências e
expectativas para o futuro da política internacional e da nova ordem global (Kaiser &
Rochefort, 2007). Embora o declínio da unipolaridade americana, a ascensão da China e
da Índia como grandes potências, os conflitos persistentes no Médio Oriente e em África
sejam factos observáveis, continua a ser difícil aprovar uma perspetiva única sobre a
evolução das relações internacionais (de Senarclens, 2006). Neste contexto, emerge uma
multiplicidade de interpretões e conclusões potenciais. Como afirma Raymond Aron,
"os conceitos e processos de investigação nas relações internacionais o oferecem a
certeza de antecipar o futuro" (Ibid: 25). No máximo, constituem interpretações que
aliviam fenómenos e dinâmicas incertas suscetíveis de afetar as relações entre poderes.
"Grandes potências" referem-se frequentemente a um grupo de Estados que possuem os
recursos e capacidades para projetar a sua influência à escala global (Kaiser & Rochefort,
2007). Estes Estados são geralmente caracterizados pelos membros permanentes das
Nações Unidas (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos da América), da
União Europeia e potências regionais emergentes como o Brasil, a África do Sul e a Índia,
desempenhando esta última um papel cada vez mais importante na esfera global (Ibid,
2007: 619). Este quadro interligado favoreceu a afirmação de um mundo multipolar em
que os principais atores têm participado no sistema económico internacional (Zaluar &
Zeckhauser, 2002). O poder da Rússia está a voltar a aumentar principalmente devido
aos seus recursos energéticos; O Japão é a economia do terceiro mundo e exerce uma
diplomacia ativa a nível mundial; a Índia surge como uma economia em crescimento e
uma potência nuclear; o Brasil e a África do Sul surgem como potências regionais que
começam a desenvolver a sua influência à escala global; a China surge como uma
superpotência comercial e financeira; a União Europeia é um ator importante no comércio
mundial e constitui o maior fornecedor mundial de ajuda; finalmente, os Estados Unidos
continuam a ser uma potência e influência significativa, com um orçamento de defesa
igual ao do resto do mundo (Kaiser & Rochefort, 2007: 627).
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Artigo traduzido por Cláudia Tavares.
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Neste cenário globalizado, a emergência de novas tecnologias aumentou as interações
entre os atores. As interdependências e interconees entre Estados constituem
condições necessárias para a modernidade, o crescimento económico e o
desenvolvimento (Kaiser & Rochefort, 2007). No entanto, parece fundamental notar que
estas condições também abrem novos desafios e constrangimentos aos Estados. De
facto, a natureza das principais ameaças para a segurança internacional tomou um rumo
crucial. As "clássicas" guerras interestatais de natureza ideológica ou territorial foram
substituídas por conflitos intraestatais, guerras civis ou étnicas, e ameaças
transnacionais comuns como o terrorismo (Ibid, 2007). A abertura e grande volatilidade
resultantes da globalização permitiram o desenvolvimento destas novas formas de
violência. Os crescentes fluxos de mercadorias, informação e seres humanos, afetaram
significativamente a noção de fronteira (Ibid, 2007), tornando-se zonas flexíveis e fluidas
de contactos e trocas constantes. Consequentemente, o início do nosso século é
caracterizado por essas ameaças - terrorismo, crime organizado, proliferação de armas
nucleares, aquecimento global, instabilidades económicas e doenças - que ultrapassam
as fronteiras físicas. Neste contexto, a segurança dos Estados tomou um novo sentido e
a sua integração na comunidade internacional tornou-se essencial para proteger os seus
interesses (Garcia, 2006). De facto, estas múltiplas ameaças provaram ir além do
controlo dos Estados individuais e a sua característica transnacional criou uma
interdependência inextricável entre a segurança nacional e internacional (Jones, Pascual
& Stedman, 2009). Os métodos clássicos de dissuasão e desvio sistematicamente
utilizados no passado continuam a ser insuficientes para proteger contra as novas
ameaças transnacionais contemponeas. De facto, constituídas principalmente por
agentes o estatais, as ameaças transnacionais são móveis, o estabelecidas num
território específico, e muitas vezes imprevisíveis (Kaiser & Rochefort, 2007). A utilização
de redes internacionais para divulgar as suas ideias e alcançar um grande número de
pessoas aumenta a vulnerabilidade dos Estados e, consequentemente, "o maior teste à
liderança global será a construção de parcerias e instituições de cooperação que possam
enfrentar o desafio" da insegurança internacional e das ameaças transnacionais (Jones,
Pascual & Stedman, 2009: 19).
Portanto, este ensaio centra-se no terrorismo transnacional no contexto do islamismo
radical, nas suas consequências à escala global, e nos métodos utilizados pelos Estados
para proteger a sua soberania num contexto de insegurança global. Embora o conceito
de "islamismo radical" continue ambíguo e não traga uma perceção clara do fenómeno,
é entendido neste ensaio como uma forma específica de islamismo, mais política, que se
opõe à ideia de modernização, crítica do Ocidente, e que envolve frequentemente
violência (Mozaffari, 2007: 18). Neste contexto, esta investigação visa responder à
seguinte questão de investigação: Como é que os Estados enfrentam o clima de
insegurança global que resulta do terrorismo transnacional? Outras questões de
investigação relevantes incluem: Como é que o terrorismo transnacional afeta o
panorama das relações internacionais? Como é que as grandes potências lidam com o
islamismo radical e as consequências que este provoca? O novo sistema internacional é
caracterizado por uma desordem global dominada por organizações terroristas
transnacionais?
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O Terrorismo Transnacional num Contexto Globalizado
O contexto da globalização e do progresso tecnológico tem permitido às redes criminosas
e terroristas aumentar e expandir a sua influência em todo o mundo. O antigo Secretário-
Geral da ONU Kofi Annan fala da ascensão de uma "sociedade incivil", que "pode escapar
ao controlo da sociedade das nões, e que constitui uma ameaça transnacional à
governação mundial” (Zaluar & Zeckhauser, 2002: 25). De facto, estes grupos o
principalmente atores não estatais que mobilizam as capacidades e os recursos para
desafiar a segurança e a estabilidade mundiais.
O conceito de terrorismo pode ser associado a uma categoria específica de discurso
político, utilizando a violência para atingir fins políticos e provocando um clima de
insegurança e terror (Garcia, 2006: 347). Além disso, através de ações diretas e
espetaculares, as organizações terroristas visam gerar traumas sociais e psicológicos,
bem como ressoncia pública (Ibid, 2006: 349). Na sequência da definição de
terrorismo da OTAN, entendemos o conceito como:
“o uso ilegal ou o uso ameaçado da força ou da violência, instigando o medo
e o terror, contra indivíduos ou bens, numa tentativa de coagir ou intimidar
governos ou sociedades, ou de ganhar controlo sobre uma população, para
atingir objetivos políticos, religiosos ou ideológicos" (NATO, 2016).
Os avanços tecnológicos e a interconectividade que caracterizam o nosso século
favoreceram a proliferação de redes criminosas e terroristas à escala global,
ultrapassando as fronteiras nacionais com as suas ideias e operações. Criando ligações
com outros atores não estatais e redes organizadas de natureza cultural e ideológica, as
organizações terroristas transnacionais desenvolveram novas estratégias e capacidades,
tornando-se uma ameaça significativa do século XXI. Neste contexto, parece importante
analisar várias características das estratégias dos grupos terroristas, a fim de melhor
compreender a sua projeção e impacto globais.
A tecnologia global é um elemento importante através do qual as redes terroristas
transnacionais recrutam apoiantes e membros em todas as regiões do mundo. Estes
grupos descentralizam e desenvolvem filiações terroristas locais, permitindo-lhes
assumir a responsabilidade por operações que acontecem em qualquer parte do mundo
(Brown, 2017:153). De facto, a grande mediatização dos ataques terroristas permite-
lhes difundir a sua mensagem e chegar a um bilião de pessoas em todo o mundo. Por
exemplo, o Estado Islâmico do Iraque e o Levant (ISIL ou ISIS) utilizam uma grande
variedade de tecnologias (meios de comunicação social, vídeos, canais de rádio e
televisão, etc.) para reclamar a responsabilidade durante ou após atos terroristas. Após
os atentados bombistas de 2019 no Sri Lanka, causando cerca de 350 mortes, os
atacantes afixaram um vídeo em que prometiam fidelidade ao líder do ISIS e declaravam
a sua responsabilidade pelo ataque (New York Times, 2019). Além disso, ao mesmo
tempo que mobiliza os meios de comunicação social, a característica teatral dos ataques
terroristas divulga as operações dos grupos islamistas e pode contribuir para a sua
propaganda em todo o mundo (Brown, 2017: 158). A estratégia de descentralização e a
presença de pequenos grupos dispersos baseia-se na promoção de uma ideologia em que
diferentes pessoas se identificam e que permite a sua existência à escala global (Ibid,
2017). As fontes de adesão a estes grupos estão frequentemente relacionadas com a
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raiva associada a questões sociais e culturais específicas, injustiças, e a fraqueza das
instituições democráticas (Garcia, 2006: 351). A ideia de uma coação ocidental global
contra a religião islâmica e a comunidade muçulmana difundida por grupos como a al-
Qaeda, o Estado islâmico ou Boko Haram, expandiu-se e motivou numerosos ataques
terroristas em todo o mundo.
Mais do que para fins de recrutamento, as redes terroristas utilizam tecnologias para
organização interna, coordenação de ações, comunicação e financiamento. Através de
ferramentas de chat, aplicações encriptadas, websites de adultos, comunicam os seus
planos de ação, alvos, fotografias e instruções para realizar operações (Mates, 2001). A
este respeito, diz-se que o Estado islâmico é o "mais bem capitalizado na nova paisagem
tecnológica através de ataques remotamente inspiradores e dirigidos", como ilustrado
pelo ataque do Curtis Culwell Center no Texas, EUA, em 2015, no qual o Twitter foi
utilizado durante a operação para dirigir os atacantes (Harrison, 2019: 28).
Outro aspeto central das estratégias dos grupos terroristas é o local escolhido para a
realização de ataques. O objetivo é gerar terror e difundir uma mensagem específica. O
ataque de Nice em 2016 (França) na celebração do Dia da Bastilha, o bombardeamento
da Arena de Manchester (Reino Unido) em 2017 após o concerto de Ariana Grande, ou o
ataque de 2017 em La Rambla, em Barcelona, por uma carrinha que matou rios peões,
demonstraram a importância de atacar locais com muita gente para maximizar o número
de potenciais testemunhas. O caráter simbólico dos locais escolhidos também parece ser
importante nas estratégias dos grupos terroristas. De facto, locais religiosos como
sinagogas, igrejas ou mesquitas são frequentemente alvo de tiroteios e atentados
suicidas. Paralelamente, ataques em cidades como Paris ou Bruxelas, representando
locais globalizados e turísticos, aumentam o sentimento de terror entre pessoas de todo
o mundo (Brown, 2017).
Além disso, embora alguns grupos jihadistas atuem localmente, as consequências podem
ser refletidas em maior escala (Ibid, 2017). Na Nigéria, Boko Haram ataca aldeias,
escolas e indivíduos que não respeitam a lei da Sharia e o princípio do Salafismo. Através
de raptos ou ataques bombistas suicidas, o grupo islamista é responsável pela deslocação
interna de cerca de 2,5 milhões de pessoas e pela migração de quase 250.000 refugiados
nigerianos para os países vizinhos da região do Lago Chade (UNHCR, 2019). Estes grupos
lutam contra questões locais e indivíduos em regiões específicas, mas as consequências
das insurreições ultrapassam as fronteiras e envolvem uma vasta gama de atores
transnacionais e globais. Além disso, como grande produtor de petróleo e economia em
rápido crescimento, a Nigéria constitui um ator estratégico nas relações internacionais.
O United States Africa Command (USAFRICOM), estabelecido em 2007, empenhou-se na
Nigéria e na região do Sahel para treinar tropas militares e lutar contra Boko Haram com
a presença de cerca de 1.000 militares em 2018 (Africa Faith & Justice Network, 2018).
Em 2014, a França lançou a "Operação Barkhane" e enviou 4.000 tropas para a região
do Sahel para fornecer ajuda material e de inteligência contra o terrorismo. Esta iniciativa
pretende permitir aos países da região combater as ameaças terroristas de forma
independente e reforçar a sua segurança (Missão Permanente da França junto da ONU
em Nova Iorque, 2019). A China também se empenhou na cooperação de segurança
com a Niria, através da Parceria de Cooperação China-África para a Paz e a Segurança,
que visa prestar assistência técnica em operações de segurança em todo o continente
africano. De facto, como a Niria representa um mercado importante para a China e
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constitui o seu terceiro grande destino de investimento africano, é muito provável que a
China aumente o seu envolvimento militar no território para proteger os seus interesses
(Toogood, 2016). O contexto na Nigéria e a presença das grandes potências na região
do Sahel para ajudar na luta contra grupos terroristas transnacionais demonstram a
importância de tais ameaças à escala global. Este caso também caracteriza uma situação
em que os interesses económicos e políticos divergentes de várias grandes potências se
encontram numa via comum para combater o extremismo violento.
Um ponto adicional importante é que as redes terroristas transnacionais estão
frequentemente ligadas a outras ameaças transnacionais, tais como as organizações
criminosas organizadas, especialmente para o tráfico de armas, dinheiro e drogas
(Brown, 2017). Na África Ocidental e na região do Sahel, a Al-Qaeda está profundamente
envolvida em atividades criminosas como o tráfico de droga e o branqueamento de
dinheiro. O envolvimento em atividades com redes criminosas permite ao grupo
assegurar receitas financeiras para expandir a sua influência e adquirir armas
(Rousselier, 2011). Além disso, Estados instáveis ou falhados podem favorecer a
emergência de grupos terroristas ou estar diretamente ligados ao treino e planeamento
de operações, aumentando a insegurança entre cidadãos e nões vizinhas. De facto,
devido à debilidade das instituições e à incapacidade dos Estados de exercer o poder
internamente, os grupos terroristas podem encontrar oportunidades para se organizarem
e desenvolverem em territórios onde o controlo do Estado é inexistente ou nulo (Piazza,
2008). Segundo a Agência Central de Informações (CIA), a Al-Qaeda, a União Islâmica
Jihad e o Estado Islâmico do Iraque e ash-Sham-Khorasan, são exemplos de grupos
terroristas baseados na região norte do Afeganistão, o que constitui "um porto seguro"
para projetar a sua liderança (https://www.cia.gov, 2019). Na mesma linha, a situação
caótica que devastou a Síria a partir de 2011 permitiu ao Estado islâmico assumir o
controlo de vários territórios sírios e iraquianos, representando cerca de 110.000
quilómetros quadrados, e trazer perto de 50.000 jihadistas do estrangeiro
(Departamento de Estado dos EUA, 2019). A nível internacional, o Irão e a Rússia
intervieram para lutar contra o ISIS e apoiar o governo sírio de Bashar al-Assad. Por
outro lado, os EUA lideraram uma coligação composta pelos Estados ocidentais, os
Estados árabes sunitas e a Turquia, que intervieram para derrotar o ISIS enquanto
pediam a remoção de Bashar al-Assad. Contudo, devido à complexidade da intervenção,
a coligação liderada pelos EUA foi frequentemente "constrangida por objetivos e
lealdades conflituosas, dúvidas sobre o caráter 'moderado' de alguns grupos rebeldes, e
receios de ser arrastada mais profundamente para o pântano rio(Bannelier-Christakis,
2016: 745).
Que respostas para a Desordem Global?
Neste contexto complexo e intrigante, os governos são instados a agir em resposta e a
proteger os seus cidadãos. No entanto, devido à característica transnacional das
atividades terroristas, tem sido difícil para as nões determinar a natureza da sua
intervenção (Brown, 2017). rios estudiosos têm argumentado que "as políticas
europeias antiterrorismo o mais reacionárias do que eficazes porque seguem o mesmo
padrão de supressão governamental dos direitos humanos em nome da segurança" (Ibid,
2017: 157). Os Estados tomaram um vasto leque de medidas internas, tais como
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aumentar o financiamento das agências governamentais que trabalham em operações
antiterroristas, denunciar opiniões extremas e radicais nas escolas, ou mobilizar eventos
interculturais para contrariar a propagação de ideologias que transportam a radicalização
e a violência. No entanto, as intervenções nacionais e a legislação antiterrorismo nas
sociedades ocidentais têm sido frequentemente controversas e denunciadas por
restringir as liberdades entre os cidadãos (Ibid, 2017). A base americana na Baía de
Guantánamo, Cuba, representa um caso de medida antiterrorista que implicou
importantes violações dos direitos humanos. G.W Bush criou o campo de detenção de
Guantánamo após o 11 de Setembro de 2001 para deter e interrogar terroristas e
indivíduos acusados de cometerem crimes de guerra. Durante muitos anos, o quadro do
direito internacional não foi respeitado, especialmente no que diz respeito ao direito a
um julgamento justo dos prisioneiros, ao tratamento e proteção dos detidos,
considerados pelo governo dos EUA como "combatentes ilegais" que "não podiam
beneficiar da proteção do direito humanitário internacional” (Guild & Bigo, 2018: 34).
Num outro contexto, o caso mais recente da França constitui outra medida antiterrorismo
que tem sido contestada internacionalmente. Após uma série de atos terroristas que
tiveram lugar em Paris em 2015, o Presidente Hollande declarou o "estado de
emergência" em todo o território francês. A legislação consistiu na expansão da vigilância
estatal para combater o terrorismo e foi prorrogada várias vezes anovembro de 2017.
Contudo, várias disposições e restrições do estado de emergência foram consideradas
pelos peritos em direitos humanos como limitando os direitos à privacidade, liberdade de
expressão, prática religiosa, reunião pacífica e associação (Guild & Bigo, 2018: 86).
Tomando como exemplo o encerramento de mesquitas em estado de emergência, o
Relator Especial para a Luta contra o Terrorismo e os Direitos Humanos, Aoláin,
declarou: evidente que a comunidade muçulmana francesa tem sido a comunidade
principalmente sujeita a medidas excecionais tanto durante o estado de emergência
como durante a nova lei, a par de outras medidas antiterroristas" (OHCHR, 2018). Este
caso ilustra o grande conjunto de dificuldades sentidas pelos Estados na luta contra o
terrorismo. Embora os governos possam estabelecer restrições para garantir a ordem
pública, as leis devem respeitar e garantir os direitos fundamentais e as liberdades civis
de todos os cidadãos.
Paralelamente, as medidas externas consistiram principalmente em desenvolver uma
maior cooperação entre países vizinhos e agências estatais para desmantelar as ameaças
(Brown, 2017: 154). Foram realizadas intervenções no estrangeiro através de treino
militar, ajuda humanitária e apoio financeiro, para evitar a expansão de grupos
terroristas em Estados fracos e falhados. A Coligação Internacional liderada pelos EUA
foi estabelecida em 2014 para derrotar o ISIS em todas as frentes. Composta por mais
de oitenta membros, a coligação é militar, ativa e unida contra a expansão do Estado
islâmico em vários territórios iraquianos e sírios (https://theglobalcoalition.org). Em
março de 2019, após quatro anos de intervenção militar e humanitária, todos os
territórios sírios foram libertados do controlo do ISIS. Os Diretores Políticos da Coligação
Global para Derrotar ISIS emitiram numa declaração conjunta que "hoje, Daesh/ISISIS
não controla o território e mais de 7,7 milhões de pessoas foram libertadas do seu
controlo. […] No entanto, a derrota territorial de Daesh/ISIS não representa a
erradicação do grupo terrorista ou o fim da ameaça terrorista que representa"
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(Departamento de Estado dos EUA, 2019). A este respeito, a Coligação deve continuar a
levar a cabo a sua missão através de engajamento militar e político.
Noutros casos, porém, as intervenções externas podem levar ao apoio de governos não
democráticos e ter consequências significativas na cena internacional (Brown, 2017:
160). A "guerra ao terror" empreendida pelos Estados Unidos após o 11 de Setembro,
implicou a adoção de leis antiterrorismo por muitos regimes autoritários e a prestação
de ajuda externa para este fim. No entanto, de certa forma, isto tinha justificado as
limitações das liberdades civis e o uso da violência em vários países antidemocráticos
(Sahar, 2018). O Egipto, como aliado dos EUA no contraterrorismo, cometeu violações
dos direitos humanos, tortura de detidos, violência contra pessoas acusadas de serem
membros de grupos islâmicos. As leis antiterroristas são também utilizadas contra
organizações da sociedade civil, jornalistas e defensores dos direitos humanos,
considerados como pondo em perigo a segurança nacional. No entanto, desde 1979, os
Estados Unidos gastaram 41 mil milhões de dólares em segurança e ajuda antiterrorista
no Egipto (Ibid, 2018: 1606). A assistência estrangeira dirigida a governos autoritários
que violam as liberdades fundamentais dos cidadãos poderia, em troca, jogar a favor de
organizações terroristas e difundir a imagem de agressores ocidentais que apoiam
ditadores violentos (Brown, 2017: 160).
Consequentemente, os esforços feitos pelos Estados e outros atores para combater o
terrorismo manifestam a importância da ameaça terrorista a nível mundial e as suas
consequências na segurança global. Em resposta, a comunidade internacional deve
enfrentar as ameaças transnacionais através de uma maior cooperação e políticas
comuns. Os Estados, decisores, organizações internacionais, atores não estatais e
empresas, devem construir uma estratégia de cooperação para reforçar uma governação
global eficaz num contexto de crescente insegurança (Zaluar & Zeckhauser, 2002). No
caso da região do Sahel, a Aliança do Sahel foi criada em 2017 para reforçar a cooperação
entre as grandes potências e os países do Sahel do G5 (Burkina Faso, Chade, Mali,
Mauritânia, Níger) para enfrentar ameaças transnacionais como o terrorismo e o crime
organizado. A Aliança apela à implementação de medidas que respondam às
necessidades das populações e que garantam a segurança regional em áreas vulneráveis.
Os 12 doadores da Aliança do Sahel planeiam doar cerca de 9 mil milhões de euros para
implementar diversos projetos na região durante o período 2018-2022
(diplomatie.gouv.fr, 2019). Tais iniciativas de cooperação podem potencialmente
sustentar a estabilidade e a paz em países vulneráveis onde as ameaças transnacionais
são predominantes.
Embora o terrorismo transnacional constitua uma ameaça global, as nações estão
preocupadas e afetadas de forma diferente. Devido às características específicas
analisadas neste ensaio, observámos que estes grupos transnacionais e móveis têm um
impacto significativo na legitimidade, soberania e segurança global dos Estados.
Conclusão
Para concluir este ensaio, os conflitos entre grupos islamistas e o Ocidente e os seus
aliados o muito suscetíveis de continuar a influenciar o nosso culo. A guerra no
Iraque e na Síria, o recrutamento contínuo de jihadistas, e a expansão de um Islão radical
e violento, constituem elementos que alimentam o terrorismo transnacional.
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Paralelamente, as relações entre as grandes potências constituem uma questão
complexa no seio das relações internacionais. Embora estas nações tenham
frequentemente definido interesses comuns na luta contra o terrorismo, também têm
fortes preocupações divergentes ou opostas, que podem afetar uma cooperação eficaz
(Zaluar & Zeckhauser, 2002). Os principais poderes têm um papel significativo na
garantia da estabilidade e implementação de uma comunidade de segurança global para
combater as ameaças transnacionais. Introduzida inicialmente por Karl Deutsch em 1957
e posteriormente repensada por Adler e Barnett (1998), a ideia de "comunidades de
segurança" enfatiza a necessidade de construir uma identidade e comunidade
transnacional a nível internacional para permitir uma mudança pacífica, estabilidade e
segurança comum. A este respeito, vários estudiosos argumentam que as democracias
liberais não deveriam ter muita dificuldade em reforçar as parcerias de cooperação,
protegendo simultaneamente a sua liberdade e autonomia nacional (Zaluar &
Zeckhauser, 2002:16). De facto, embora as políticas contra ameaças transnacionais
possam exigir um reforço do poder dos Estados, instituições democráticas fortes e
estáveis manterão um equilíbrio. Em contraste, os Estados fracos ou não democráticos
poderão ser incapazes de garantir a estabilidade política e económica. Jones, Pascual e
Stedman (2009) introduziram o conceito de "soberania responsável" referindo-se à
"injunção de que a soberania implica obrigações e deveres para com os próprios cidadãos
e para com outros Estados soberanos" (2009:9). De facto, as influências que resultam
das decisões e ações dos Estados vão mais longe nas suas próprias fronteiras e, portanto,
a segurança internacional exige que as nações projetem a sua soberania em colaboração
com outros atores da ordem global (Jones, Pascual & Stedman, 2009).
É essencial considerar que as ameaças transnacionais - terrorismo, crime organizado,
proliferação de armas nucleares, alterações climáticas, instabilidades económicas e
doenças infeciosas - estão frequentemente interligadas e o seu efeito cumulativo
constitui um perigo real para a soberania do Estado (Jones, Pascual & Stedman, 2009:
4). Para abordar estas preocupações de segurança e preservar a soberania dos Estados,
parece essencial construir acordos e alianças de cooperação entre as principais nões,
os Estados Unidos, a União Europeia, a China, o Japão, a Rússia, outras potências
regionais, como a Índia, o Brasil e a África do Sul, e com instituições internacionais. As
parcerias de cooperação entre serviços de investigação e agências de segurança são
também fundamentais para combater as ameaças transnacionais (Kaiser & Rochefort,
2007:622). Uma questão importante que poderíamos analisar mais profundamente são
as ligações entre o terrorismo transnacional, o crime organizado e as armas de destruição
maciça (ADM). Atualmente, o sistema internacional de o proliferação de armas
nucleares parece estar cada vez mais fragmentado (Ibid, 2007). Para além dos cinco
membros do Conselho de Segurança, Índia, Paquistão, Coreia do Norte e Israel
adquiriram armas nucleares. Embora até agora a posse de ADM tenha sido limitada aos
Estados, pode expandir-se rapidamente a grupos terroristas transnacionais e provocar
consequências terríveis. Esta questão constitui uma ameaça importante para todas as
grandes potências que deve ser mais estudada.
Outra preocupação atual é a transmissão de doenças infeciosas à escala global e a
incapacidade dos Estados de responder adequadamente. A pandemia global que surgiu
em 2019 com a propagação da COVID-19 testemunhou a vulnerabilidade da paz e
segurança internacionais contra ameaças tão imprevisíveis. Como declarou o
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Subsecretário-Geral das Nações Unidas para a Luta contra o Terrorismo, Vladimir
Voronkov, na Semana Virtual de Luta contra o Terrorismo, "A pandemia da COVID-19
apresentou à comunidade internacional um dos maiores desafios desde a criação das
Nações Unidas há 75 anos - testar a resiliência nacional, a solidariedade internacional e
a cooperação multilateral(Nações Unidas, 2020). Embora a preocupação global seja
combater a pandemia, as organizações terroristas aproveitam a situação, e os Estados
devem duplicar os seus esforços para "reforçar o multilateralismo e a cooperação
internacional a todos os níveis, a fim de 'reconstruir melhor'" (Nações Unidas, 2020). De
facto, num contexto de insegurança global, a ordem internacional depende da
coordenação de interesses comuns, da projeção de uma soberania responsável, da
existência de instituições fortes, e do grau de cooperação entre as potências maiores e
emergentes (Jones, Pascual & Stedman, 2009: 15). A capacidade dos Estados de
mobilizar os recursos necessários e de se empenharem em conjunto determinará a
paisagem internacional do século XXI.
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