Cultural é um período marcado por lutas políticas dentro do PCC que levaram a uma
posição mais repressiva e ditatorial por parte de Mao Zedong. Os trabalhadores urbanos,
incluindo médicos e enfermeiros, foram enviados de volta para o campo para trabalharem
como camponeses. As escolas e universidades médicas foram fechadas, bem como
departamentos de especialidade em hospitais. Os serviços de saúde eram principalmente
prestados dentro de áreas administrativas, conhecidas como comunas, e aplicando a
medicina tradicional chinesa.
O sistema cooperativo de saúde em vigor foi gradualmente extinto entre 1978 e 1981.
De acordo com Duckett (2011), especialmente nas zonas rurais, a abolição das comunas
deu origem a uma crescente prestação privada de serviços de saúde, visando uma
contribuição partilhada entre doentes e governo, no que diz respeito ao investimento na
saúde. Nas áreas urbanas, o processo de transição ocorreu a um ritmo mais lento, porque
foi sobretudo influenciado pela privatização de empresas, que só aconteceu na década
de 90, essencialmente com o florescimento das Empresas Municipais e Aldeias (Township
and Village Entreprises) e a criação de Zonas Económicas Especiais, bem como o
consequente aparecimento de prestadores privados de serviços de saúde.
A RPC assistiu a uma libertação quase completa das responsabilidades governamentais
em relação ao sistema de saúde em favor dos organismos locais e da iniciativa privada,
o que levou a custos elevados de cuidados de saúde primários básicos e a uma cobertura
de seguro mais fraca em todo o país. Alguns indicadores, tais como a mortalidade infantil
e a esperança de vida, melhoraram em comparação com o período de Mao, mas não de
forma significativa e, em termos gerais, a satisfação da população com os cuidados de
saúde primários não era boa.
No período seguinte, liderado pelo presidente Jiang Zemin, o sistema de saúde
permaneceu, grosso modo, como estava desde os anos 90. Esta década não foi marcada
por grandes mudanças nesse campo, portanto o acesso a cuidados de saúde na RPC era
extremamente deficiente devido aos custos dispendiosos de consultar um médico ou
comprar medicamentos, até os considerados mais básicos. A agitação social começou a
aparecer e a desafiar o lema superior do Partido Comunista Chinês (PCC) de alcançar
uma "sociedade harmoniosa". Este lema viria a ser a bandeira de governo do Presidente
Hu Jintao que presidiu ao PCC de 2003 a 2013 e que estabeleceu em 2004 um plano
estratégico intitulado “O Caminho de Desenvolvimento da Ascensão Pacífica da China”
(Zhongguo Heping Jueqi de Fazhan Daolu), com vista a alcançar o objetivo uma
sociedade harmoniosa do ponto de vista político e socioeconómico.
Consequentemente, o governo começou a pensar em possíveis reformas na saúde, as
quais pudessem melhorar o acesso, a qualidade dos serviços e os custos com saúde.
Assim, em 1998 e em 2000, as reformas em saúde foram realizadas para restabelecer
alguns dos fundos e seguros de saúde existentes na época de Mao Zedong e, a fim de
alocar mais recursos em instalações de cuidados primários, hospitais públicos, e assim
por diante, com o propósito último de alcançar um acesso mais amplo da população aos
serviços de saúde e a preços mais acessíveis.
A grande reforma viria, no entanto, a ocorrer no final de 2003 com a reintrodução do
seguro de saúde para toda a população – naquela época, 75% da população não estava