solidariedade; obter um acesso equitativo e acessível assim que possível; e por último,
garantir o avanço dos preparativos para a distribuição da vacina, incluindo o seu
transporte e a identificação de grupos prioritários. A estratégia da UE assentava em dois
pilares: garantir a produção de vacinas na UE e o abastecimento dos Estados-membros
e a adaptação e flexibilização do sistema regulatório à emergência (Comissão Europeia,
2020d). Com este anúncio, a Inclusive Vaccine Alliance perdia sentido, passando a
Comissão Europeia a liderar o processo de produção e aquisição de vacinas na UE.
A UE anunciava a intenção de acordar com as farmacêuticas, o direito à compra de
vacinas, através do adiantamento de 2,7 mil milhões de euros, financiados através do
Instrumento de Apoio de Emergência, aos quais poderiam acrescer empréstimos do
Banco Europeu de Investimento (BEI). Sendo gerida pela Comissão a contratualização
final das vacinas, em nome de todos os Estados-membros, como se previra na anterior
reunião de ministros da saúde, com o objetivo de conseguir “as melhores condições
possveis” (Comissão Europeia, 2020d), especificamente em matérias como os
pagamentos previstos (montantes, calendário e estrutura financeira), as modalidades de
entrega, entre outros condicionalismos não discriminados.
A Comissão Europeia liderava o processo, assumindo que o quadro de negociações com
as farmacuticas constitua uma “aplice de seguro transferindo alguns dos riscos da
indústria para as autoridades públicas, em troca de garantir aos Estados-membros um
acesso equitativo e a preços acessveis”. Entre os critérios de financiamento
encontravam-se, entre outros, o rigor da abordagem científica, a rapidez da entrega ou
o custo, sendo o financiamento concedido “um adiantamento sobre as vacinas que serão
efetivamente compradas” (Comissão Europeia, 2020d).
Sensivelmente um mês depois, em julho de 2021, a Comissão Europeia, precisaria a sua
solidariedade anunciando a intenção de partilhar mais de 200 milhões de vacinas com os
países de médios e baixos rendimentos, principalmente através da COVAX, além de um
apoio à produção de vacinas em África, orçamentado em mil milhões de euros (Comissão
Europeia, 2020e).
Pelo outro lado negocial, a indústria farmacêutica sempre preferiu uma relação negocial
direta entre as empresas e os Estados (e não com representações de conjuntos de
Estados), como confirma, a divulgação da chamada telefónica entre os Comissários
europeus da saúde e para o mercado interno, Stella Kyriakides e Thierry Breton
respetivamente, com a European Federation of Pharmaceutical Industries and
Associations (EFPIA), de 9 de abril de 2020, sobre o fornecimento de equipamentos e
medicamentos para a Covid-19. Nesta chamada, a EFPIA alegava que: “gostava de
continuar a fornecer novos tratamentos através dos canais habituais e não por
procuração conjunta” (Corporate Europe, 2020). Contudo, aps o anúncio do plano de
aquisição de vacinas da UE, a plataforma Vaccines Europe (que inclui as farmacêuticas
AstraZeneca, CureVac, GSK, Sanofi Pasteur e Janssen) distanciava-se da posição da
EPFIA, aceitando agora uma negociação por procuração conjunta, segundo a Vaccines
Europe: “ns apoiamos acordos especficos de aquisição antecipada para desafios
extraordinários de saúde pública” (Vaccines Europe, 2020)
Pela parte da UE, a negociação com a indústria farmacêutica foi entregue a uma Equipa
Conjunta de Negociação, composta por sete negociadores, nomeados pelos governos de
Espanha, França, Suécia, Alemanha, Holanda, Itália e Polónia. Por opção da UE, os