OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
Vol. 12, Nº. 2 (Novembro 2021-Abril 2022)
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SOB A BRISA DO ÍNDICO PORTUGUÊS:
TURISMO E PATRIMÓNIO EM ZANZIBAR
MARIA JOÃO CASTRO
mariajoaocastro@fcsh.unl.pt
Doutorada em História da Arte Contemporânea e investigadora integrada do Centro de
Humanidades (CHAM) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa (NOVA/FCSH, Portugal). Integrou comissões científicas, organizou e participou em eventos
académicos, ações levadas a cabo em Portugal, Espanha, França, Escócia, Roménia, Itália,
Dubai, Brasil, Nova Zelândia e Zanzibar, dos quais resultou a publicação de artigos. Os seus
domínios de especialização centram-se na História da Arte e Cultura Contemporânea, infletindo
na ligação da Arte com o Poder quer em relação à Viagem e aos Estudos (Pós) Coloniais, quer no
que concerne ao Turismo. É presentemente bolseira de Pós-Doutoramento da Fundação para a
Ciência e a Tecnologia com o projeto “ArTravel. Viagem e Arte Colonial na Cultura
Contemporânea”.
Resumo
O turismo é, em pleno século XXI,a maior indústria a vel mundial constituindo
umfenómenoestruturadoa partirde uma articulaçãodinâmica e tentacular.De entre
asformasque o fenómeno consagra, o chamado turismo de memória” tem vindo a
ganharrelevância,assente numa herança colonial cujas valências se formulam segundo
umareminiscênciade uma cultura/património outrora partilhada: a dos impérios
ultramarinos.Ao ganharem um novo protagonismo, esteslugarespós-coloniaisabrem-se a
novasleituras,respondendo a um desafio societal da mobilidade contemporânea através
doolhar para a viagem como forma de construir cultura e definir identidades, pelo que se
propõe cartografar o patrimóniode raiz portuguesa no arquipélago de Zanzibar,lugar integra
dono império lusitano durante duzentos anos e fonte de multiculturismo e alteridadede que
o nosso tempo é herdeiro.
Palavras-chave
Impérios Coloniais, Índico, Património, Turismo, Contemporaneidade.
Como citar este artigo
Castro, Maria João (2021). Sob a Brisa do Índico português: turismo e património em
Zanzibar. Janus.net, e-journal of international relations. Vol12, Nº.2, Novembro 2021-Abril
2022. Consultado [em linha] em data da última consulta, https://doi.org/10.26619/1647-
7251.12.2.12
Artigo recebido em 22 Abril 2021 e aceite para publicação em 10 Agosto 2021
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Sob a Brisa do Índico português: turismo e património em Zanzibar
Maria João Castro
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SOB A BRISA DO ÍNDICO PORTUGUÊS:
TURISMO E PATRIMÓNIO EM ZANZIBAR
MARIA JOÃO CASTRO
Introdução
O turismo é hoje a indústria com maior impacto na economia mundial, constituindo um
fenómeno global e transversal de âmbito tentacular. Na sua génese, turismo e
colonialismo não são fenómenos da mesma ordem, mas a atividade turística e o
imperialismo são produtos fruto de um mesmo contexto encontrando-se
intrinsecamente ligados uma vez que passam ambos pela posse de um território e da
sua exploração.Certo é que a ascendência dos impérios europeus no desenvolvimento
do turismo tem um forte impulso nas Exposições Universais, montras dos territórios
ultramarinos que, ao cristalizarem toda uma imagética exótica e longínqua,
impulsionaram uma elite a embarcar na viagem colonial que em breve se massificaria,
contribuindo para o fenómeno turístico global contemporâneo.
1
As motivações por trás
de tal ímpeto assentam em razões distintas, mas uma há que tem vindo a ganhar peso
quando se trata de eleger um destino de viagem: a nostalgia pós-colonial que aspira a
visitarlugares parados num certo tempo-pedra, ainda não totalmente contaminados por
uma urbanidade acelerada, devolvendo momentaneamente uma vivência que o
quotidiano da sociedade ocidental há muito excluiu. Esta espécie de “turismo da
saudade” tem vindo a ganhar adeptos e percebe-se porquê. Seja pela arquitetura, pela
herança cultural, pelo apelo ao “Bom Selvagem” que há em nós, pelo legado artístico
ou outro motivo enraizado num pretérito comum, as ex-colónias europeias têm vindo a
tornar-se em destinos turísticos de eleição. Por outro lado, o facto de o turismo ser um
aliado basilar do desenvolvimento económico, social e cultural, gerando importantes
receitas, tem aumentado a pressão sobre as tutelas, havendo a necessidade de
administrá-lo de forma responsável e com pensamento crítico, pelo que é um assunto
presente nas agendas dos governos, nomeadamente no que concerne ao património a
preservar, seja ela material ou imaterial.
Neste sentido, o chamado “Turismo de Memória” tem vindo a ganhar um protagonismo
cada vez maior não dentro das políticas nacionais e regionais dos governos como no
âmbito da investigação académica. Daí que esta reflexão proponha criar uma rota de
“Turismo de Memória” de herança portuguesa em Zanzibarrespondendo à questão: que
1
Claro que o turismo enquanto fenómeno social o surgiu nas Exposições; ele tem a sua genealogia nos
finais do século XVII, início do XVIII com o Grand Tour, movimento nascido no seio da aristocracia inglesa
que se propôs concluir a sua educação através da verificação/visitação do passado civilizacional. Porém,
essa viagem foi sempre canalizada para os grandes centros artísticos europeus (primeiro Itália, depois
França e Grécia) pelo que não contemplou os territórios do império cujos residentes/visitantes eram
maioritariamente, compostos por missionários, administradores e tropas.
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herança patrimonial de raiz portuguesa se pode encontrar no arquipélago de Zanzibar?
A sua justificação assenta na centralidade no património enquanto legado de uma
memória partilhada e tem objetivo basilar ser um facilitador da integração do turista na
História tornando-se parte dela. Por outras palavras: o estimular pelo conhecimento
pelo outro” faz com que nos conheçamos melhor a nós mesmos numa
interculturalidade efetiva e plena. A concretização deste objetivo central obriga a uma
investigação em sinergia daí a metodologia eleita se ancorar na interdisciplinaridade
(ciência histórica, património, arqueologia e história da arte) de vocação e valorização
transfronteiriça com ênfase pluricontinental.Porquanto se trate de património material e
imaterial, as fontes são, sobretudo, bibliográficas e arqueológicas e estendem-se dos
arquivos nacionais portugueses às instituições tutelares de conservação do arquipélago
de Zanzibar. Quanto à sua relevância esta assenta no facto de responder a um desafio
societal tentacular da mobilidade contemporânea através do olhar para a viagem como
forma de construir cultura e definir identidades entre visitantes e visitados produzindo
conhecimento e experiências capazes de contribuir para uma ciência cidadã e
esclarecida.
I. Contexto Histórico-Patrimonial
Como se sabe, o património é na sua essência de ordem memorial e que o que o
caracteriza é o seu carácter simbólico “uma espécie de aura imortalizante” (Lourenço,
2015a: 54), de um momento transcorrido, uma vez que todas as obras humanas têm
o seu tempo contado. Ora a diversidade cultural decorrente da ação humana ao longo
do tempo num determinado lugar tem vindo a ser valorizada pelo seu pluralismo,
característica que permite desenvolver um conhecimento plurívoco. Depois de um
período em que o anticolonialismo dominava a opinião pública, a crispação pós-
colonial foi lentamente dando lugar a um entendimento menos exclusivo do encontro
de culturas cuja preocupação se veio a centrar na preservação do património legado.
Um dos exemplos de tal atitude foi a criação em 1998 da rede do Comité Científico
Internacional do ICOMOS
2
e, no seio deste, do Comité para a Partilha da Herança
Colonial.
3
Esta organização tem vindo a chamar a atenção para a necessidade de unir
esforços no sentido de preservar, estudar e promover os bens patrimoniais, dada a
importância da diversidade cultural enquanto fonte de intercâmbios, inovação e
criatividade das gerações presentes e futuras.
Assim, e dentro desta dimica dual (turismo-património) a UNESCO
4
tem vindo a
classificar lugares, práticas e expressões, reconhecidas como parte integrante de uma
cultura. E foi o que aconteceu em 2000 com Stone Town, a parte antiga da cidade de
Zanzibar na ilha homónima que viu chegar os primeiros europeus em 1503, aquando
das viagens de exploração do Caminho Marítimo para a Índia.
Conforme rezam as crónicas, os portugueses foram os primeiros europeus a
instalarem-se em Zanzibar. Vasco da Gama (1469-1524) no regresso da Índia
2
International Council on Monuments and Sites. Em linha: https://www.icomos.org/fr (acedido a
24.4.2021).
3
Em linha: https://www.icomos.org/risk/2001/colonial2001.htm (acedido a 23.4.2021).
4
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
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assinalou a ilha, conforme rezam os anais da manhã de 29 de janeiro de 1499, quando
os portugueses passaram em frente de Zanzibar (Fonseca, 1998:56):
E a um domingo, que foram vinte e sete dias do mês (27.1.1499), nos
partimos daqui (baixos de S. Rafael) com mui bom vento à popa e à noite
seguinte pairámos. E quando veio a manhã nos achámos junto com uma
ilha muito grande, que se chama Zamgibar, a qual é povoada de muitos
mouros, a qual estará de terra bem a dez léguas. E ao primeiro dia de
fevereiro, à tarde, fomos pousar avante as ilhas de S. Jorge, em
Moçambique.
5
Em 1503, Rui Lourenço Ravascoimpôs ao sultão de Zanzibartributação à coroa
portuguesa. Anos depois, e firmemente estabelecidos em Moçambique e Melinde, os
sucessores de Vasco da Gama monopolizaram o tráfico da África Oriental fazendo com
que, desde 1522 (Campos, 1935:1-20), Zanzibar se tornasse num protetorado
português,embora a feitoria e a casa de hospitalização fossem estabelecidas após a
visita de Nuno da Cunha (1487-1539) à ilha, em 1527.
Em 1580, com a perda de independência da coroa portuguesa para Espanha e o
consequenteenfraquecimento do império d’além mar originaria, em breve, a perda de
algumas possessões d’além mar, nomeadamenteMascate (em 1650), Melinde (em
1660) e, finalmente, Zanzibar, no ano de 1698.
Desde então, e entre os finais do século XVII e o século XIX, a genealogia que reinou
sobre a ilha deu-lhe um novo impulso, arabizando-a e preenchendo-a com edifícios de
nítidos traços islâmicos, por entre os quais surgiram arquiteturas de influências
indianas, africanas e coloniais, esta última já no século XIX, quando os ingleses
tomaram conta do governoda ilha transformando-a num protetorado. É precisamente
por essa altura em 1879 que o sultão Barghash(1870-1888) assina com o rei de
Portugal, o famoso Tratado de Amizade e Comércio. Em 1885, o reino de Portugal abre
um consulado na ilha e nomeia como primeiro cônsul Alexandre de Serpa Pinto (1846-
1900) e no século XX, entre 1911 e 1918, Aristides de Sousa Mendes (1885-
1954).Nesses tempos, opredomínio da população de raiz portuguesa na ilha era
originária de Goa, tendo-se aqui fixado dezenas de famílias que se dedicavam
maioritariamente ao corcio sendo a colónia portuguesa, a segunda em número
(cerca de 400 pessoas), a seguir à brinica (Mello, 1890:89).
5
Convém referir que antes de Vasco da Gama, Pêro da Covilhã havia avançado pela costa oriental
africana passando ao largo da ilha, disso dando conta no seu diário,ainda que de modo pouco claro. Sabe-
se que percorreu demoradamente a costa litoral da Azania, tendo integrado embarcações de comerciantes
árabes que visitavam com regularidade os portos como Mombaça, Melinde,Zanzibar, Kilwa ou Sofala. Ver
Leal Freire, Pêro da Covilhã, Gráfica S. José, Castelo Branco, 1964, p. 10.
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Imagem 1 - Reprodução do frontispício do Tratado de Amisade e Commercio, Lisboa.
Fonte: Imprensa Nacional (1940). Arquivo Histórico Diplomático do Ministério dos Negócios
Estrangeiros.
Centrando a atenção no património português na ilha, durante os duzentos anos que
capitaneou Zanzibar, a coroa do reino de Portugal e dos Algarves procedeu a
edificações (feitoria, igreja, hospital) e movimentações (mudança da capital) que
reconfigurariam o seu território ainda que pouco tenha subsistido até hoje. Mas
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vestígios sabem falar a quem está disposto a ouvi-los; basta atender nalguns
testemunhos para se conseguir formular um roteiro heterogéneo capaz de fazer
redescobrir parte da herança lusitana na ilha.
Contudo, esta presença e edificação patrimonial no arquipélago de Zanzibar é uma das
facetas menos estudadas sobre a expansão e presença portuguesa na África Oriental.
São conhecidos, os contributos diretos de Duarte Barbosa (c. 1480-1521), Gaspar
Correia (1492-c. 1561) e João de Barros (c. 1496-1570). Entretanto, vieram a lume os
estudos mais recentes de Abdul Sheriff e de Mark Horton que realçaram a temática,
mas agora com a crescente importância do turismo nos PIBs dos países, foi lançado
o repto para que outros historiadores explorem o tema. Duas ordens de razão podem
justificar tal lacuna. Desde logo, o foco no destino-objetivo Índia relevando-se
para segundo plano os lugares ancoradouros da Rota; depois as fontes reduzidas e
pontuais, dispersas por documentação de natureza assaz diversa dificultam o
desenhar de um quadro nítido sobre a presença e vincia dos portugueses em terras
de Zinj. Dados com hiatos cronológicos largos, documentos disseminados por vários
arquivos sem estarem catalogados e que incluem crónicas, relatos, apontamentos
administrativos e cartas trocadas entre oficiais de Zanzibar e as instâncias de poder
sediadas em Lisboa, condicionam e explicam a raridade (para não dizer ausência) de
estudos desta realidade histórica específica. Ainda assim, a informação reunida
perspetiva linhas mestras sobre a presença portuguesa no arquipélago de Zanzibar
numa inflexão de grande potencialidade histórico-cultural.
II. Subsídios para um itinerário portugs em Zanzibar
Desenhar um roteiro turístico pelo património material e imaterial de herança
portuguesa em Zanzibar resgata uma história inscrita aquando da navegação e da
exploração dos contornos do mundo, em consequentes viagens que o configuraram a
uma escala global introduzindo a época moderna. Interessa por isso ter em conta que a
história é feita por camadas, camadas essas que se vão sobrepondo umas sobre as
outras, afundando-se as mais antigas sob as mais recentes, num acumular de
sedimentos e testemunhos que consubstanciam frações da narrativa histórica. Aliás, é
nesse substrato pretérito que se encerra e justifica parte da Zanzibar contemponea
pelo que elencar esse legado constitui um excelente acesso para, na atualidade,
compreender e promover turisticamente o destino Zanzibar.
Adverte-se, porém, que não se trata de elaborar uma lista exaustiva da herança
lusitana em solo Zinj mas propõe-se sim a criação um corpus patrimonial com
identidade própria, sendo que este levantamento será sempre provisório e de múltiplas
leituras.
ARQUIPÉLAGO DE ZANZIBAR
UNGUJA (Ilha de Zanzibar)
I Património Material
1. Stone Town.
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Estabelecidas guarnições nos portos de Zanzibar, Pemba e Mombaça, a velha
capital de Zanzibar situada em UngujaUkuu, a cerca de vinte e quatro
quilómetros a sul da atual capital, foi sendo gradualmente preterida para um
local mais a noroeste, e que mais tarde viria a ser conhecido como Stone Town,
a Cidade de Pedra. Como se refere no manuscrito português da Relação feita
pelo padre Francisco de Monclaro da Companhia de Jesus, tal deveu-se ao porto
a sul, que era pequeno
6
para as naus portuguesas fundearem. Com a afluência
crescente das naus vindas da Índia a nova capital possibilitou um aumento das
escalas do tfico marítimo em Zanzibar, reiterando a importância deste porto
na costa do Índico.
2. Feitoria, Hospital, Igreja.
Em Stone Town, e após a visita de Nuno da Cunha em 1527, seria erguida uma
feitoria e uma casa de hospitalização, que seguramente acoplava uma capela-
igreja. Esta situava-se no chamado Forte Antigo (re) constrdo pelos árabes
após a conquista da ilha aos portugueses nos finais do século XVII. Os indícios
apontam no sentido de que, em 1612, terá havido uma igreja agostiniana,
aparecendo tal ocorrência na bula papal (Gray, 1958:174) de 21 de janeiro
desse ano, o que mostra o empenho eclesiástico lusitano para a África oriental.
Do pouco se conhece, parece que o poder missionário lusitano encontrou aqui
uma sociedade tolerante mas profundamente convicta da sua religiosidade
(muçulmana) pelo que a evangelização se reduziu a conversões pontuais.
Segundo o artigo de J. J. Campos, havia um edifício onde funcionaria a feitoria e
a igreja portuguesa que seria protegido por um muramento erguido
posteriormente pelos árabes. Em 1774, AlexanderDalrymple o geógrafo
escocês afirmaria no seu Collection of Charts etc. in theIndianNavigation, que
essa “fortaleza” parecia uma igreja em ruínas. Uma inscrição no museu da Beit
al Ajaib informa:
Remanescentes Portugueses indicando ter existido uma capela portuguesa
de traça cruciforme, com janelas retangulares, construída no século XVI, e
da qual restam vestígios na parede oeste do velho forte.
E, a poucos metros, no Velho Forte, uma placa reitera que este foi:
Erguido pelos árabes omanis cerca de 1700 com base nos materiais da
antiga capela portuguesa e residência contígua.
6
Relação feita pelo padre Francisco de Monclaro da Companhia de Jesus, da expedição ao Monomotapa,
comandada por Francisco Barreto, Manuscrito português nº 8, fls. 241-265, V., BNP, Lisboa, 1573, p. 344