É neste contexto que as ONGs da área da educação começam a surgir em força,
apresentando perspetivas paliativas, de mudança, inovação e pressão política, pondo a
nuas lacunas do poder político no que tange à garantia de acesso à educação.
Inicialmente, eram iniciativas isoladas, de baixa visibilidade e escassa sustentabilidade.
Porém, com a melhoria dos resultados e com o aumento de estudos e de atenção por
parte de académicos, as suas iniciativas ganharam importância e notoriedade social,
apesar de se registarem também impactos negativos (Coutinho, 2004).
Segundo Freire (1987,1989, 1992), o papel destas organizações na educação popular
tem sido extremamente positivo. Isto tem-lhes conferido um papel de “protetoras” das
populações, o que reforçou substancialmente a sua legitimidade social.
Com o aumento da importância das ONGs e com a evolução do conceito de
“desenvolvimento”, surge o conceito de “ONGDs” (organizações não governamentais
para o desenvolvimento), surgindo também a necessidade de se especificar áreas
concretas de atuação destas organizações (Calheiros, 2003; Seers, 1969).
A institucionalização do conceito de “desenvolvimento” surge da necessidade de
validação científica e de reconhecimento político-institucional no pós segunda guerra
mundial, por várias razões, sendo as mais citadas a independência das antigas colónias
europeias e a necessidade de reconstruir a Europa, ambas ligadas à fundamentação
dos processos de acumulação, à necessidade de criar ordem social e à convergência
das lógicas intervencionistas do Estado na economia (Roque-Amaro, 2017).
Este conceito tem vindo a complexificar-se com a evolução teórica tanto de inspiração
keynesiana como marxista-leninista, na dicotomia capitalismo– socialismo, que tem
mobilizado políticos e cidadãos anónimos, estratégias e planos, teorias e práticas. A
partir de 1992, vai ser apelidado de “pós-desenvolvimento”, ou início de uma nova era,
a partir das diferentes experiências de industrialização e crescimento económico,
valores culturais e interesses geoestratégicos, assentando por fim nas lógicas de
desigualdade e de dominação de género (Roque-Amaro, 2003).
Tal como a discussão à volta do conceito mobiliza diferentes posições e argumentos, os
projetos das organizações não governamentais para o desenvolvimento variam também
de forma, organização e objetivos por causa do constante aparecimento de novos
problemas. A esfera de atuação destas organizações divide-se em três áreas principais:
a cooperação para o desenvolvimento, a educação para a cidadania global, e a ação
humanitária e de emergência (Plataforma Portuguesa das ONGD, 2020).
O número destas organizações tem vindo a aumentar continuamente, sendo
acompanhado pela expansão da literatura relacionada com o tema (Bendell, 2000).
Este crescimento tem levado ao aparecimento de institutos e fundações para medir,
facilitar e certificar os impactos reais das mesmas, assim como para conectar as partes
associadas e envolvidas, como o governo, as pessoas singulares e coletivas,
organismos públicos e instituições comunitárias (Patrocínio, 2020). Recentemente, uma
das qualificações associadas às ONGDs que mais tem vindo a ganhar importância é a
de “OSCIP” (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que as reconhece
como parceiras das autoridades públicas (Neto, 2017).
Com o aumento da sua importância, surgiu a necessidade de se medir o impacto destas
organizações. Para tal, têm vindo a ser criados indicadores de desempenho ao nível da