produzem para exportação. Defende igualmente que é necessário um maior reforço do
tecido industrial por forma a aproveitar o AGOA. O primeiro passo para reverter tal
cenário foi a de criar instituições especializadas nestes domínios, nomeadamente o
Instituto de Gestão da Qualidade (IGQ), criado pela Resolução nº 41/2010 de 2 de
agosto. Além disso, o Estado deve continuar a trabalhar no desenvolvimento de
políticas industriais e comerciais para que as empresas cabo-verdianas se organizem e
adquiram uma maior capacidade de produção (Expresso das Ilhas, 12 setembro 2015).
Para o atual Ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, volvidos
dezoito anos após a promulgação do AGOA, Cabo Verde não tem sabido aproveitar esta
janela de oportunidades. O arquipélago está ainda a dar os seus primeiros passos no
sentido de criar um ambiente para produzir e exportar bens e serviços mais
competitivos. Ana Lima Barber, Presidente da Cabo Verde TradeInvest entre 2016 e
2020, sustenta que o país tem produtos que poderiam ser exportados no âmbito do
AGOA, mas é preciso ainda qualificá-los, por forma a desbloquear obstáculos ao nível
da logística (Santiago Magazine, 21 fevereiro de 2018). Também DonaldHeflin,
Embaixador dos EUA em Cabo Verde entre 2015 e 2018, chama a atenção para o
seguinte: Cabo Verde deveria aproveitar mais e, desse modo, explorar o mercado
norte-americano, uma vez que poderia exportar 7% dos seus bens mas que,
infelizmente, nada tem feito nesse sentido, uma vez que o país encontra-se muito
dependente da economia europeia (Inforpress, 2018). Já o Embaixador dos EUA em
Cabo Verde desde setembro de 2019, John Jefferson Daigle, refere que as empresas e
os empresários norte-americanos não conhecem muito a respeito das oportunidades de
investimento em Cabo Verde. Acredita que é possível colocar Cabo Verde no mapa dos
investimentos norte-americanos e destaca a importância de iniciativas como o Cabo
Verde InvestmentForum (CVIF) que teve lugar em Boston entre 30 de setembro e 01
de outubro de 2019. Este tipo de encontros constitui uma oportunidade para atrair e
congregar interesses empresariais de alto nível e uma oportunidade para o
estabelecimento de parcerias comerciais.
O Embaixador aponta para o interesse do governo cabo-verdiano em levar a cabo o
projeto de implementação do Cabo Submarino Amílcar Cabral que liga Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Libéria, Guiné-Conacri e Serra Leoa com possibilidade de ligar também a
Gâmbia e o Senegal. Trata-se de uma iniciativa ambiciosa no âmbito do projeto de
criação de um hub de conectividade em Cabo Verde para o desenvolvimento das
telecomunicações de banda larga nos países da região. O Embaixador dos EUA em
Cabo Verde deixa claro que pretende juntar à mesma mesa, o governo de Cabo Verde,
os técnicos, a Embaixada dos EUA e o Departamento de Comércio dos Estados Unidos
no sentido de abordar essa possibilidade (Montezinho, 2020).
Tendo em conta as oportunidades que o AGOA oferece, Cabo Verde tem trabalho no
sentido de capacitar o seu tecido empresarial, criando condições para atrair
investimentos e melhorar o ambiente de negócios. Os fóruns do AGOA são anualmente
promovidos e devem ser aproveitados pelo país para debater e encontrar as melhores
alternativas, sobretudo no que se refere à redução de barreiras ao comércio.
Os Centros de Recursos do AGOA (CRA´s), criados pelo TradeHub da África Ocidental
(WATH) em todos os países da região beneficiários do AGOA, incluindo Cabo Verde,
têm procurado aconselhar as empresas para que criem condições ao nível da
maximização das oportunidades de investimento previstas nas disposições do AGOA,