governação, reforça a necessidade de analisar o contexto da campanha eleitoral
e a mensagem transmitida. A opção por abordar a comunicação política associada
a Donald Trump resulta do impacto do candidato republicano nas redes sociais,
bem como pelo facto de o mesmo utilizar as plataformas digitais como uma
alternativa aos media tradicionais, num caminho iniciado na primeira candidatura,
em 2016 (Azari, 2016).
A este nível, abordamos a junção de dois conceitos centrais, “comunicação” e
“política”, tendo presente que o debate democrático implica um caminho de
transmissão da mensagem, sendo esse caminho facilitado e alavancado pelo
acesso imediato à informação. A proliferação das redes sociais e a universalização
do acesso à internet coloca, progressivamente, em causa o papel dos media
tradicionais, mas corresponde a uma oportunidade de aprofundamento da relação
entre eleitos e eleitores.
Não advogamos com esta visão que essa substituição corresponde
automaticamente a um reforço da comunicação ou melhoria das balizas
democráticas de um determinado país, uma vez que temos presente a
importância da comunicação tradicional para o funcionamento da democracia,
bem como a possibilidade da proliferação da comunicação online gerar o aumento
de “fake news” (Pepp, Michaelson e Sterken, 2019), tendo esse aumento sido
evidente no decurso dos debates eleitorais nas eleições presidenciais dos Estados
Unidos da América em 2016 (Farkas e Schou, 2018).
O peso da mensagem política deve ser medido de acordo com o respetivo alcance,
sendo que a presença nas redes sociais fornece um conjunto amplo de indicadores
do alcance de cada publicação, embora esta análise deva ser efetuada no contexto
da utilização das redes sociais, não devendo a interpretação ser extrapolada para
resultados eleitorais de forma automática.
De um modo abrangente, e recorrendo ao contributo de Mcnair (1999), podemos
identificar três elementos centrais da comunicação política, a saber: os media, as
organizações políticas, onde se enquadram os representantes políticos, e os
cidadãos. Estes elementos estariam em interação constante e o sistema
condicionado por uma retroação permanente, com o conteúdo da mensagem a
produzir um volume de interações entre os diversos intervenientes do processo
comunicacional. No entanto, o alcance e o poder das redes sociais extravasam
esta análise tripla, nomeadamente por permitirem uma comunicação mais direta,
mais regular e liberta de um conjunto de condicionalismos, nomeadamente a
questão do “filtro seletivo de participação”.
No entanto, alguns estudos indicam que o recurso à comunicação através do
“Facebook” não é tão distinto dos comportamentos que os indivíduos têm na
comunicação offline, ou seja, a ação do indivíduo não é marcada pela criação de
uma “personagem virtual” distinta do envolvimento político em ambiente
presencial (Miller, Bobkowski e Maliniak, 2015). A maior diferença residirá no
número de interações registadas nas redes sociais, tornando o impacto de cada
comunicação menos visível ou percetível numa abordagem mais global.