OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
VOL12 N1, TD1
Dossiê temático Relações Internacionais e Redes Sociais
Julho 2021
166
A AGENDA DA VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19.
A ATUAÇÃO DE FONTES OFICIAIS EUROPEIAS E PORTUGUESAS
NO FACEBOOK, INSTAGRAM, TWITTER E LINKEDIN
CLARA ALMEIDA SANTOS
clara.santos@uc.pt
Professora auxiliar no Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra (Portugal), investigadora integrada no CEIS20.
OLGA ESTRELA MAGALHÃES
olgamagalhaes@med.up.pt
Coordenadora do Gabinete de Comunicação e Imagem da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
(Portugal), investigadora do CINTESIS.
CATARINA DUFF BURNAY
cburnay@ucp.pt
Professora Associada da FCH/UCP (Portugal), Coordenadora do Mestrado em Ciências da Comunicação e
investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (CECC).
RITA ARAÚJO
rita.manso.araujo@gmail.com
Investigadora do CECS Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, Instituto
de Ciências Sociais (Portugal).
Resumo
A autorização da primeira vacina contra a Covid-19 e o início da vacinação na União Europeia
constituem um momento muito singular a vários níveis. Em pleno contexto de pandemia e de
infodemia epidemia também reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que
consiste no aumento anormal de informação sobre determinado tema específico e que
acarreta o risco de multiplicação de fenómenos graves de desinformação a necessidade de
transmitir informação e de manter uma proximidade comunicativa por parte das entidades
oficiais (europeias e nacionais) responsáveis pelo processo de vacinação é imperiosa. Neste
artigo, analisa-se a forma como Comissão Europeia (CE), Agência Europeia do Medicamento
(AEM), OMS - Gabinete para a Europa (OMS - GE), Centro Europeu para a Prevenção e
Controlo de Doenças (CEPCD), Representação Portuguesa da Comissão Europeia (RepCE),
Governo de Portugal (Gov/PT), Direção Geral da Saúde (DGS), Serviço Nacional de Saúde
(SNS) utilizam as redes sociais digitais Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn para
comunicar a vacinação durante um mês, a partir da data de autorização da vacina pela AEM
(21/12/2020). Para tal, foram recolhidas todas as publicações das fontes referidas nas quatro
redes, totalizando719 ocorrências às quais foram aplicadas técnicas de análise de conteúdo.
Os resultados mostram que as fontes oficiais portuguesas e europeias usam as redes sociais
digitais para dar acesso a informação confiável sobre vacinação contra a Covid-19: mais de
um terço dos posts analisados têm hiperligações para websites institucionais e mais de
metade revelam um enquadramento informativo. Por outro lado, a análise sugere a existência
de um forte aproveitamento do momento para capitalizar a esperança como ativo político.
Este estudo de caso, de caráter exploratório, mostra a importância da análise dos media
sociais no contexto da campanha de vacinação contra a Covid-19.
Palavras chave
Covid-19; Vacinação; Redes Sociais Digitais; Desinformação; União Europeia.
Como citar este artigo
Santos, Clara A.; Magalhães, Olga E.; Burnay, Catarina D.; Araújo, Rita. A agenda da
vacinação contra a COVID-19. A atuação de fontes oficiais europeias e portuguesas no
facebook, Instagram, Twitter e Linkedin. Dossiê temático Relações Internacionais e Redes
Sociais, VOL12 N1, TD1, Julho de 2021. Consultado [em linha] em data da última consulta,
https://doi.org/10.26619/1647-7251.DT21.11
Artigo recebido em 5 de Janeiro de 2021 e aceite para publicação em 20 de Março de
2021
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A agenda da vacinação contra a COVID-19. A atuação de fontes oficiais europeias e portuguesas no
Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn
Clara Almeida Santos, Olga Estrela Magalhães, Catarina Duff Burnay, Rita Araújo
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A AGENDA DA VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19.
A ATUAÇÃO DE FONTES OFICIAIS EUROPEIAS E PORTUGUESAS
NO FACEBOOK, INSTAGRAM, TWITTER E LINKEDIN
CLARA ALMEIDA SANTOS
OLGA ESTRELA MAGALHÃES
CATARINA DUFF BURNAY
RITA ARAÚJO
1. Introdução
Foi bastante surpreendente quando o Comissário Europeu Thierry Breton, em maio de
2020, intervindo num debate promovido pelo Regulation Center in Europe, afirmou que
a desinformação era “a doença do século”. No meio da pandemia de Covid-19, a
declaração era suscetível de parecer, no mínimo, desajustada. Podemos, no entanto,
estar bastante seguros de que estamos a lidar globalmente com uma sindemia, conceito
desenvolvido por Merrill Singer (2009) que define epidemias complexas que implicam
interações de diferentes doenças. Juntamente com e alimentado pela Covid-19,
desenvolveu-se a nível mundial uma infodemia. O termo “infodemia foi aliás cunhado
em 2003
1
por David Rothkopf para descrever a sobreabundância de informação que
acompanhou o surto provocado pelo SARS-CoV-1 (o “primeiro” coronavirus). Uma
infodemia, tal como definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é uma
“sobreabundância de informação alguma exata e outra não que ocorre durante uma
epidemia”. A infodemia pode levar à confusão e, em última análise, à desconfiança nos
governos e na resposta de saúde pública
2
. A dimensão da presente infodemia (e
consequente sindemia, de acordo com Santos et al 2021) é amplificada pela utilização
maciça sem precedentes da tecnologia e dos meios de comunicação social.
Investigadores (e.g. Cinelli et al, 2020) estão a utilizar variantes de modelos epidémicos
padrão para simular a disseminação de informação nos meios de comunicação social.
Na verdade, uma das dimensões fundamentais desta crise global é a dependência digital.
A digitalização (correspondendo às duas dimensões de digitazation e digitalization)
tornou possível ultrapassar muitas das restrições que o mundo teve de enfrentar. Os
1
https://www.washingtonpost.com/archive/opinions/2003/05/11/when-the-buzz-bites-back/bc8cd84f-
cab6-4648-bf58-0277261af6cd, acedido a 21 de janeiro de 2021.
2
https://www.who.int/teams/risk-communication/infodemic-management, acedido a 21 de janeiro de 2021
(tradução livre).
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confinamentos aumentaram o tempo passado online e mudaram os hábitos digitais. De
acordo com o Reuters Institute Digital News Report 2020, e não surpreendentemente, a
utilização de meios de comunicação digitais e das redes sociais online aumentou de forma
substancial na maioria dos países. Neste aspeto (como em outros), a Covid-19 não tem
precedentes: é “a primeira pandemia da história em que a tecnologia e os meios de
comunicação social estão a ser utilizados em grande escala para manter as pessoas
seguras, informadas, produtivas e ligadas. Ao mesmo tempo, a tecnologia de que
dependemos para nos mantermos ligados e informados permite e amplifica uma
infodemia que continua a minar a resposta global e a pôr em risco as medidas para
controlar a pandemia”
3
. No início de Maio de 2020, a Comissão Europeia registou
diariamente mais de 2.700 artigos com “notícias falsas” relacionadas com a Covid-19 nas
redes sociais digitais, incluindo publicações falsas ou enganosas.
Em outubro de 2018, várias plataformas e empresas incluindo o Facebook, o Twitter,
a Google e a Mozilla assinaram um “Código de Conduta”, sob os auspícios da Comissão
Europeia, que implica uma série de compromissos para combater a desinformação online.
Desde então, os signatários têm produzido relatórios de auto-avaliação periódicos sobre
as medidas levadas a cabo “desde a transparência na publicidade política até ao
encerramento de contas falsas, bem como a desmonetização dos instigadores de
desinformação”
4
. O objetivo declarado é “contribuir para uma redução rápida e
mensurável da desinformação online
5
.
De acordo com o relatório do Facebook de dezembro de 2020
6
, mais de 401 mil conteúdos
foram removidos do Facebook e do Instagram por conterem desinformação
(misinformation, ver conceito mais à frente neste artigo) que poderia levar a dano físico
iminente, tais como “informações” relacionado com medidas preventivas falsas ou
“notícias” sobre curas exageradas, bem como 40 mil conteúdos relacionados com a
Covid-19 que violavam os padrões da plataforma sobre vendas de medicamentos.
A guerra contra a infodemia é particularmente relevante para prevenir e controlar os
efeitos da sindemia. Como afirmou Josep Borrell, vice-presidente da Comissão Europeia:
“a desinformação na era do coronavirus pode matar. Temos o dever de proteger os
nossos cidadãos tornando-os conscientes da informação falsa e denunciando os agentes
responsáveis por tais práticas”
7
.
1.1. “Desordem informativa”
Seguindo as recomendações da UNESCO (Ireton e Posetti, 2018), o utilizaremos o
termo popular “fake news” para referir as desordens informativas. Wardle e Derakhshan
(2017) descartam a utilização do termo por duas razões: por um lado, porque tem sido
3
https://www.who.int/news/item/23-09-2020-managing-the-covid-19-infodemic-promoting-healthy-
behaviours-and-mitigating-the-harm-from-misinformation-and-disinformation. Acedido a 21 de Janeiro de
2021 (tradução livre).
4
https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/STATEMENT_18_5914, acedido a 3 de fevereiro de
2021 (tradução livre).
5
Idem
6
https://ec.europa.eu/digital-single-market/en/news/latest-set-reports-and-way-forward-fighting-covid-
19-disinformation-monitoring-programme, acedido a 20 de janeiro de 2021.
7
https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/ip_20_1006, acedido a 3 de fevereiro de 2021
(tradução livre).
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utilizado por políticos para descrever coberturas noticiosas que consideram
“desagradáveis”; por outro lado, porque os autores entendem que é “lamentavelmente
inadequado para descrever os fenómenos complexos da poluição informativa" (Wardle e
Derakhshan, 2017: 5, tradução livre). Além disso, rios outros autores assinalam que
o termo “news” presume a existência de informação que é veiculada após um processo
de verificação profissional, o que não é o caso das “fake news”. Os mencionados
autores cunharam a expressão “information disorder”, que traduzimos para “desordem
informativa” para descrever um fenómeno muito mais complexo que considera duas
dimensões: falsidade e intencionalidade (ou dolo). A “desordem informativa” inclui três
tipos de informação “tóxica” (mantemos os termos em inglês por não haver distinção em
português, sendo concatenados na expressão única “desinformação”): misinformation,
disinformation e mal-information. Os casos de misinformation e disinformation são
ambos caracterizados pela falsidade. A diferença entre eles, de acordo com a proposta
de Wardle e Derakhshan (2017), é que a misinformation não tem a intenção de produzir
dano, sendo de certa forma produzida por negligência. A disinformation, por sua vez, é
veiculada com intenções maliciosas. A disinformation pode incluir diferentes formas de
conteúdo e contexto propositadamente forjados, tal como se pode ver na figura 1.
Figura 1. Conceitos de misinformation, disinformation e mal-information
Fonte: Ireton e Posetti (2018)
A mal-information, apesar de maliciosa, baseia-se na realidade. Factos verdadeiros ou
parcialmente verdadeiros são utilizados na maior parte dos casos, mas não são a
totalidade da história que é intencionalmente amputada, sendo a narrativa construída
com o propósito de “inflingir dano a uma pessoa, a uma organização ou a um país”
(Wardle e Derakhshan, 2017: 46, tradução livre).
No contexto da sindemia de Covid-19, a desordem informática combinada com a
referida utilização sem precedentes das redes sociais digitais cria um gigantesco desafio
para as autoridades que precisam de manter a população informada com rigor sobre o
vírus e a doença, além de disseminar importantes mensagens sobre saúde. Crises
epidémicas anteriores no século XXI demonstraram como a desordem informativa
pode ser danosa e eventualmente letal (e.g. Oyeyemi et al 2014; Knobler et al, 2004).
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Acresce que, dada a incerteza do que diz respeito ao vírus e à doença, “proliferam versões
distorcidas dos conceitos e de factos científicos, através de narrativas
extraordinariamente plausíveis e de formas retóricas que florescem no meio da escassez
de conteúdos a recomendar biossegurança durante uma pandemia” (Vasconcellos-Silva
e Castiel, 2020: 2). Os mesmos autores afirmam que a distorção de factos emergido
numa das formas mencionadas da “desordem informativa” prolifera na ausência de
uma narrativa oficial. Como postulado pela OMS no âmbito da 1.ª Infodemiology
Conference, realizada em junho e julho de 2020, “tal como os agentes patogénicos em
epidemias, a desinformação difunde-se mais e mais rapidamente e acrescenta
complexidade à resposta de emergência sanitária”
8
. A OMS reconhece a dificuldade de
encontrar fontes fidedignas e orientações fiáveis. E “mesmo quando as pessoas têm
acesso a informação de alta qualidade, ainda existem barreiras que têm de ultrapassar
para tomarem as medidas recomendadas”
9
.
A utilização das redes sociais digitais pelos governos e outras entidades oficiais pode ser
considerada como uma parte das práticas em evolução da governação digital. Tal como
afirma Magro (2012) a partir da análise de uma série de casos de estudo, a utilização de
redes sociais digitais durante a gestão de crises é uma importante tarefa para os
governos. De acordo com Dadashzadeh (2010), utilizar redes sociais digitais na
governação acarreta benefícios consideráveis, tais como: melhorar as condições sociais
e económicas dos cidadãos, providenciar acesso, comprometer e educar todos os
cidadãos, melhorar a prestação de contas dos governos através da transparência
crescente, melhorar a eficácia de iniciativas e dar aos cidadãos a oportunidade de dar
retorno.
1.2. Comunicação de saúde: a campanha de vacinação contra a Covid-
19
A campanha de vacinação contra a Covid-19 que começou a 27 de dezembro de 2020
em todos os Estados-Membros da União Europeia (UE) representa um momento muito
singular em vários aspetos. Em primeiro lugar, devido ao seu caráter institucional,
concertado, transacional, político e científico em resposta ao “desafio mais formidável
num século para a humanidade” (Jeyanathan et al, 2020, tradução livre). No que diz
respeito à comunicação, uma campanha de vacinação que acontece no meio de uma
pandemia e infodemia aumenta drasticamente a necessidade de as fontes oficiais
disseminarem informação rigorosa e confiável. A vacinação é, aliás, o tema de um dos
mais conhecidos casos de estudo sobre os efeitos da desordem informativa. Em 1998,
Andrew Wakefield publicou um artigo na prestigiada revista médica The Lancet que
estabelecia uma relação entre a vacina contra a papeira, sarampo e rubéola e casos de
autismo. A revista acabou por desmentir o artigo em 2010, uma vez que os resultados
foram desacreditados e considerados falsos, mas a mensagem tinha chegado a muita
gente (Arif et al, 2020), nomeadamente através de notícias que davam conta dessa
relação. No ambiente online, tanto a informação como a desinformação permanecem (e
8
https://www.who.int/news-room/events/detail/2020/06/30/default-calendar/1st-who-infodemiology-
conference, acedido a 20 de janeiro de 2021.
9
Idem
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permanecem). Como concluem os referidos autores, combater a desinformação sobre
vacinas pelas autoridades sanitárias é parte da solução. As autoridades políticas e
sanitárias enfrentam muitos desafios, na medida em que a comunicação pública sobre
saúde pública sobre vacinas pode o ser eficaz e pode, na realidade, “aumentar as
perceções erradas ou reduzir a intenção de vacinação” (Nyhan et al, 2014: 2013). Os
autores defendem a necessidade de mais estudos sobre mensagens pró-vacinação e que
as mensagens devem ser cuidadosamente testadas antes de serem tornadas públicas.
Figura 2: Vontade de ser vacinado/a contra a Covid-19 por país
Fonte: Neumann-Böhme et al. (2020)
Um estudo conduzido por Neumann-Böhme et al (2020) mostrou a vontade de cidadãos
europeus de sete países (Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Portugal, Holanda e Reino
Unido) de ser vacinados contra a Covid-19. Os resultados mostram que 73.9% dos 7664
participantes afirmaram que queriam ser vacinados. A vontade positiva varia entre 62%
em França e aproximadamente 80% na Dinamarca e no Reino Unido. Apenas 7.2%
afirmaram que não queriam ser vacinados. França, Portugal e a Alemanha apresentaram
a maior taxa de inquiridos a manifestar a sua incerteza relativamente à vacina. Quando
questionados sobre os motivos da sua incerteza, mais de metade (55%) demonstrou
preocupação com os potenciais efeitos secundários da vacina. Cerca de 15% declarou
preocupação com a segurança da vacina.
Neste contexto, é fulcral reconhecer a importância da comunicação de saúde que emergiu
como um dos mais importantes assuntos de saúde deste século (Ishikawa e Kiuchi,
2010). Acresce que vários autores concordam que se trata de um fator essencial para
combater a Covid-19 (Finset et al, 2020; Fielding, 2020). Efetivamente, o aparecimento
súbito do SARS-CoV-2 veio realçar a importância da comunicação de saúde e da literacia
em saúde no âmbito das doenças infeciosas. A constante evolução do vírus e do
conhecimento científico sobre o tema leva as pessoas a procurar informação de modo a
adaptar os seus comportamentos (Paakari e Okan, 2020), obter respostas às suas
dúvidas e limitar a transmissão.
Assim, não surpreende que a infodemia no contexto da Covid-19 coloque um sério
problema de saúde pública” (Zarocostas, 2020), que é necessário um nível adequado
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de literacia em saúde para lidar com a desordem informativa. Nesse sentido, a pandemia
trouxe relevo ao problema de saúde pública que é a baixa literacia em saúde (Paakari e
Okan, 2020). Com efeito, “fornecer à população dados científicos baseados em evidências
é benéfico e necessário, mas não conduz necessariamente a uma correta compreensão
ou interpretação da informação por parte dos indivíduos” (Biasio et al, 2020). Vários
estudos reconhecem a importância da literacia em saúde como sendo um fator
determinante dos resultados em matéria de saúde e como podendo evitar custos
desnecessários (Parker e Ratzan, 2010, Berkman et al, 2010, Paasche-Orlow e Wolf,
2010). É também amplamente reconhecida a associação entre a literacia e o
envolvimento em decisões relacionadas com a saúde, tais como a gestão de uma doença
crónica ou a adoção de comportamentos de promoção da saúde e de prevenção de
doenças (Rudd et al, 2012, Zarcadoolas et al, 2006). A vacinação é um dos
comportamentos preventivos de doenças que podem ser severamente afetados por
baixos veis de literacia, bem como pela desordem informativa. A relutância na
vacinação é reconhecida pela OMS como uma ameaça à saúde global. Acresce que a
rápida produção das vacinas contra a Covid-19 e a informação sobre o seu
desenvolvimento e implementação, bem como acerca da sua segurança e eficácia, pode
constituir um desafio para os indivíduos no que diz respeito à seleção e processamento
da informação (Vanderpool et al, 2020).
Assim, os media noticiosos desempenham um papel central na promoção da saúde, uma
vez que constituem a fonte de informação principal do público leigo. Durante uma crise
de saúde pública, as pessoas dependem dos meios de comunicação social para a
transmissão de informação rigorosa e atualizada que permita tomar decisões de saúde
devidamente informadas. É igualmente importante “formar cientistas e agências
governamentais para discutir em linguagem simples os benefícios de uma futura vacina
contra a Covid-19 com os media” (Schiavo, 2020: 74). A linguagem médico-científica é
um dos problemas tradicionalmente identificados pelos jornalistas na comunicação de
saúde e de ciência. Todas as estratégias que possam melhorar as competências
individuais das fontes para comunicar com diferentes públicos, incluindo jornalistas, são
bem-vindas. Assim, reveste-se da maior importância a intervenção e especialização de
profissionais da comunicação que compreendam as rotinas mediática e dominem
estratégias de comunicação eficazes (Magalhães, 2020).
As autoridades de saúde e os líderes políticos são responsáveis pela mitigação de
potenciais desordens informativas em torno da vacinação através da comunicação. As
redes sociais digitaispossibilitam a comunicação num “ambiente desintermediado”
(Vicario et al, 2016), precisamente o mesmo ambiente que pode alimentar a confusão,
encorajar a desconfiança, permitir a proximidade comunicativa e veicular informação
legítima e rigorosa.
A campanha de vacinação na UE constitui-se como um momento muito valioso para
analisar a forma como as fontes oficiais utilizam as redes sociais digitais para encorajar
a vacinação, para afastar dúvidas e apreensões sobre a segurança das vacinas e para
divulgar factos fiáveis que contrariem eventuais desordens informativas.
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2. Desenho da investigação e metodologia
As redes sociais digitais constituem, nas dinâmicas comunicacionais contemporâneas, os
principais veículos de desordens informativas (Newman et al, 2020). Os temas
fraturantes tornam-se permeáveis à construção instantânea e à rápida disseminação de
teorias da conspiração e de perspetivas pouco fundamentadas, motivando, no contexto
de uma pandemia como a Covid-19, reações exageradas ou subreações (Pennycook et
al, 2020). Estas reações põem em causa a segurança do indivíduo, mas, neste caso
específico, a segurança da própria comunidade, tornando difícil o controlo da doença e
dos seus efeitos globais. Num esforço conjunto, foram desenvolvidas estratégias para
combater a proliferação de notícias falsas ou distorcidas em torno do Covid-19, de um
ponto de vista da comunicação/jornalismo e jurídico, mas também pelas redes sociais
digitais, mostrando-se mais agressivas do que têm sido em temas políticos (Radu, 2020,
Nunziato, 2020).
De acordo com o Reuters Digital News Report 2020, Portugal, juntamente com a
Finlândia, é o país, de entre os 40 analisados, que mais confiança deposita nas notícias.
No entanto, menos de 3 em cada 10 portugueses afirmam confiar nas notícias
disseminadas através de redes sociais digitais. Três quartos da amostra demonstra
preocupação com a legitimidade do conteúdo veiculado online. O Facebook é a principal
rede para o consumo de notícias (50.2%), mas é interessante verificar como, num
contexto pandémico, as aplicações de mensagens instantâneas (como o WhatsApp)
ganharam relevo, contribuindo também para a disseminação de desinformação (Cardoso
et al, 2020). Simultaneamente, devido ao seu alcance e capacidade de propagação, as
redes sociais digitais constituem-se como armas poderosas para combater as desordens
informacionais, desempenhando um papel importante na divulgação de políticas e na
educação para saúde (Tsao et al, 2021), sobretudo ao permitir que as fontes forneçam
diretamente aos recetores informação legítima e legitimada. Neste sentido, a utilização
de redes sociais digitais pelas fontes oficiais como um veículo por excelência para
alcançar um público alargado e abrangente registou um aumento, revelando ser um
potencial avanço na gestão das desordens informativas (Butcher, 2021).
Passar a informação de que as vacinas são seguras é um novo desafio na gestão da
comunicação no contexto pandémico. Assim, o presente estudo
10
procurou compreender
a utilização das redes sociais digitais na construção de informação credível e confiável
sobre o tema. Foram selecionadas quatro plataformas Facebook, Instagram, Twitter e
LinkedIn e coligidas todas as publicações sobre vacinação das seguintes fontes:
Comissão Europeia (CE), Agência Europeia do Medicamento (AEM), OMS - Gabinete para
a Europa (OMS - GE), Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (CEPCD),
Representação Portuguesa da Comissão Europeia (RepCE), Governo de Portugal
(Gov/PT), Direção Geral da Saúde (DGS), Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante um
mês, a contar a partir da autorização da primeira vacina na UE (21 de dezembro de
2020).
10
Este estudo faz parte de um projecto mais amplo que visa estudar a comunicação sobre a vacinação Covid-
19 através de uma dupla análise: a cobertura mediática da vacinação Covid-19 nos meios noticiosos
portugueses e a comunicação estratégica das fontes noticiosas oficiais, tanto portuguesas como europeias.
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A relevância da comunicação digital na atual paisagem mediática e informativa é inegável
(Neuman, 2016, Reyna et al, 2018). Assim, as fontes oficiais estão a apostar de forma
crescente neste tipo de comunicação através da promoção dos seus sites e das suas
páginas nas redes sociais digitais, cada vez mais ativas e próximas do público. A seleção
das redes sociais digitais (Facebook, Twitter, Instagram e LinkedIn) baseou-se numa
análise exploratória das plataformas mais utilizadas e promovidas pelas entidades oficiais
escolhidas para este estudo.
De acordo com os dados do Statecounter/Global Stats
11
para o período compreendido
entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, o Facebook tinha uma utilização na Europa de
cerca de 77%, seguido pelo Pinterest (10.3%), Twitter (7.2%) e Instagram (2.1%). Com
vista à comunicação em larga escala, as fontes analisadas utilizaram as três plataformas
de comunicação social de interação mais mainstream (Facebook, Twitter e Instagram),
às quais se acrescentou o LinkedIn, uma plataforma profissional com quase 740 milhões
de membros (166 milhões na Europa), e que mostra sinais de crescimento, tanto em
termos de acesso como em termos de interação.
Tabela 1. Número de seguidores das fontes oficiais em cada plataforma em Janeiro de 2021 (M-
Milhões; m-milhares)
Fonte : Elaboração própria
3. Estudo de caso e análise de dados
O corpus é constituído por 719 posts que referem o tema “vacinas” ou “vacinação”
publicados entre 21 de dezembro de 2020 e 21 de janeiro de 2021 nas ginas verificadas
das referidas fontes oficiais nas suas redes sociais digitais. Foram aplicadas técnicas
de análise de conteúdo após codificação e utilizando o programa Statistical Package for
Social Sciences (SPSS)
12
.
11
https://gs.statcounter.com/social-media-stats/all/europe, acedido a 14 de fevereiro de 2021.
12
Os parâmetros analisados e respetivas variáveis foram os seguintes:
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V1. Redes sociais digitais [indica a plataforma em que o post foi publicado]
1. Facebook
2. Instagram
3. Twitter
4. LinkedIn
V2. Fonte oficial [indica a autoria da publicação]
1. Comissão Europeia
2. OMS - Gabinete Regional para a Europa
3. Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças
4. Governo português
5. Direção-Geral de Saúde
6. Infarmed, IP
7. Serviço Nacional de Saúde
8. Representação Portuguesa da Comissão Europeia
V3 e V4. Multimedialidade [indica os formatos utilizado, num máximo de 2]
1. Texto
2. Fotografia
3. Galeria de fotos (mais do que uma fotografia)
4. Vídeo
5. Áudio
6. Gráfico
7. Poster
8. Animação
9. Live
10. Infografia
V5. Hipertexto [descreve as páginas/locais de destino das hiperligações da publicação]
1. Informação desenvolvida noutros sites sem ser da fonte que publica
2. Mais informação na plataforma onde o post é publicado
3. Outras fontes nacionais (sites)
4. Outras fontes internacionais (sites)
5. Outras redes sociais digitais
6. Site da fonte
7. Repost [quando a publicação é apenas um repost sem outro formato (V3 ou V4)
8. Outros recursos
V6. Hashtags [variável textual que reúne todos os hashtags usados no post]
V7. Âmbito geográfico [indica a abordagem geográfica]
1. Nacional
2. Internacional
3. Ambos
V8. Frame [A partir da análise do discurso do post pretende-se avaliar a motivação/intenção da publicação]
1. Informativa
2. Pedagógica
3. Persuasiva
4. Defensiva
5. Positiva
6. Outra
V9. Tema [indica o tema principal da publicação; a lista de temas potenciais foi adaptada de um projeto de
investigação sobre comunicação de saúde (Lopes et al, 2013; Araújo, 2016).
1. Desenvolvimento da investigação
2. Ácido ribonucleico
3. Ensaios clínicos
4. Validação da vacina
5. Administração da vacina
6. Dificuldades na administração
7. Efeitos adversos
8. Prazos
9. Grupos prioritários
10. Distribuição
11. Armazenamento
12. Incumprimento de prazos
13. Problemas de distribuição
14. Problemas de armazenamento
15. Retratos nacionais
16. Retratos internacionais
17. Decisões políticas
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Os posts foram coligidos nas quatro plataformas durante o período de análise (entre 21
de dezembro de 2020 e 21 de janeiro de 2021) para recolher todos os posts produzidos
pelas fontes estudadas. Os dados foram trabalhados no SPSS e foi feita uma análise
descritiva de todas as variáveis, cruzando resultados quando foi considerado interessante
para trazer mais perspetivas à discussão.
4. Discussão dos resultados
De todas as fontes analisadas, a mais prolífica foi o Serviço Nacional de Saúde,
responsável por 31% do total de publicações, seguida pela Comissão Europeia, com 24%
dos posts.
Tabela 2. Número de publicações por fonte
Fonte: Elaboração própria
O Twitter foi a plataforma mais utilizada com 56,9% de todos os posts, seguido pelo
Facebook, com menos de metade das publicações (22.5%). Todas as fontes (exceto a
Direção-Geral da Saúde) utilizaram mais o Twitter do que qualquer outra rede social
digital (Tabela 3).
18. Decisões de autoridades de saúde
19. Reações políticas
20. Economia
21. Protestos
22. Segurança da vacina
23. Situações profissionais
24. Sucesso europeu
25. Abordagem genérica
26. Autorização
27. Informação técnica/científica
28. Agradecimento
29. Fact check
V10. Protagonista [indica o/a principal protagonista no post ou repost se o post for um repost, indica o autor
do post original]
1. Representante oficial da fonte
2. Especialista
3. Celebridade
4. Político/a
5. Cidadão/ã/ãos/ãs
6. Vários (quando os protagonistas são vários desta lista)
7. Profissional(ais) de saúde
8. Outra fonte oficial
9. Outro
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Tabela 3. Redes sociais digitais utilizadas por cada fonte
Fonte : Elaboração própria
Durante o período analisado, os dias com maior quantidade de publicações (cada um
com mais de 5% do total de publicações) coincidem com: 1) a autorização da primeira
vacina na União Europeia (21 de dezembro de 2020); 2) uma reunião pública organizada
pela AEM sobre a vacinação (8 de janeiro de 2021); 3) o início da vacinação em todos os
Estados-Membros da UE (27 de dezembro de 2020); 4) o dia anterior ao início da
vacinação (26 de dezembro de 2020); 5) a autorização da segunda vacina (6 de janeiro
de 2021) (Tabela 4 e Gráfico 1).
Tabela 4. Número de publicações por data
Fonte : Elaboração própria
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Gráfico 1: Número de posts por data
Fonte: Elaboração própria
Cruzando a data com o tema nestes cinco dias, os temas mais proeminentes são
“Administração da vacina”, “Autorização”, “Abordagem genérica” e “Segurança da
vacina” (Tabela 5).
Tabela 5: Temas em datas específicas
Fonte: Elaboração própria
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Os posts sobre “Administração da vacina” focam-se no início do processo de vacinação
nos Estados-Membros e particularmente em Portugal (no que diz respeito às fontes
portuguesas). O Serviço Nacional de Saúde promoveu uma campanha mostrando
cidadãos e profissionais de saúde a ser inoculados em várias instituições fora da capital
e das principais cidades do país. As fontes europeias também utilizaram este tipo de
abordagem sendo, no entanto, menos prolíficas. Um ponto a sublinhar é a utilização do
hashtag #EUVaccinationDays. O tema “Autorização” refere-se sobretudo a publicações
que destacam o anúncio da autorização das vacinas (Pfizer/BioNTech, a 21 de dezembro
de 2020, e Moderna a 6 de janeiro de 2021). A “Abordagem genérica” regista-se quando
a vacina é mencionada de uma forma genérica, sem qualquer temática específica, ou
quando vários temas o abordados na mesma publicação, o sendo nenhum deles
suficientemente proeminente para ser identificado como “o” tema do post. A “Segurança
da vacina” normalmente identifica conteúdo que assegura os destinatários sobre a
segurança da inoculação, indo ao encontro de uma das maiores preocupações dos
cidadãos.
Estes quatro temas abrangem 79.5% de todas as temáticas nas referidas datas. Se
alargarmos a análise a todo o período temporal, a “Administração da vacina” está
presente em 34.8% dos posts, tema seguido pela “Abordagem genérica” (19.7%) e
“Autorização” (12.2%). Deve também ser realçado que 8.5% dos posts o sobre
“Segurança da vacina”.
Tabela 6. Temas
Fonte : Elaboração própria
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No que diz respeito à multimedialidade, o formato mais utilizado é o texto, presente em
quase 80% do conteúdo analisado. Os posts que não apresentam texto originalmente
publicado pela fonte são reposts. A variável “Poster”, que identifica uma espécie de
cartazes que utilizam fotografia e tipografia, e por vezes ilustração, num formato que se
assemelha a anúncios publicitários, está presente em 28.4% de todos os formatos
usados. Cruzando a multimedialidade com as fontes, verificamos que o Sistema Nacional
de Saúde utiliza este formato em 133 publicações, num total de 223, o que representa o
uso deste tipo de recurso visual em 59.7% de todo o conteúdo publicado. A
Representação Portuguesa da Comissão Europeia também opta por este formato em
29.3% das suas publicações e a Comissão Europeia em 12.8% dos seus posts.. Deve ser
realçado que os “Posters” utilizados pela Representação Portuguesa da Comissão
Europeia são frequentemente os meios utilizados pela própria Comissão Europeia
(traduzidos para português).
Tabela 7. Multimedialidade
Fonte: Elaboração própria
O “vídeo” é sobretudo utilizado pela Comissão Europeia (presente em 20.3% de todos os
posts), sendo o segundo formato mais utilizado por esta fonte (depois do texto) e pela
sua Representação em Portugal (em 24.2% de todas as publicações).
No que diz respeito ao “Hipertexto”, o mais frequente é o reposting (utilizado em
praticamente metade dos posts que têm hiperligações). Este resultado está relacionado
com a ampla utilização do Twitter e com a prática habitual de reposting nesta plataforma.
A partir deste resultado, cruzou-se a variável” Hipertexto”com os “Protagonistas” (Tabela
8) e verificou-se que os reposts são, sobretudo, da autoria de outras fontes oficiais
(nomeadamente as que são analisadas no presente estudo) e de representantes oficiais
da fonte em questão.
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Tabela 8: Hipertexto e protagonistas
Fonte: Elaboração própria
A hiperligação com os sites oficiais da fonte é feita em 37.4% de todas as publicações
onde links. É interessante verificar que o “Hypertexto” está presente em 60.8% de
todos os posts (nem sempre é possível identificar os protagonistas). As fontes que mais
utilizam este expediente são o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças
e o Infarmed, IP (apenas uma das suas publicações não contém hipertexto). O Governo
português utiliza hipertexto em mais de 90% dos seus posts (Tabela 9).
Tabela 9: Hipertexto e fontes
Fonte: Elaboração própria
Vários posts referem de forma simultânea diferentes protagonistas, nomeadamente
cidadãos europeus e profissionais de saúde, o que ocorre com frequência quando o tema
é a “Administração da vacina”. Mas se somarmos as publicações em que os protagonistas
são fontes oficiais com as publicações em que os atores principais são representantes
dessas fontes oficiais, verificamos que este conjunto prevalece sobre as restantes
variáveis (Tabela 10).
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Tabela 10: Protagonistas
Fonte: Elaboração própria
Relativamente ao Frame” discursivo das mensagens, os resultados mostram que a
maioria dos posts (55.4%) é de tipo informativo, veiculando informação clara e objetiva.
Os temas em que esta modalidade discursiva prevalece são “Administração da Vacina”
(43.7% de todas as publicações identificadas como tendo um discurso informativo) e nos
casos em que a vacina é genericamente abordada (em 17.1% de todos os posts
“informativos”) (Tabela 11).
Tabela 11: Temas e enquadramento discursivo
Fonte: Elaboração própria
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Estes são também os temas em que um discurso mais positivo é construído. A abordagem
pedagógica é mais utilizada quando as publicações versam sobre a segurança da vacina
e também quando se publica sobre vários aspetos da vacina e do processo de vacinação
(“Abordagem genérica”).
Em valores absolutos, a fonte mais “Positiva” é a Comissão Europeia, seguida pelo
Sistema Nacional de Saúde (que é a fonte mais “informativa”) (Tabela 12).
Tabela 12: Fontes e enquadramento discursivo
Fonte: Elaboração própria
Quando se pondera o Frame” com o total de publicações, verifica-se que o Sistema
Nacional de Saúde se mantém como a fonte com maior percentagem de publicações
“informativas” (80.7%). A fonte mais “pedagógica” é a Agência Europeia do Medicamento
(31.3% dos posts), seguida de perto pelo Gabinete Regional para a Europa da OMS
(27.3%). O discurso “persuasivo” é mais utilizado pela Comissão Europeia (em 10.5%
dos seus posts) e pela Representação da Comissão Europeia em Portugal (7.1%). O modo
defensivo é ativado pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (6%
das suas publicações). A fonte mais positiva considerando o peso deste tipo de discurso
no total de publicações é a Representação Portuguesa da Comissão Europeia (61.8%),
seguida pela Comissão Europeia (43%).
Cruzando os frames com as redes sociais digitais, o Facebook apresenta a maior
percentagem de publicações registadas como informativas. Em todas as plataformas, os
discursos informativos e positivos somados perfazem uma percentagem muito elevada
de todos os posts (88% no Facebook; 89% no Instagram; 84% no Twitter e 85% no
LinkedIn) (Tabela 13).
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Tabela 13: Enquadramento discursivo por rede social
Fonte: Elaboração própria
5. Considerações finais
Os resultados mostram que as fontes portuguesas e europeias (governamentais e
autoridades de saúde) estão a utilizar as redes sociais digitais para divulgar informação
sobre a vacinação contra a Covid-19. Em média, todas as fontes consideradas, foram
publicados 24 posts por dia durante o mês em que decorreu o estudo. A fonte mais ativa
foi o Sistema Nacional de Saúde que publicou, em média, 7.4 posts por dia.
O Twitter é a plataforma mais utilizada por 8 das 9 fontes analisadas. A exceção é a
Direção-Geral de Saúde, cujo número total de publicações é escasso 17 posts,
representando apenas 2.4% do corpus. Apesar de esta fonte ter desempenhado um papel
muito proeminente desde o início da pandemia também no que diz respeito à
comunicação, o tema da vacinação parece ter sido relegado para o Sistema Nacional de
Saúde. Somando todos os seguidores nas redes sociais digitais das fontes analisadas
nesta investigação (dados de janeiro de 2021), verifica-se que o Facebook lidera com
3.4 milhões de seguidores, seguido pelo Twitter com 1.9 milhões, o LinkedIn com 1.2
milhões e o Instagram 931 mil. Uma explicação possível para a aposta no Twitter, onde
se encontram 56,9% de todos os posts analisados, é o facto de esta plataforma ser muito
frequentada por jornalistas. O Twitter é referido como a ferramenta/fonte preferida por
esta classe profissional dentro do universo das redes sociais digitais (Parmelee, 2013).
Esta possibilidade conduz-nos a uma versão sofisticada e digitalizada da teoria de
Lazarsfeld e Katz do “two-step flow of communication”: ao usar o Twitter (e outras redes
sociais digitais) para comunicar, as fontes oficiais podem alcançar jornalistas de uma
forma não convencional e descomprometida; as fontes dirigem-se diretamente ao
público, sabendo que essa mensagem também vai chegar aos jornalistas. O conteúdo
aparentemente desintermediado adquire, assim, potencial para ser depois mediado pelos
jornalistas que o desempenhar o seu papel de deres de opinião. Nesta versão da
teoria do “two-step flow” as redes sociais digitais estariam no princípio da cadeia e os
media tradicionais na ponta oposta.
Esta estratégia de comunicação também contribui para criar um “buzz effect” típico do
marketing. O enquadramento discursivo positivo da campanha de vacinação (registado
em 30.5% de todas as publicações), especialmente no que diz respeito ao sucesso
europeu, com o processo de administração a começar no mesmo dia em todos os
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estados-membros, contribui para o gatilho emocional necessário para criar esse
“marketing buzz”.
O efeito está dependente da repetição e da redundância: a administração e a autorização
da vacina na UE representam 47% dos temas no corpus analisado. Outra explicação
possível para a utilização do Twitter está relacionada com as características da própria
plataforma que privilegia a publicação frequente de publicações curtas. O Twitter revela,
mais do que as outras plataformas estudadas, a articulação entre fontes oficiais
europeias, através de frequentes referências cruzadas e “tagging”, especialmente entre
a Agência Europeia do Medicamento e a Comissão Europeia. O Instagram, por sua vez,
baseia-se sobretudo na utilização de imagens e as fontes oficiais servem-se dessa
especificidade para veicular formatos mais promocionais, nomeadamente através das
mensagens com formato de poster. A estratégia das fontes considera o potencial
específico de cada plataforma e adapta eficazmente os formatos. Parece, no entanto,
existir algum desprezo pelo LinkedIn (quem tem um número muito considerável de
seguidores nas páginas de várias fontes enquanto que outras fontes nem sequer
possuem página). Dada a natureza desta rede social digital, poderia ser um espaço eficaz
para a disseminação de informação credível e legitimada, alimentando o “two-step flow”.
Com o número de mortes e de infetados a aumentar, depois dos confinamentos e com a
sombra de uma nova vaga de Covid-19, a vacinação constitui uma esperança, uma “luz
ao fundo do túnel”, como é constantemente repetido. Essa esperança foi capitalizada
pelas fontes oficiais (sobretudo governamentais, tanto portuguesas como europeias)
também com assinaláveis intenções políticas. O momentum, especialmente no que se
refere à autorização da vacina e o arranque da campanha de vacinação, foi favorável à
promoção dos ideais europeus de solidariedade, de trabalhar por objetivos comuns e
conseguir alcançá-los. A Comissão Europeia e a sua Representação em Portugal são as
fontes mais “positivas”, o que é consistente com a importância de reforçar o projeto
europeu num contexto adverso. Esta positividade é sublinhada pela utilização abundante
de hashtags como #EUVaccinationDays, #StrongerTogether e
#UnitedAgainstCoronavirus.
O aproveitamento político e o tom edificante não significam que as principais
preocupações com a vacinação garantir a sua segurança e disponibilizar informação
legítima e legitimada para mitigar desordens informativas não tenham sido acauteladas
pelas práticas comunicativas das fontes nas redes sociais digitais. Em mais de um terço
das publicações existem hiperligações para informação desenvolvida nos sites oficiais das
fontes. Também deve ser sublinhado que o discurso informativo é o mais frequente (em
55.4% das publicações). A estratégia de veicular informação fidedigna por fontes
confiáveis é também assim levada a cabo. No entanto, parece que esta tarefa foi, em
termos muito mais amplos, confiada às próprias plataformas através de diversas
iniciativas que o Twitter, o Facebook, o Instagram e também o TikTok se comprometeram
a desempenhar.
Este estudo de caso revela a importância da análise das redes sociais digitais no contexto
da vacinação contra a Covid-19. Será utilizado como estudo exploratório das práticas
digitais das fontes oficiais durante a campanha de vacinação na UE.
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A agenda da vacinação contra a COVID-19. A atuação de fontes oficiais europeias e portuguesas no
Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn
Clara Almeida Santos, Olga Estrela Magalhães, Catarina Duff Burnay, Rita Araújo
188
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