directos, indirectos, imediatos, longínquos (mesmo que determinadas sociedades
possam aparentar impermeabilidade a um conjunto de fenómenos).
Esta lógica está subjacente a uma digitalização intensiva das nossas vidas, expostas a
um continuo caudal informativo e a assíduas partilhas. A célere circulação da informação
em rede apresenta uma natureza modeladora de opiniões incessantes, num debate
público cada vez mais marcado pelas questões de natureza globalizante. Cientes desta
situação, os agentes públicos (governos, agentes políticos, grupos de interesse e
corporações) dão primazia ao fenómeno comunicativo como “arsenal” estratgico de
negociação, dominação. Vislumbramos um abandono da percepção da comunicação
como um instrumento de soft power
, de domínio comum e que seria difícil
resumir aqui, seria o paradigma ilustrativo da utilização comunicativa como definidora
de relações de poder na cena internacional. Este é o ponto partida para este número
temático. Os artigos que abarcam este dossier desmultiplicam esta questão em várias
dimensões significativas;
Um primeiro eixo discute a importância das ferramentas digitais ao serviço do que se
advoga como “ciberdiplomacia”. Uma primeira ponderao aborda o cenrio de migrao
tecnológica para a realidade 5G, que abre disputas acérrimas entre Estados, atendendo
as questões de segurança e defesa que levanta (Texto 1; Muñoz-Satre, Rodrigo-Martín
e Rodrigo-Martín). Um segundo texto avalia a estratégia de comunicação do Qatar para
reabilitar a sua credibilidade internacional. São discutidos os procedimentos operados
desde uma gestão de crise, depois do país da península arábica ser acusado pelos seus
vizinhos de apoiar causas terroristas, sendo alvo de sanções internacionais (texto 9;
González).
Um segundo bloco discute as questões da desinformação. O texto 3 (Guzmán e
Rodríguez-Cánovas) analisa de forma abrangente as estratégias usadas pelos Estados
para difundirem informações falsas, com o claro intuito de capitalizarem dividendos
políticos. Questão que se materializada de forma mais concreta na reflexão que propõe
um olhar acerca da tensão existente entre a União Europeia e os ataques de
desinformação mobilizados pelas agendas chinesa e russa (texto 6; Benedicto).
O texto 10 de Magallón-Rosa e Sánchez-Duarte relaciona as questões da desinformação
no contexto da pandemia, numa lógica comparativa dos países do sul da Europa. Fazendo
a ponte entre a temática da desinformação com o actual contexto pandémico que
vivenciamos, sendo este o terceiro eixo norteador deste número da Janus.net, e-journal
of international relations, que propõe mais dois textos para complementar a reflexão
epidémica. Um artigo aborda os mecanismos de comunicação usados pelas entidades
europeias e portuguesas, que tutelam a gestão das vacinas, para comunicarem o plano
de vacinação (texto 11; Santos et al). Um segundo artigo observa o fenómeno do
turismo, marcado por um forte cenário de informação oscilante e de incerteza global
(texto 13; Caldevilla-Domínguez et al).
Um quarto bloco discute o papel das redes sociais como instrumento de comunicação
política; por parte das casas reais espanhola e britânica (texto 2; Rodríguez, Vázquez e