OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
e-ISSN: 1647-7251
Vol. 12, Nº. 1 (Maio-Outubro 2021)
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O PAPEL DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS NA DIPLOMACIA
CULTURAL E O SOFT POWER ENTRE A CHINA E A UNIÃO EUROPEIA
SILVIA MARÍA GONZÁLEZ FERNÁNDEZ
silviamaria.gonzalez@gmail.com
Doutorada em Lazer e Desenvolvimento Humano pela Universidade de Deusto. Mestre em Direito
Civil e Comercial pela Universidade de Xiamen. Trabalha em Segurança e Saúde Ocupacional:
Prevenção de Riscos Ocupacionais na Câmara de Comércio Espanhola e em Gestão de Projetos
de Lazer: Turismo, Cultura e Desporto na Universidade de Deusto (Espanha). Especialista em
Gestão Cultural local pela Universidade de Deusto e em Direito Internacional pela Academia de
Direito Internacional de Xiamen. Escreveu artigos internacionais e tem trabalhado na
Universidade de Deusto, CiCtourgune, DuPont e Universidade de Oviedo. Atualmente é
consultora freelance e investigadora em diversos projetos europeus. As suas áreas de interesse
são branding urbano, diplomacia cultural, política cultural, geso cultural, gestão e comunicação
de eventos, gestão do turismo, indústrias criativas e culturais e cooperação.
Resumo
O presente artigo analisa os diferentes termos usados na diplomacia pública e as relações
simbióticas que unem a União Europeia e a China através da cultura, mobilidade, diplomacia
cultural e soft power. A primeira parte do artigo analisa os principais tratados e acordos
firmados entre os dois continentes no campo cultural e justifica a mobilidade como motor para
fortalecer as relações entre os países. O objetivo principal e eixo central do artigo é investigar
os papéis desempenhados pelas indústrias culturais e criativas no campo das relações
internacionais e da diplomacia entre a União Europeia, Espanha e China através de um estudo
de caso: uma análise dos artistas chineses em residências espanholas. As metodologias
utilizadas são análises qualitativas e quantitativas assentes em entrevistas aprofundadas a
artistas chineses, inquérito às residências artísticas e mapeamento de Sistemas de
Informação Geográfica (SIG). A última parte do artigo avança algumas reflexões e conclusões
sobre a correlação e relevância das indústrias culturais e criativas na diplomacia cultural ou
mobilidade entre países, o soft power e a imagem de um país no estrangeiro.
Palavras-chave
Diplomacia cultural, China, Espanha, União Europeia, soft power, indústrias culturais e
criativas, sociedade da informação
Como citar este artigo
Férnandez, Silvia María González (2021). O papel das indústrias culturais e criativas na
diplomacia cultural e o soft power entre a China e a União Europeia. Janus.net, e-journal of
international relations. Vol12, Nº. 1, Maio-Outubro 2021. Consultado [online] em data da
última consulta, https://doi.org/10.26619/1647-7251.12.1.3
Artigo recebido em 21 Novembro 2019 e aceite para publicação em 24 Setembro 2020
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O papel das indústrias culturais e criativas na diplomacia cultural e o soft power
entre a China e a União Europeia
Silvia María González Fernández
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O PAPEL DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS E CRIATIVAS NA
DIPLOMACIA CULTURAL E O SOFT POWER
ENTRE A CHINA E A UNIÃO EUROPEIA
1
SILVIA MARÍA GONZÁLEZ FERNÁNDEZ
Introdução
As indústrias criativas desempenham um papel importante na criação, transformação e
definição do conhecimento (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico [OECD], 2018).
Zallo (2003) referiu que, do ponto de vista geográfico, os territórios agem por meio do
poder de influências concêntricas. Nessa perspetiva, podemos entender que as grandes
superpotências se aglutinam em territórios e países, puxando os cordões da comunicação
em todo o mundo, mas sem perder de vista a identidade e as pessoas locais. Os espaços
que não são macro cidades têm direito a permanecer nos seus locais com a sua história,
cultura, cidadãos e tradições, dando um apoio forte às suas vidas. A privatização das
indústrias públicas e a desregulamentação dos canais de comunicação tornaram os
processos de inovação mais competitivos, cooperativos e globalizados.
Consequentemente, uma sociedade justa deve ter diversidade, mantendo a sua própria
identidade cultural e economia. A diversidade cultural é tão necessária para a raça
humana quanto a diversidade biológica o é para os organismos vivos. Nesse sentido,
torna-se património cultural da humanidade e deve ser reconhecido pelas gerações
presentes e futuras (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura [UNESCO], 2001). Por esses motivos, a tolerância, diversidade e comunicação
entre culturas e países são necessárias para a cooperação internacional e a manutenção
de boas relações entre os países. A cultura está ligada à diplomacia cultural e ao soft
power devido à necessidade de coexistência das diferentes comunidades, territórios e
nações da nossa aldeia global. As novas tecnologias e comunicações tornam-nos mais
próximos a cada dia. As análises da diplomacia cultural e da diplomacia soft fornecem-
nos uma ferramenta para melhorar as relações internacionais e alcançar os objetivos dos
países. Nesta seção, analisamos os conceitos de cultura, diplomacia cultural e soft power
para compreender as relações internacionais. Esses elementos estimulam a comunicação
e o diálogo entre países. As indústrias culturais e criativas formam um modelo de massa
que mexe com as consciências através dos seus padrões e canais de comunicação. A
cultura mostra realidades à comunidade por meio de histórias, storytelling e
performances. Expressa desafios, conflitos e ideologias da sociedade. Estamos imersos
num mundo onde coexistem diferentes perspetivas, opiniões e pessoas. Nesse sentido,
1
Artigo traduzido por Carolina Peralta.
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as indústrias culturais e criativas são uma ponte e um nó de conexão para construir
relações entre países e lugares que reflitam as sociedades. Assim, a diplomacia soft é
uma ferramenta para gerar admiração, prestígio e valores da identidade local e nacional,
oferendo um caminho a percorrer. As novas tecnologias mudaram a forma como as
relações diplomáticas são criadas e a nova diplomacia pode agora chamar-se “diplomacia
digital” porque surgiram novos canais, atores e públicos, modificando as relações
governamentais clássicas. O substrato cultural confere prestígio e influência no
estrangeiro, impulsionando uma cooperação rápida. A China lidera a economia cultural e
criativa para ganhar prestígio e poder económico em todo o mundo e a Europa é pioneira
neste setor. Por esta razão, o poder dos intangíveis para criar relações amigáveis e
económicas é frequentemente subestimado. No entanto, as indústrias culturais e
criativas oferecem a oportunidade de retratar a imagem de um país no estrangeiro e
construir relações internacionais. Governos locais, universidades e outras instituições
devem investir nesta área estratégica de comunicação em todo o mundo.
A cultura como ferramenta de diálogo entre civilizações
A UNESCO define “cultura” como o conjunto de características espirituais, materiais,
intelectuais e emocionais distintas da sociedade ou grupo social que abrange, além da
arte e literatura, estilos de vida, formas de viver em conjunto, sistemas de valores,
tradições e crenças” (UNESCO, 2001). A cultura é uma ferramenta para criar o diálogo
entre as comunidades, fortalecendo a coesão social, a paz social e o desenvolvimento
económico. A diplomacia cultural é o mecanismo usado para comunicar entre diferentes
culturas. Implica intercâmbios culturais entre comunidades ou países para promover a
cultura nacional. As pessoas usam a cultura como uma carta de apresentação para gerar
admiração, poder, se apresentarem ou promoverem o entendimento em países
estrangeiros. Cummings (2003) descreveu a diplomacia cultural como um conjunto de
ideias, informações e intercâmbio de arte entre nações e locais que tem o objetivo de
estimular o entendimento mútuo. Para outros investigadores (Belanger, 1999; Kim,
2011), a diplomacia cultural é estudada como uma estratégia de comunicação
internacional para produzir impactos e mudanças na opinião pública nos países do
Terceiro Mundo. Por essas razões, o conceito de cultura e diplomacia pública assenta no
significado de poder. Joseph Nye (2008) combinou os conceitos de poder e cultura e
denominou-o “soft power”. O soft power tem, por exemplo, a capacidade de alcançar
objetivos próprios e persuadir os outros a fazer algo que de outra forma não fariam. O
conceito transmite persuasão e também influência. A diplomacia cultural foi criada no
final da Guerra Fria. A hostilidade e inimizade entre os países surgem de mal-entendidos
e ignorância. O Conselho Científico de Política Governamental da Holanda (1987)
declarou que a eliminação desses mal-entendidos promoveria a paz em todo o mundo.
As condições para a geração de soft power num país são valores, ideias, projetos
relacionados com a cultura e a credibilidade do país, conforme demonstrado pelo seu
comportamento (Snow, 2009). Os atores envolvidos neste processo sempre foram os
estados, mas as novas tecnologias de informação e comunicação trouxeram outros atores
não governamentais, como universidades, organizações científicas, instituições culturais,
think tanks, associações, organizações não governamentais, o setor empresarial, artistas
e sociedades civis.
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Anholt (2010) argumentou que a Nova Diplomacia Pública é gerida pelas quatro áreas
estratégicas de governança, inovação, competitividade e internacionalização. Todas
essas áreas são responsáveis pela gestão holística de um país. De acordo com esse
especialista, a diplomacia pública mudou porque as comunicações e as redes mudaram.
Canais e públicos mudaram, portanto, no cenário internacional.
Neste sentido, a comunicação é essencial. As pessoas e entidades são responsáveis por
tecer uma nova diplomacia pública, interação pessoa-a-pessoa (diplomacia civil) e
intercâmbios culturais entre o governo educacional e os cidadãos. Manfredi (2012)
observou que uma relação sinérgica surge entre esses ts conceitos que envolvem todos
os intervenientes, coordenada por uma estratégia internacional de branding do país. O
intercâmbio cultural envolve não apenas a cultura de um país, região ou cidade, mas
também o seu conhecimento, ciência, pesquisa e desenvolvimento, pensamentos e
valores. É também a construção do trabalho em rede entre todos os atores da sociedade
e a coordenação de todos os atores dentro e fora do país. Estay Rodríguez (2009)
destacou que o soft power oferece um método indireto para atingir um objetivo
internacional por meio de prestígio, valores, prosperidade e economia. Promove a
cooperação em países terceiros e ajuda os países a unir forças e a desenvolver-se juntos.
O Instituto Confúcio da China está a envidar esforços relativamente às questões culturais
assentes numa base ideológica que envolve o Confucionismo, o Taoísmo e o Budismo.
Mejía Mena (2015) observou que todos esses esforços apostam em refletir a cultura
mundial, a imagem e o poder para manter a paz entre os Estados. Fatores como
reputação, atrações turísticas, produções musicais, cinema, exportação de moda,
qualidade de vida, gastronomia, investimento estrangeiro e valores (incluindo
democracia, liberdade, mobilidade social e política externa) ajudam a reforçar o poder
contra outros países. Estay Rodriguez (2009) refere que as características do soft power
são cultura, democracia, linguagem, ajuda e cooperação, produção de cinema e ciência.
O soft power de um país reflete-se na credibilidade e no prestígio das suas instituições e
marcas. Nessa linha, nova diplomacia pública é um termo difuso. Pode ser diplomacia
digital. Diplomacia digital é um novo termo que surgiu com as novas TICs, e com as
redes sociais como o Twitter e o Facebook (Pohan, Pohan, & Savitri, 2016), que têm o
poder de atingir distinta audiências e públicos. De acordo com Park, Chung e Park (2019),
big data é uma ferramenta importante para medir e avaliar a influência das redes sociais
nas questões diplomáticas. Atualmente, todos os atores envolvidos na gestão da marca
do país o responsáveis pela diplomacia cultural e pública. Eles podem influenciar e
participar nas decisões nacionais. As indústrias culturais e criativas têm uma influência
importante na difusão e geração de novos públicos. Os processos comunicativos tornam-
se mais horizontais e, portanto, têm um papel ativo nas relações diplomáticas e na
diplomacia soft. Al-Muftah, Weerakkody, Rana, Sivarajah e Irani (2018) argumentam
que o termo "e-diplomacia" é semelhante a "diplomacia digital" e que as TICs constituem
uma ferramenta básica para promover transparência e governo aberto, reduzir a
complexidade operacional e melhorar as interações entre países. Nesse sentido, cultura
e turismo são conceitos sinérgicos que envolvem as comunidades para definir as suas
identidades (Baranowski et al., 2019) e promovê-las no exterior. A diplomacia cultural é
canalizada por diferentes agentes e instituições, e envolve atores diversos. Na maioria
dos países, a diplomacia cultural é canalizada por embaixadas porque elas têm uma rede
mundial e podem trabalhar rapidamente. Porém, hoje em dia, a cultura é administrada
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por governos regionais, cidades e conselhos, e o setor criativo trabalha com diversos
canais e atores, não apenas através de embaixadas. As redes sociais são vitais para a
diplomacia pública e a diplomacia digital usa-as para promover a imagem de um país no
estrangeiro. O mesmo sistema, igualmente um elemento de divulgação de informação,
é muito utilizado em assuntos imediatos, alertas consulares e comunicação entre
consulados. Temos todas as ferramentas para viver num mundo global, mas a cultura
também funciona localmente - eventos locais são publicados localmente.
Na Europa, podemos destacar elementos como cultura, língua, arte, literatura, música,
moda e gastronomia como valores europeus. Elementos adicionais influenciam o poder
político, tais como o investimento em cultura política estrangeira e desenvolvimento de
democracia pública, línguas, Prémio Nobel de Literatura, turismo e qualidade de vida.
Nesse sentido, é necessário um debate público sobre a política de imagem, levando em
consideração o papel do soft power e as reais perceções que os cidadãos têm do seu
país.
Europa e China: principais desafios culturais
Nye (2008) sublinha que a ferramenta soft power da Europa confere-lhe uma capacidade
extraordinária para colocar desafios. A União Europeia e a China estabeleceram relações
diplomáticas em 1975, através do Tratado de Comércio e Cooperação da União Europeia
e da China, ratificado em 1985 (Morgan & Tuijnman, 2009), e sete outros tratados
juridicamente vinculativos (Comissão Europeia, 2012). A China também tem vindo a
desenvolver os seus regulamentos e legislação desde que se tornou membro da
Organização Mundial do Comércio em 2001 (OMC, 2013).
A China foi um dos principais atores na construção política documentada pela Convenção
sobre a Diversidade das Expressões Culturais, adotada pela UNESCO em 2005 e dedicada
ao reconhecimento internacional das funções específicas dos bens e serviços culturais.
Esta convenção também foi adotada para legitimar os direitos dos estados de adotar
políticas nos setores culturais e criativos (Aylett, 2010).
Existem muitas oportunidades de investimento, especialmente com as tendências das
redes sociais, mas ainda existem muitos mal-entendidos interculturais (Centro de PME
da EU, 2014). A Europa quer participar no mercado chinês, mas ambas as partes devem
manter um diálogo produtivo para apoiar o desenvolvimento e promoção das indústrias
culturais e criativas em ambos os mercados - Os intercâmbios culturais entre a Europa e
a China baseiam-se em acordos de cooperação bilateral.
As políticas culturais para os estados membros da União Europeia são administradas
localmente por uma rede política que une os ministérios de assuntos políticos, cultura e
comércio dos governos. Atualmente, um relatório recente da Comissão Europeia
menciona algumas ações para fortalecer os laços através da cooperação estratégica “Os
compromissos e interesses comuns da UE e da China no desenvolvimento sustentável
global e a Agenda 2030 apresentam oportunidades para uma cooperação mais estreita,
inclusive em países terceiros. uma necessidade real de estabelecer parcerias e
fornecer os recursos significativos necessários para atingir os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável” (Comissão Europeia, 2019: 2).
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Tabela 1 - Cooperação e acordos culturais entre a União Europeia e a China
ANO/LOCAL
ORGÃO
DOCUMENTO
2006
Conselho de Assuntos Internacionais
(Bruxelas).
Acordo de cooperação com a China para
promover a estabilidade com a Ásia,
incluindo ASEAN e ASEM.
2008. Pequim
2009. Copenhaga
2010. Xangai
Institutos Nacionais de Cultura da União
Europeia (EUNIC) China.
Terceiro diálogo europeu-chinês sobre
cultura.
2011. Pequim
Ministério do Comércio e Cultura, apoiado
pelo Projeto de Comércio UE-China (2)
(EUCPT 2).
Mesa-redonda.
2011. Shenzhen
Comércio UE-China de serviços criativos.
Conferência sobre comércio.
2012. Chengdu
Comissão Europeia e Fundação
Guanghua.
Diálogo UE-China sobre política de
juventude.
2012. Pequim
UEChina. Comissão Europeia e
Ministério da China.
Diálogo de alto nível UE-China de Pessoas
para Pessoas.
2012. Pequim
DG Educação e Cultura, Comissão
Europeia e Ministério da Cultura Chinesa.
Fórum de alto nível.
2013.
16ª Cimeira UE-China.
Programa estratégico de cooperação
cultural.
2013. Hangzhou
Congresso Internacional de Cultura para
o Desenvolvimento Sustentável.
Documento sobre questões de cultura e
desenvolvimento.
2015.
Declaração Conjunta da Cimeira UE-
China de 2015.
Cooperação UE-China
2019. Bruxelas
Declaração Conjunta da Cimeira UE-
China.
Relações bilaterais
Outros: Agenda Europeia para a Cultura, 2007; Media Mundus; Relatório do Parlamento Europeu em 2009, Livro
Verde elaborado em 2010.
Fonte: Da autora (2019)
Em relação às indústrias culturais e criativas por subsetores, existem poucos tratados
entre os dois continentes:
Destacam-se os seguintes:
- “Tratado de Pequim sobre performances audiovisuais”. O Tratado foi elaborado para
ajudar os artistas audiovisuais - atores de televisão e cinema, músicos, dançarinos e
outros - muitos dos quais saltam de emprego para emprego em circunstâncias
económicas precárias. O Tratado amplia os direitos relacionados com a performance
dos trabalhadores audiovisuais, que podem traduzir-se em pagamentos de
retransmissão mais elevados - um benefício especialmente crítico, que muitas novas
produções se encontram interrompidas devido à pandemia COVID-19. Foi assinado
em abril de 2020
2
.
- "Festival de Música e Arte Juvenil UE-China 2019" assinado em 27 de julho de 2019
em Zandhoven, no qual cerca de 100 jovens e artistas de folclore da Bélgica e da
China se reuniram para apresentações musicais
3
.
2
Disponível em: https://www.natlawreview.com/article/beijing-treaty-audiovisual-performances-comes-
force-china-today-april-28-2020
3
Disponível e informação adicional em: http://www.xinhuanet.com/english/2019 07/28/c_138265065.htm
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Entre os principais eventos europeus realizados na China que refletem a diversidade e
identidade dos diferentes países membros, destacam-se os seguintes (Smits, 2014): Rua
da Europa (2005); Festival de Cinema da UE (2005), Concerto da Orquestra Juvenil da
União Europeia (EUYO) em Pequim (2008); Exposição de Fotografia Olímpica da UE
(2008); EU Extravaganza (2009); Encontros com a Europa (2010); Livro de fotografia
(2010); UE na Expo Xangai (2010); Ano da Juventude UE-China (2011); Dias Abertos da
UE (celebrados anualmente desde 2011); Europa no meu Coração ‘Exposição de Arte
Infantil’ (2011); Ano do Diálogo Intercultural UE-China (2012); Ligações amorosas UE-
China (2012); Exposição fotográfica e livro entre as pessoas da UE China (2012); UE-
China Perseguidores de Sonhos (2013); Conferência Sabor da Europa celebrada em
Pequim em 2013; Festival Europeu de Vinhos e Gastronomia (2013); China nos meus
Sonhos (2013); Festival de Cinema Online (2012 e 2014); Festival europeu de cultura
de rua realizado em Pequim em 2019 e Festival de Música e Arte Juvenil UE-China 2019
na Bélgica mencionado no parágrafo anterior.
Negociações com Espanha
A China e a Espanha estabeleceram relações diplomáticas em 1973. Posteriormente, a
Espanha executou o Plano Ásia-Pacífico para atender à necessidade de estabelecer um
plano estratégico. Este plano foi posto em prática de 2005 a 2008 para fortalecer a
presença espanhola na Ásia através de diálogos bilaterais, viagens e mobilidade de altos
funcionários diplomáticos.
Em 2008-2012, foi assinado um acordo de cooperação científica e tecnológica entre a
Espanha e a China. Ambos os países promoveram o intercâmbio de estudantes. Entre os
acordos principais, destacam-se:
- Acordo de Cooperação Cultural, Educacional e Científica (7 de abril de 1981).
- Acordo de Cooperação e Desenvolvimento Económico e Industrial (15 de novembro
de 1984).
- Acordo Básico de Cooperação Científica e Tecnológica. (5 de setembro de 1985).
- Acordo de Transporte Aéreo e Civil para evitar a dupla tributação e a perda de
impostos (22 de novembro de 1990).
- Acordo de Estímulo Mútuo ao Investimento e sua Proteção (6 de fevereiro de 1992).
- Tratado de Assistência Judiciária em Matéria Civil e Comercial (5 de maio de 1992).
- Acordo de Cooperação Intergovernamental para punir o crime organizado (25 de junho
de 2000).
- Declaração Conjunta entre a República Popular da China e o Reino de Espanha (15 de
novembro de 2005).
- Em 2007, celebrou-se o ano da China em Espanha.
- Em 25 de setembro de 2014, foi assinado o acordo de coprodução de filmes entre os
governos da Espanha e da China.
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- Em novembro de 2015, foi celebrado o Festival de Dança de Guangdong, evento que
surgiu em 2004, em Guangzhou. Este é um dos objetivos definidos pelo AC/E Asia
Pacific 2015-2016
4
.
- Em 29 de janeiro, Íñigo Méndez de Vigo, Ministro espanhol da Educação, Cultura e
Desporto, e Luo Shugang, assinaram com a China um acordo cultural para o período
2018-2021 nos seguintes setores: videogames, artes visuais, cinema, publicações,
museus e direitos de autor
5
.
O papel das indústrias culturais e criativas nas relações diplomáticas
entre a China, a Europa e a Espanha
As indústrias culturais e criativas desempenham um papel importante. Têm o poder de
transformar e definir o conhecimento, bem como de desenvolver a economia global. A
Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, 2013)
afirmou que, entre 2002 e 2011, o comércio de bens criativos e culturais aumentou cerca
de 8,8%. As indústrias culturais e criativas m potencial para estimular a economia,
criar empregos, apoiar a inovação e o empreendedorismo, ajudar na regeneração urbana
e rural e promover o comércio. A definição de indústrias culturais e criativas surgiu nos
campos da economia criativa e da propriedade intelectual. A criatividade é um motor
para o desenvolvimento social e individual, bem como uma importante conexão para o
crescimento económico competitivo na economia do conhecimento (Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Económico [OCDE], 2018).
As indústrias criativas na China
Li Shu-sheng (2012) destaca que a China usou o termo “indústria cultural no livro
“Dialética do Iluminismo”, publicado em Amsterdão em 1947. Posteriormente, surgiu nas
recomendações do governo central do Comité Central do Partido Comunista da China
(PCC), “Décimo Plano Quinquenal de Desenvolvimento Económico e Social Nacional” em
outubro de 2000. Em 2003, o Ministério da Cultura promoveu o apoio às indústrias
culturais para o desenvolvimento deste termo como “atividades lucrativas para a
produção de bens culturais e oferta cultural de serviços”(Zhu Zhenming, 2015).
A definição atual reconhece nove setores criativos: cultura e artes; imprensa e
publicações, rádio, televisão e cinema; serviços de software, redes e computadores;
exposições; comércio de arte; serviços de design; entretenimento; e outros serviços de
suporte. Ambos os conceitos (indústrias culturais e criativas) o usados indistintamente.
A China lidera a economia criativa. O Gabinete Nacional de Estatística da China (2008)
informou que, em 2008, as indústrias culturais e criativas contribuíram com 50,32 bilhões
de euros de valor agregado e 1,48% do emprego.
4
Disponível em:
https://www.accioncultural.es/media/Default%20Files/activ/2015/grafica/AsiaPacifico_ACE.pdf
5
Disponível em: http://www.realinstitutoelcano.org/wps/wcm/connect/70d1270b-1f68-44e2-8533-
b273036d2d0d/Informe-Elcano-24-Relaciones-Espana-China.pdf?MOD=AJPERES&CACHEID=70d1270b-
1f68- 44e2-8533-b273036d2d0d
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A China passou por um desenvolvimento espetacular na economia criativa desde que o
Governo Central posicionou esta indústria como uma área-chave para o desenvolvimento
estratégico. Há uma mudança na orientação política de “feito na China” para “criado na
China”. Além disso, o Ministério da Cultura tem como objetivo construir entre cinco e dez
marcas na indústria do entretenimento. UNESCO (2013) sublinhou que Pequim é
internacionalmente reconhecida pelo seu setor de design; empregou 250.000 pessoas e
contribui com mais de 160.000 milhões de RMB para a economia. Os benefícios da
indústria cultural aumentaram 25,8% e representam 2,75% do produto interno bruto. A
meta de Pequim em 2016 era aumentar o valor acrescentado da indústria do
entretenimento.
Smits (2014) observou que a China tem a seguinte infraestrutura para as questões
culturais em países estrangeiros:
Oitenta departamentos culturais nas suas embaixadas.
Catorze centros culturais na China. O Ministro da Cultura anunciou que haveria 50
centros até 2020, incluindo um em Bruxelas, ao lado da Direção-Geral da Educação e
Cultura (DG EAC) da Comissão Europeia, previsto para o final de 2014.
Mais de 400 centros do Instituto Confúcio
Quinze gabinetes de representação do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio
Internacional (CCPIT).
As cidades têm as suas próprias políticas para o desenvolvimento de intercâmbios
culturais com países estrangeiros. As empresas públicas que administram os grupos de
arte e artesanato estão envolvidas em missões culturais estrangeiras. A arte chinesa
expandiu-se internacionalmente e criou tendências na Europa, adaptando-se a novas
necessidades políticas e económicas. Para o mercado europeu, a China é um objetivo
importante, oferecendo um vasto leque de exposições e um amplo intercâmbio entre os
profissionais da área. As agências privadas e estrangeiras são canais importantes para
promover atividades internacionais em artes visuais.
O mundo artístico ainda se está a adaptar à nova procura do mercado. Há escassez de
ocupantes de empregos altamente qualificados com experiência em gestão e TIC. Os
subsetores das indústrias criativas procuram a colaboração europeia neste domínio. O
governo europeu está ansioso por trocar bens culturais e criativos na China. Na medida
em que os temas não o delicados, a censura não é a principal desvantagem
(Parlamento Europeu, 2009). Desde os tempos antigos, a arte tem sido usada como uma
ferramenta para a diplomacia. As indústrias culturais e criativas constituem conexões
importantes para as relações culturais e para a imagem de um país através da diplomacia
soft. A diplomacia pública está focada em projetar a identidade de um país com o objetivo
de fortalecer as relações internacionais (Melissen, 2005). As tendências neste campo
concentram a cultura e as indústrias criativas em pequenos grupos ou nichos, a serem
publicados internacionalmente e a mobilidade dos artistas constitui um motor
fundamental para a comunicação entre os países e uma ferramenta para o entendimento
mútuo.
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Indústrias culturais e criativas na Europa
Os setores culturais e criativos estão no centro do programa Europa Criativa da União
Europeia. As indústrias criativas também foram classificadas pela UNCTAD (2013) como
o principal recurso para superar a depressão mundial. A definição de “economia cultural
e criativa” tem sido polémica, gerando debates abertos e construtivos quanto às
atividades que podem ser consideradas indústrias culturais e criativas e quanto aos
papéis que desempenham no processo de regeneração urbana e no desenvolvimento
regional (Mazilu, 2018). Cada país e sociedade possui um modelo único de indústrias
culturais e criativas que depende da sua cultura, valores e identidade local. As indústrias
culturais e criativas pertencem à economia criativa que combina economia, cultura e
tecnologia.
Existem seis modelos europeus de indústrias criativas, abrangendo uma vasta gama de
atividades culturais e criativas: UNCTAD; a Organização Mundial de Propriedade
Intelectual (WIPO); o Departamento de Digital, Cultura, Comunicação Social e Desporto
do Reino Unido (DCMS); UNESCO; o modelo de círculos concêntricos e o modelo de texto
simbólico. O modelo de círculos concêntricos (Throsby) de cultura e indústrias criativas
compreende uma ampla gama de atividades: belas artes; música; artes cénicas e visuais;
cinema, rádio e televisão; museus e bibliotecas; indústrias editoriais; gravação de áudio;
serviços patrimoniais; jogos de vídeo; e outras atividades relacionadas com publicidade,
arquitetura, design e design de moda. Este modelo inspirou o Relatório da Comissão
Europeia de 2006 “A Economia da Cultura na Europa” (KEA, 2006).
Assim, a economia cultural começou a ganhar relevância nas agendas políticas, incluindo
o Tratado de Lisboa e a Convenção da UNESCO sobre Diversidade Cultural, ratificada
pela Alemanha em fevereiro de 2007. O Ano Europeu da Criatividade e Inovação teve
lugar em 2009 e novas conclusões do Conselho foram publicado neste contexto. O
Cultural and Creative Cities Monitor (CCCM) explica que uma abordagem de
desenvolvimento baseada na cultura deve centrar-se não apenas numa economia criativa
próspera, mas particularmente num ambiente social e culturalmente inclusivo. Esta
abordagem foi encorajada pela própria Comissão Europeia na Nova Agenda Europeia para
a Cultura 2018 (Montalto et al., 2019). As indústrias culturais e criativas atingem uma
receita anual de €535,9 bilhões, empregam mais de 7 milhões de pessoas e são
responsáveis por 4,2% do PIB, tornando-se uma importante fonte de recursos intangíveis
(Ernst & Young, 2014).
Indústrias culturais e criativas em Espanha
Estima-se que 3,3% da economia pertence às indústrias culturais e criativas vinculadas
à propriedade intelectual, segundo a conta satélite espanhola. Envolve mais de 687,200
pessoas e mais de 118,407 empresas
6
. Boix et al. (2012) refere que as cidades mais
6
Disponível em: http://www.culturaydeporte.gob.es/dam/jcr:87dfd2bb-b456-40f3-b164-
83f850596654/memoria-politicas-fomento-icc-2019.pdf
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criativas de Espanha são Madrid, Barcelona, Valência, Bilbao, Sevilha e Santiago de
Compostela.
Porém, não são apenas as indústrias culturais e criativas que têm a responsabilidade de
promover um país no exterior. As instituições públicas e os governos são os principais
responsáveis.
Podemos indicar algumas organizações e instituições espanholas que garantem a cultura
e a comunicação no estrangeiro (devemos considerar que o lançamento da renovação da
imagem da Espanha é relativamente recente, com a criação das seguintes organizações
e instituições:
Em 1982, foi criado o Instituto Nacional de Promoção das Exportações (INFE),
antecessor do atual ICEX, que mudou de nome em 2012 por Decreto-Lei Real
20/2012.
Na década de 1990, foram instituídos o Instituto Cervantes, a Casa de América e os
Congressos de Língua Espanhola. Quando a economia abre, é preciso investir no
exterior.
Em 1921, foi construído o Gabinete de Relações Culturais.
Em 1926, foi construída a Junta de Relações Culturais, o Instituto de Cultura Hispânica
e a fundação das Casas de Espanha.
Em 1992, vários eventos importantes tiveram lugar: O V Centenário da Descoberta
da América, Madrid foi sede da Capital Cultural da Europa, e eventos mundiais como
as Olimpíadas de Barcelona e a EXPO de Sevilha, que promoveram a imagem de
Espanha na arena internacional. A imagem do país foi posicionada graças a
acontecimentos internacionais como estes e esforços têm sido feitos para aliviar os
estereótipos de «festa», «touros», «sesta» e «vulgaridade» que podem estar
presentes na cultura espanhola, mas não a vel generalizado (Prieto, 2013). Isto
permite mostrar Espanha como um país livre e moderno, de democracia e abertura.
É um objetivo perseguido ao longo do tempo e que pode ser medido em diversos
estudos realizados pelo Observatório da Imagem de Espanha (OIE) e pelo Instituto da
Reputação.
Em 1999, com a criação do Fórum de Marcas Espanholas de renome, as marcas
espanholas de maior prestígio tornaram-se os maestros do Made em Espanha.
Por volta do ano 2000, foram criadas instituições para realizar ações de diplomacia
cultural como a Fundação Carolina, a SEACEX (Sociedade Estatal de Ação Cultural
Estrangeira), a SECC (Sociedade Estatal de Comemorações Culturais) ou a SEE
(Sociedade Estatal de Exposições Internacionais) e o foco está na coordenação de
esforços de empresas e instituições privadas para exportar a imagem do país, para o
qual se criou a Marca Espanha (Marco e Otero, 2010).
Em 2002, o Instituto Real Elcano instituiu o Observatório Permanente da Imagem
Estrangeira de Espanha (OPIEX), para análise, recolha e divulgação de informação
para a Marca Espanha.
Em 2010, o Conselho de Ministros fundiu as três sociedades estatais de promoção
cultural no exterior sob os ministérios da Cultura e Relações Exteriores e Cooperação:
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a Sociedade Estatal de Comemorações Culturais (SECC), a Sociedade Estatal de Ação
Cultural Estrangeira (SEACEX) e a Sociedade Estatal de Exposições Internacionais
(SEEI). Assim, a Acción Cultural Española (AC/E) foi criada com o objetivo de dar
forma a uma "estratégia reforçada de promoção da cultura espanhola no estrangeiro".
Em julho de 2012, Santiago de Mora-Figueroa y Williams, Marquês de Tamarón, foi
nomeado Embaixador da Diplomacia Cultural de Espanha.
No final de 2012, foram criados o Observatório da Imagem de Espanha e o Conselho
da Marca Espanha com o objetivo de revitalizar a Marca Espanha. Assim, a perceção
da imagem da Espanha do ponto de vista cultural é gerida por diferentes entidades
como o Ministério de Relações Exteriores e Cooperação, através da Direção-Geral de
Relações Culturais e Científicas, a Agência Espanhola de Cooperação para o
Desenvolvimento Internacional (AECID), a sociedade estatal Acción Cultural Española
(AC/E) dependente da Subdireção Geral de Promoção Externa da Cultura da Secretaria
de Estado da Cultura, Turespaña, ICEX e Instituto Cervantes, além de representações
regionais e locais no estrangeiro, entidades privadas, museus, fundações e estruturas
empresariais.
Atualmente, a identidade de um país é formada pelas indústrias culturais e
criativas e pelos cidadãos que as compõem, pelas empresas e pelas influências
recebidas no estrangeiro. O prestígio de um país está ligado à segurança,
qualidade de vida, cultura, facilidade de comercialização dos produtos no exterior
e às facilidades que terá para a internacionalização das suas empresas. Por isso,
a imagem de um país é um elemento fundamental para as relações desse mesmo
país. O responsável pela realização dessas ações promocionais é o Ministério de
Relações Exteriores e Cooperação (MAEC) em conjunto com organizações como
a Fundação Carolina, o Instituto Real Elcano, Turespaña, ICEX, Ação Cultural
Espanhola, o Fórum de Marcas Espanholas de Renome (FMRE), o gabinete de
patentes e marcas espanholas, o Instituto Cervantes e representações
diplomáticas, bem como diferentes programas como PICE (ACE) ou o livro branco
das indústrias culturais e criativas feito por algumas comunidades autónomas.
Todos estes organismos e instituições são responsáveis pela coordenação dos
acordos, tratados, atividades e programas que configuram a imagem de Espanha
através das indústrias culturais e criativas.
Estudo de caso: um exemplo de artistas chineses nas residências
espanholas
Os artistas que viajam da China para a União Europeia (ou da União Europeia para a
China) devem superar as barreiras administrativas e a censura das comunicações, bem
como os problemas com tributação, fronteiras geográficas e barreiras linguísticas.
No parágrafo a seguir, explicamos algumas razões para transcender as barreiras culturais
com o objetivo de promover relacionamentos de longo prazo:
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Um dos principais desafios o os canais de comunicação e de redes sociais: as redes
sociais influenciam o processo de democratização e todos os cidadãos podem expressar-
se sem medo de retaliação. Contudo, frequentemente esses canais de informação são
institucionalizados. As informações podem ser tendenciosas, manipuladas ou enganosas.
A tecnologia permitiu que os consumidores de internet chineses passassem gradualmente
daa situação de público assistente para a de oradores; conseguiram abrir um número
crescente de canais contra a censura estatal. Blogs e microblogs desempenham um papel
fundamental na transferência de informações para um público global (Tang 2014).
Nessa linha, lembramos o artigo 10 da Convenção Europeia de Direitos Humanos que
garante o direito à informação gratuita (Macovei, 2014). A recomendação da UNESCO
em 1980 sublinha que os Estados-membros da UNESCO estão obrigados a proteger,
ajudar e defender os artistas e a liberdade de criação. Os países devem fazer tudo o que
for necessário para estimular a criatividade e o talento artístico, especificamente
adotando medidas que garantam a liberdade artística.
Em março de 2018, o Relator Especial da ONU para os direitos culturais apresentou o
“Relatório do Relator Especial na área dos direitos culturais” (Conselho de Direitos
Humanos da ONU, 2018). Os instrumentos e a Recomendação da UNESCO (1980) sobre
o estatuto do artista são reconhecidos, por exemplo, na convenção da UNESCO (2005)
sobre a proteção e promoção da diversidade das expressões culturais. O relatório destaca
que os artistas devem gozar de todos os direitos previstos nas leis internacionais e
nacionais de direitos humanos, especificamente as liberdades de expressão, informação
e comunicação.
Num relatório de 19 de abril de 2005, a ONU considerou que as liberdades de opinião e
expressãoo instrumentos essenciais para a participação efetiva na vida democrática e
indicadores claros do nível de proteção efetiva dos direitos fundamentais (Comissão de
Direitos Humanos da ONU, 2005). Gellner (1988) refere que a China deseja abrir-se ao
mundo moderno. A burocracia da China iniciou um processo de adaptação por meio do
qual os cidadãos estão a ganhar mais poder sobre as decisões tomadas no país. Desde
então, a abertura da política económica gerou uma classe política vinculada à
participação política e cívica na gestão pública, embora a dinâmica seja lenta. Outro
desafio são os requisitos de visto e autorização de trabalho, que podem impedir
seriamente a mobilidade dos artistas, tanto a curto como a longo prazo. Às vezes, o
tempo de execução do visto é curto e a sua renovação é bastante cara. Por exemplo, o
Artigo 10 da Diretiva da UE 2004/38/EC obriga os membros da família de cidadãos da
UE (se eles não pertencerem a nenhum Estado-membro europeu) a obter um cartão de
residente se desejarem permanecer na Europa por mais de três meses (Parlamento
Europeu e Conselho, 2004). Na Resolução 2006/2249 (INI) sobre o estatuto social dos
artistas, o Parlamento Europeu (2007) resolveu alguns problemas sobre o visto,
confirmando que os artistas com contratos de curta duração têm sérios problemas em
cumprir as condições gerais para obter vistos e autorizações de trabalho. O visto
Schengen, uma das soluções propostas na Resolução 2006/2249 (INI) para estadias não
superiores a 3 meses, é uma autorização destinada aos Estados membros de Schengen.
Permite uma residência regular alinhada com o período temporal (Parlamento Europeu
2007). Os problemas descritos acima não são os mais importantes, pois o principal
problema burocrático da mobilidade é a segurança social. A próxima seção descreve os
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principais problemas com impostos globais e como a União Europeia e a China lidaram
com esta situação. Explica as principais responsabilidades das pessoas em termos de
segurança social e tributação. Segurança social e tributação são outro requisito
complexo: em 1951, a cooperação bilateral de segurança social entre a China e outros
países foi implementada com um regulamento e os principais problemas de
internacionalização da segurança social aumentaram. Antes disso, havia poucos
estrangeiros na China e o governo não tinha aprovado nenhum regulamento especial.
Em 1999, foi elaborada uma regra provisória sobre o contributo da segurança social que
estabelecia a pensão básica de velhice na China. Essa medida possibilitou que
estrangeiros beneficiassem do sistema chinês (Wang e Wei, 2009). Portanto, as
empresas estrangeiras também devem pagar obrigações à segurança social e tributação
dupla. Essa dupla tributação começou a gerar problemas com os vistos de trabalho.
A China resolveu esse conflito com um acordo que entrou em vigor em abril de 2002 e
resolveu os problemas de dupla tributação. Entre os Estados-membros da União
Europeia, existem muitas diferenças nos sistemas de tributação. A legislação a cada
Estado-membro a liberdade de projetar o seu próprio sistema tributário e fornecer fundos
aos artistas. No entanto, os Estados-membros estão subordinados à interpretação dos
tratados bilaterais e a dupla tributação depende se o beneficiário é residente ou não
(Agenda Europeia para a Cultura, 2014).
Além das burocracias e da separação geográfica, as muitas diferenças culturais e
linguísticas entre a China e a Europa apresentam obstáculos à mobilidade.
Outros elementos que podem afetar a decisão de fixar residência incluem: a estabilidade
política do destino; o presgio da universidade ou da cidade; cosmopolitismo; e
prosperidade económica. O artista sempre quer sucesso profissional, para além de
visibilidade e reputação internacional, também elementos-chave a considerar
Mobilidade através de residências artísticas
Na seção anterior analisámos as principais barreiras que um artista deve evitar quando
tenta viajar para o estrangeiro em trabalho. Os programas de mobilidade das residências
artísticas tornaram-se um fator intrínseco na carreira profissional dos artistas, pois
oferecem uma importante fonte de financiamento e um processo de aprendizagem, bem
como os principais elementos da arte contemporânea. Um artista participante ajuda a
compreender, a construir pontes, a contribuir para a diversidade cultural e a gerar ideias
para o desenvolvimento de novos projetos. As residências promovem o entendimento e
a cooperação entre os países, oferecendo aos artistas a oportunidade de trabalhar com
diferentes recursos e equipas interdisciplinares. As residências oferecem hospedagem,
programas de aprendizagem, espaços de trabalho, instalações, produções artísticas e
apresentações. De vez em quando, os artistas podem trabalhar em associação com
outros profissionais criativos, como cientistas ou escritores. As residências artísticas
culminam com uma exposição, workshop ou colaboração, embora por vezes acabem sem
resultados (Agenda Europeia para a Cultura, 2014). As residências artísticas são uma
fonte inspiradora de conhecimento. Curadores, artistas contemporâneos e outros
profissionais culturais unem as suas competências e ideias para construir projetos.
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Esta cooperação incentiva a materialização de ideias. As residências artísticas trabalham
em conjunto com pequenas e médias empresas culturais privadas, empresas estatais,
museus, teatros e fundações. O objetivo é ajudar os artistas a serem visíveis, aprender
novas técnicas e estabelecer novos contatos ao viver uma experiência internacional e
excecional (Acción Cultural, n.d.). ResArtis (n.d.) é uma rede mundial de residências
artísticas que existe para conceptualizar e fazer com que a residência artística na
sociedade seja um sucesso. A Res Artis definiu a residência artística como um espaço
organizado de tempo e recursos; uma força motriz no processo criativo; responsável pela
experimentação, troca e diálogo; uma conexão entre o local e global; relevante para o
ecossistema artístico; promove ligações entre campos, assuntos e setores não artísticos;
impulsionadora da compreensão intercultural e do desenvolvimento de competências;
criadora de oportunidades profissionais e individuais; um refúgio seguro para a
mobilidade global; uma forma de contribuir para as políticas culturais e a diplomacia. Os
centros artísticos são destinos de acolhimento de gestores, curadores, patrocinadores e
comerciantes.
Muitas cidades europeias são, ou acreditam ser, parceiras destes programas de
residência. As autoridades públicas compreendem os aspetos positivos das residências
artísticas. Contribuem para o fortalecimento da arte e da cultura de uma cidade, gerando
mais opções culturais para atrair turistas e cidadãos. Auxiliam o progresso social porque
ajudam a regenerar espaços deficientes e potencialmente dar-lhes novos usos, como o
Zorrotzaurre em Bilbao. A participação de uma comunidade numa cidade costuma
produzir soluções criativas de conflitos, diminuindo lacunas e reduzindo comportamentos
de conflito social. A participação dos cidadãos produz integração e diálogo intercultural,
criando “cidades criativas” abertas (Florida, 2002).
As residências artísticas são centros onde o artista pode dar passos rumo à promoção
profissional, conquistar novos públicos, aprender novas técnicas, fazer contatos e montar
novos produtos e ideias para expandir a sua atuação.
O anfitrião da residência também beneficia, pois esse tipo de programa confere prestígio
à instituição. As residências podem atrair perfis internacionais, fazer contatos e identificar
diferentes fontes de financiamento. Consequentemente, contribuem para a diplomacia
cultural porque atraem investimentos, geram comércio e dinamizam a cidade. As
residências artísticas proporcionam enriquecimento cultural, sendo nós do processo
criativo. A participação da comunidade em eventos, exposições e conferências melhora
a qualidade de vida dos cidadãos através de interações e apresentações culturais. Muitos
projetos artísticos geram um impacto positivo na cidade, impulsionando a atividade
empresarial com a participação dos agentes locais. Quando uma cidade se comporta bem
com um artista, o artista envolve-se com ela, publicando e comunicando a sua história,
o seu conhecimento e a amabilidade da sua população. Desta forma, o artista torna-se
embaixador da marca da cidade.
Frequentemente, os artistas residentes realizam programas para públicos jovens, com
atuações, eventos ou demonstrações. Às vezes fazem apresentações ao vivo para
públicos locais e internacionais. Algumas residências transmitem eventos, colocando-os
no ar. Boletins e blogs geram fóruns e debates entre artistas e profissionais de outras
áreas.
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No cenário da residência artística, uma complexa rede de elementos, incluindo artistas,
patrocinadores, blicos, promotores, organizações não governamentais, associações,
professores, workshops, eventos e exposições, empresários e empreendedores locais,
instituições de arte, escolas, teatros, museus, fundações culturais, cientistas, jornalistas,
grupos de arte, curadores e muitas outras instituições envolvem-se nas plataformas,
doam fundos e estabelecem contatos internacionais. O networking é um fator relevante
na esfera da residência, pois ajuda a fomentar aspetos positivos da experiência (Agenda
Europeia para a Cultura, 2014). As redes oferecem benefícios tangíveis e intangíveis a
todas as partes interessadas envolvidas no projeto. A curto prazo, induzem melhorias na
pesquisa e na comunicação de um projeto. A longo prazo, oferecem plataformas que
permitem a comunicação entre artistas que trabalham na mesma área. Promovem
conexões e sinergias com outros setores. É importante sublinhar que melhoram a
cooperação entre as instituições de arte locais, escolas de arte e a comunidade local.
Exemplo de mobilidade criativa chinesa em residências espanholas:
identificação e análise das residências artísticas espanholas que
acolheram artistas chineses
Esta seção descreve o projeto de um mapa do Sistema de Informação Geográfica (SIG)
para refletir a natureza das residências artísticas espanholas que têm participado em
programas de arte com a China. O mapa foi desenvolvido do ponto de vista da oferta e
utilizou fatores como mapa térmico e mapas SIG para descrever as residências situadas
em áreas urbanas ou rurais.
O delineamento no mapa do papel das residências reflete a definição da residência
artística como um espaço criativo de envolvimento e troca de valores, bem como de
inovação por meio da arte e das novas tecnologias (Ortega, 2008). A investigação
aprofundada das residências artísticas em Espanha permite-nos analisar e desenvolver
um diagnóstico da situação atual.
Figura 1 - Análise do grupo das residências arsticas na Espanha por cidades
Fonte: Da autora, 2017
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Os picos do gráfico (figura 1) representam as cidades com os maiores conglomerados de
residências artísticas: Barcelona, Madrid, Bilbao e Valência. A maioria das residências
artísticas encontra-se em áreas urbanas e abrange uma ampla gama de disciplinas,
incluindo pintura, escultura, dança, artes plásticas, moda, cinema, dio, software,
música, literatura, arquitetura e investigação científica.
O mapa da figura 2 mostra uma análise da proporção de residências artísticas espanholas
em áreas rurais e em áreas urbanas - 71% urbanas e 29% rurais. Agrupam-se em áreas
urbanas porque as torna competitivas e beneficiam de economias de escala. Por outro
lado, a arte e a criatividade nas áreas rurais promovem e desenvolvem as economias das
aldeias.
A Figura 2 mostra que a Catalunha é a comunidade com mais residências urbanas. Madrid
é a segunda. O País Basco e a Andaluzia ocupam a terceira e a quarta posições, com
quase metade das residências rurais. Outras comunidades, como Valência, Galiza,
Astúrias, Canárias, Baleares, Castela e Leão, Extremadura e Múrcia, também se
destacam.
Figuras 2 e 3 - Mapa SIG com a situação atual das residências artísticas
Fonte: Da autora, 2017
O mapa SIG da figura 3 reflete a situação atual das residências artísticas na Espanha.
Retira a informação de uma base de dados de todas as redes europeias, incluindo
ResArtis, Transartis, Localizarte, Artmotile e Danza Guía. Ao todo, essas redes operam
153 residências espanholas. Barcelona acolhe 32 delas (os círculos vermelhos mostram
sobreposições), mais do que o dobro domero de Madrid. Podemos concluir que a sua
cultura faz de Barcelona a cidade mais criativa da Espanha. Este número não considera
as cidades vizinhas, como Sant Antoni de Vilamajor, Avinyón, Lloréns, Sant Pére de
Vilamajor e Terrasa. A segunda cidade mais artística é Madrid, com 19 residências
artísticas. Em seguida, temos Bilbao com sete e Valência com cinco. Outras cidades
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médias com grande potencial são laga (duas residências artísticas) e Cádis (três),
Maiorca, Sabadell, Santa Cruz de Tenerife e Granada.
A Figura 4 reflete a situação atual das residências artísticas em Espanha. O mapa térmico
usa cores para mostrar grupos de residências artísticas, sendo as áreas amarelas as mais
concentradas e, portanto, as mais artísticas. Como podemos ver, Barcelona é a cidade
mais artística, com Madrid em segundo e Bilbao em terceiro. Áreas como o Levante,
Astúrias e Cádis têm as concentrações mais artísticas.
Figura 4 - Mapa térmico de residências artísticas
Fonte: Da autora, 2017
Realizámos um inquérito a todo o universo de residências com três questões simples
para investigar três questões básicas (número de residentes desde 2010, número total
de residentes internacionais e número total de residentes de outros continentes).
Obtivemos 30 respostas com um intervalo de confiança de 90 e uma margem de erro de
15%. Obtivemos os seguintes resultados:
Figura 5 - Percentagem do total de residentes
Fonte: Da autora, 2019
5%
5%
10%
20%
0%
0-20 21-40 41-60 61-80 80-120 120-250 250-350 350-500 >500
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O gráfico mostra as seguintes percentagens de artistas: 25% das residências alojaram
mais de 620 artistas nos seus centros e 26% entre 250 e 350 residentes. As percentagens
menores (5% e 10%) são residências que acolheram menos de 50 residentes desde
2010.
O gráfico seguinte descreve a diferença entre os estrangeiros que desfrutaram de uma
estadia em residências espanholas e os estrangeiros de fora da Europa que
permaneceram em residências espanholas.
Figura 6 - Percentagem de estrangeiros e estrangeiros de outros continentes
Fonte: Da autora, 2019
O gráfico de barras indica que quase 60% das residências de artistas albergam poucos
estrangeiros fora da UE, o que faz sentido porque os estrangeiros que vivem fora da
União Europeia têm que gastar mais (visto, transporte, entre outras barreiras…). No
entanto, podemos observar no gráfico de barras como à medida que o número total de
artistas aumenta, a percentagem de estrangeiros residentes na União Europeia também
aumenta. Mais de 30% das residências que acolheram acima de 120 artistas são da União
Europeia, em comparação com 5% dos artistas de outros continentes.
Seleção da amostra
Strauss e Corbin (1990) distinguiram três tipos de seleção de amostra: aberta;
relacional-flutuante; e discriminante. Aqui, utilizamos critérios discriminantes,
subordinados à codificação seletiva (Peña, 2006), pois interessa-nos categorizar por
nacionalidade para analisar a mobilidade de artistas entre a China e Espanha. As
residências que receberam artistas chineses constituem o nosso principal grupo de
estudo. Escolhemos critérios lógicos para a amostra.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
0 a 20
21 a 40
41 a 60
61 a 80
Entre 80 e 120
Mais de 120
Proporção de estrangeiros de fora da União Europeia Proporção de estrangeiros
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Cinco residências artísticas preenchem os requisitos enquanto objetos de estudo. Esta
amostra é menor do que penvamos que encontraríamos, mas os resultados mostram
que o tamanho limitado da amostra também tem um significado que analisaremos
posteriormente no diagnóstico de resultados. Creswell (2009) afirma que o tamanho da
amostra não é relevante em estudos qualitativos, pois a adaptação do conteúdo à
pesquisa é o fator mais importante. As residências são Can Serrat em El Bruc, a Jiwar
Creation and Society em Barcelona, a Térmica em Málaga, o Museu Gas Natural Fenosa
de Arte Contemporânea em A Coruña e a Plataforma Laboral Cero em Gijón. Quatro delas
são urbanas e uma é rural.
Artistas chineses identificados e selecionados
O mapeamento cartográfico, a análise exploratória da documentação digital e o
levantamento das residências artísticas levaram à seleção de quinze artistas e nove
estadias de residência do total da amostra. Uma dessas estadias envolveu um grupo de
sete artistas da mesma instituição anfitriã. A tabela seguinte descreve os artistas
selecionados.
Tabela 2 - Perfil das residências dos artistas
Artista
Residência
Cidade
Rede
Data da
estadia
Pei- Ying Lin
Plataforma Cero, Laboral
Gijón
Transartis
2015
Chi Po-Hao
Plataforma Cero, Laboral
Gijón
Transartis
2016
Weina ding
Museo de Arte Contemporáneo
Gas Natural Fenosa
A Coruña
Redartis
2012
Siying Zhou
Jiwar Creation & Society
Barcelona
Redartis / Transartis
2013
Chai-mi
Can Serrat
El Bruc. Barcelona
Redartis / Transartis
2014
Dunet Chan Sheung
Can Serrat
El Bruc Barcelona
Redartis / Transartis
2013
Xiao yang li
Can Serrat
El Bruc Barcelona
Redartis / Transartis
2014
Fonte: Da autora, 2017
Metodologia e resultados das entrevistas
Em primeiro lugar, preparámos entrevistas aprofundadas com o objetivo de investigar
qual o papel do artista na cooperação entre países e identificar valores culturais e
motivações para viajar. As principais limitações das entrevistas são o tempo, a
confiabilidade, a validade e a observação direta. Outros fatores importantes para avaliar
as entrevistas são barreiras como o idioma e os canais de comunicação. Todos os
entrevistados foram escolhidos de acordo com os mesmos critérios (1 a 3 estadias de
curta duração, chineses e estar em Espanha para um programa de resincia)
Dividimos as perguntas das entrevistas em três blocos (Dexter 1970):
A) Variáveis culturais e de motivação
B) Variáveis de imagem e perceção do país
C) Transmissão de conhecimento e experiência de aprendizagem
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entre a China e a União Europeia
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Tabela 3 - Guião da entrevista
Fonte: Da autora, 2017
Resultados das entrevistas:
Bloco 1: fatores culturais e motivações
Sete artistas foram entrevistados, dos quais apenas uma, Chai Mi, tinha residência em
Pequim (ela veio com o marido e foi patrocinada pela New Century Art Foundation, um
colecionador privado na China cuja missão é promover a arte contemporânea chinesa).
A maior parte dos artistas estudou no estrangeiro, apenas dois estudaram nos seus
próprios países, mas a maioria não conhecia a Espanha (dois tinham passado férias em
Madrid, Barcelona, Granada e Jerez).
Estudos de disciplinas e especialização é outra variável importante porque a maioria dos
artistas combinou disciplinas distintas, como escultura com cinema, design e biologia e
programação.
Caso 2: Artistas. Qual é a sua disciplina artística e especialização?
Código: [Disciplinas]
FATORES
CÓDIGOS
QUESTÕES
Fator cultural e
valores
(Coook,1962,
Schwartz, 2003;
Hofstede 2016;
Barómetro imagen de
España (2015)
[Disciplina]
[Residência atual]
[Estudos Internacionais]
[Finanças]
[Valores Culturais]
[Interação- cultural- local]
Qual é a sua disciplina artística e
especialização?
Qual é a sua cidade natal?
Onde mora atualmente?
Que diferenças ou semelhanças encontra
entre a Espanha e China, Taiwan ou Hong
Kong?
Fez amigos e contatos espanhóis?
Onde tem estudado?
Como conseguiu financiamento?
Fator de cultura
espanhola (Amir,
1969).
[Grau de envolvimento no projeto de
residência]
[Estadia em família ou sozinho]
Como é que a residência o ajudou?
Veio sozinho?
Fator temporal
(Bochner, 1982)
[Frequência de contato] [duração da
estadia]
Há quanto tempo está na residência?
Fator motivação
(Bochner, 1982)
[Motivação para viajar]
Por que escolheu essa residência?
É a primeira vez que tem uma estadia em
residência?
É a primeira vez que está num país
estrangeiro?
Perceção do destino
cultural (Hunt 1975;
Etchner & ritchie,1991,
1993; Noya, 2008;
Anholt, 2002; Van
Ham, 2001 & 2008;
Saavedra, 2012)
[Perceção do país/destino]
[Experiências]
[Sentimentos]
[Memórias visuais]
Qual é a primeira imagem que vem à
mente quando pensa nesta experiência?
Gostou da Espanha e da cidade?
fez turismo ou viajou para outras
cidades?
Pesquisou antes de vir para a Espanha?
Quais os aspetos que destacaria da sua
experiência?
Voltaria ou que cidade escolheria para
repetir a mesma experiência?
Fatores cnicos e
transmissão de
conhecimento
(Reisinger, 1994;
Bochner,1982)
[Aprendizagem cnica] [Transmissão
de conhecimento] [valores] [lazer
cultural e virtual]
Aprendeu novas técnicas?
Vai usar o que aprendeu?
Como foi a experiência em geral?
Pertence a uma rede especial de artistas?
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“Arte com música, um pouco sobre arte, programação, instalação, uso a tecnologia para
interagir com o meu trabalho e criar novos projetos”.
Caso 4: Artistas.
Código: [Disciplinas]
“A minha especialização é muito diversa, em artes visuais e normalmente faço projetos
que incluem média, texto, fotografia, vídeo, escultura... Exploro diferentes disciplinas”.
Caso 5: Artistas.
Código: [Disciplinas]
“A minha especialização é o design, mas agora as minhas práticas artísticas são as
relações com a arte contemporânea, que é o que sinto e reflito nas minhas exposições”.
A grande maioria dos artistas desenvolveu as suas carreiras em países estrangeiros.
Apenas dois artistas estudaram no seu país.
Caso 4: Artistas
Código: [Estudos internacionais]
“Eu estudei artes visuais na Austrália e fiz um mestrado, depois parei e tenho estado a
trabalhar. Depois disso estive a trabalhar em Darwin durante 5 anos e meio e mudei-me
para Melbourne para estudar novamente e aprender. Precisava de ter feedback e
comentários. Senti que precisava de algo... e sei que tive tantas interrupções, mas
precisava de outra coisa. fiz muitas exposições e ninguém me criticou, não tinha
opinião formada sobre os meus trabalhos, por isso precisava de melhorar. Uma pessoa
faz o trabalho e é isso. Aqui, os estudos são perfeitos. Este é o momento que eu
precisava, pois tenho recursos, feedback e tutoriais. Isso é tão bom para mim”.
Caso 6: Artistas
Código: [Estudos internacionais]
“Estudei educação física e fiz um mestrado em Artes com especialização em cinema na
Universidade de Hong Kong”
Entre as principais motivações para a escolha da residência, o motivo mais comum foi a
recomendação de um amigo.
Sobre a questão sobre requisitos financeiros e financiamento, nem todos conseguiram
financiamento para os seus projetos. Todos concordaram que precisavam de apoio
financeiro, mas acharam difícil obtê-lo por falta de conhecimento. Alguns têm acordo de
intercâmbio com instituições e alguns vinculam as possibilidades profissionais à ajuda
financeira. Os acordos entre países são importantes para a imigração e a mobilidade.
Os valores culturais são estudados de forma generalista. Existe um mal-entendido no
conceito de valor por parte do artista, por isso conclui-se que o seu estudo foi complexo.
Alguns exemplos:
Que diferenças ou semelhanças encontra entre a Espanha, China, Taiwan ou Hong Kong?
Caso 2: Artistas
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Código: [valores culturais]
“O tempo é um valor cultural”. A forma como as pessoas trabalham aqui é. Pensam sobre
a cooperação com a população local. Aqui as pessoas trabalham menos, têm horário e
têm mais tempo livre. Esta não é uma cidade enorme, e é por isso que não muita
pressão sobre o trabalho. Em Taipé estamos sempre ocupados. O tempo como valor é
um conceito diferente”.
Caso 3: Artistas
Código: [valores culturais]
“Sim, agora está mais aberto. Tenho viajado muito e vejo as diferenças entre Barcelona,
Madrid e A Coruña. A Coruña é mais local, fechada como o interior da China. Porém,
melhorou muito, agora está melhor. Mais aberto. Acho que é por causa do
desenvolvimento da economia. Lembro-me de quando vim para a Espanha, na China
havia programas que ofereciam espanhol como idioma e é difícil aprender, mas agora
existem muitos programas que oferecem espanhol. Os relacionamentos estão muito
melhores agora. Encontrei muitos estrangeiros no aeroporto de Pequim”.
Caso 5: Artistas
Código: [valores culturais]
“Existem muitas diferenças, é uma grande questão. Talvez existam muitas diferenças
culturais, mas não me senti diferente. Em Barcelona senti-me muito relaxado e com
liberdade. É a primeira cidade da Europa em que me sinto assim. Estive em Paris e em
Viena e sempre me senti estrangeiro, mas aqui não. As pessoas são boas e gentis”.
A questão sobre o papel do anfitrião no processo é relevante. Alguns artistas pensaram
que a aceitação por parte do anfitrião significava que estavam a receber ajuda, pois
tinham passado por um filtro - nem todos os anfitriões aceitam toda a gente para
residência. Além disso, existem acordos entre resincias e instituições, por exemplo,
entre o Museu Laboral e o Museu de Arte Contemporânea de Taiwan. As residências dão
ao artista um lugar para estudar e fornecem alimentação e alojamento. Motivam o artista
com jantares, festivais e, em algumas ocasiões, também ajudam a coordenar projetos e
a promover networking.
Muitos dos artistas participaram em festivais, eventos e workshops com artistas
espanhóis e todos mencionaram que aprenderam muito com a imersão cultural,
beneficiando de outros pontos de vista e de técnicas e tecnologias que podem aplicar em
projetos futuros. Este ambiente enriquecedor incentiva a criação.
As seguintes questões estão relacionadas com o Bloco B (destino e perceção do país).
Perguntámos os artistas sobre a sua primeira imagem quando pensam sobre a sua
experiência. Alguns demonstraram relutância em pensar. Outros pensam na capacidade
de construir e na cidade, moderna e com pouca gente. Outros artistas recordam
conversas com amigos num café...
Caso 1: Artistas
Código: [memórias visuais]
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“Não prestei muita atenção quando cheguei ao aeroporto. Achei que era enorme, mas
depois de dois dias pensei: Isto está vazio... sou muito tímido, sempre morei numa
cidade grande onde tenho que falar com pessoas todos os dias, mas aqui estou sozinho
e fecho a porta e penso... será que vai vir alguém... não ninguém, então não vou sair.
Isso é bom porque não preciso de me esforçar para ser mais social. Estou concentrado
no meu projeto, o meu pensamento está concentrado em várias tarefas e estou sempre
e pensar... tenho que fazer isto e...aquilo. E aqui é diferente, porque posso estar
realmente muito focado.”
Caso 7: Artistas
Código: [memórias visuais]
“Oh meu Deus, isto fica no meio do nada. Estou em um país estrangeiro no meio do
nada!”
Quando perguntamos sobre a perceção do país, alguns revelaram-se surpreendidos
porque achavam que a Espanha era mais subdesenvolvida, suja e desorganizada, mas
encontraram cidades limpas, arrumadas e modernas com lugares iluminados e culturais.
A maioria deles viajou pela Espanha e referiu atributos como Jerez, festival da primavera
ou Gaudí. Outros destacam a natureza e a montanha como parte de sua experiência.
Caso 1: Artistas
Código [destinos /perceção do país]
“É uma cidade grande, mas não muito. É moderna, mais moderna do que outras que
visitei na Europa, e não tem muita gente a viver aqui em comparação com a minha cidade
natal, porque a minha cidade é uma floresta. Passei uma noite em Oviedo”.
Caso 7: Artistas
Código [destinos / perceção do país]
“Sim, adoro a cultura espanhola. Na verdade, pensei que poderia ter uma experiência
focada na população local. Na residência estavam pessoas de outras partes do mundo
como Suécia, Inglaterra… mas não artistas locais. Havia um de Madrid, mas não o
conheci. Talvez eu tenha perdido esse aspeto. A residência organizava jantares e
festivais, um dia houve um festival de música e saí com artistas espanhóis”.
Todos os artistas viajaram para a Espanha sem terem feito qualquer pesquisa prévia.
Não conheciam nem a residência nem a cidade.
Os aspetos gerais que destacam sobre sua experiência foram os seguintes:
Caso 4: Artistas
Código [Experiências]
“Lembro-me que as melhores experiências foram as conversas. Entrevistei muitas
pessoas para o meu projeto e foi um prazer. Foi uma experiência gratificante. Quando
voltei para o meu país não pude trabalhar da mesma forma, tinha material suficiente
para fazer outro projeto, mas não pude recriar a mesma experiência, porque foi boa.
Gostei muito desse projeto. Acho que foi a primeira vez que estive em Barcelona para
conhecer a cidade e a cultura local, principalmente no Natal. Fui ao mercado, pude ver
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todas as tradições... Fui o único artista do programa e sinto que fiz algo profissional e
social”.
Caso 5: Artistas
Código [Experiências]
"Foi bom; Nunca tinha tido este tipo de experiência. Pude estar perto da montanha e foi
ótimo. O povo espanhol é gentil, passei momentos tão engraçados com gente de outros
países também, como Paquistão, Austrália, Estados Unidos… e escalámos a montanha e
conversámos sobre arte”.
Todos os artistas relembram esta experiência como tendo sido inesquecível e memorável.
Alguns relembram as praias, os momentos espirituais, a vida e as pessoas tranquilas,
outros veem as urbanidades, a natureza e os jantares como a melhor parte da
experiência. Quando perguntamos se iriam repetir a cidade, disseram que gostariam de
ir a Barcelona por motivos profissionais, exceto Dunet Chang, que gostaria de ir visitar o
Guggenheim, ou Xiao Yang Li, que gostaria de ir para a Alemanha e os Estados Unidos.
Quase todos escolheriam Barcelona como líder cultural mundial ou Madrid porque é a
capital da Espanha.
O último bloco das entrevistas em profundidade é o Bloco C: Aprendizagem e experiência
de conhecimento.
À pergunta se aprenderam novos métodos de aprendizagem, todos mencionaram que
poderiam reproduzir o que aprenderam, e que o fariam por meio de oficinas, eventos e
exposições. Alguns argumentaram que poderiam reunir dados e adquirir materiais e
recursos para criar projetos semelhantes - muitos registaram todos os processos para se
lembrarem no futuro.
Caso 3: Artistas
Código [aprendizagem cultural e técnica]
“Sim, aprendi novas ideias, compartilhamos muitas experiências com outras faculdades
e é muito gratificante construir novos projetos. O museu organizou muitas atividades,
cursos, workshops e exposições com muitos artistas espanhóis. Foi muito bom”.
Caso 7: Artistas
Código [aprendizagem cultural e técnica]
“Sim, aprendi diferentes técnicas de outros estrangeiros mas senti curiosidade em utilizar
materiais locais para os meus trabalhos. Usei pinturas e madeira das árvores... criamos
uma cadeira. Foi uma aula de aprendizagem”.
A avaliação final das experiências vividas durante as residências foi positiva. Todos
concordaram que viveram uma experiência maravilhosa e memorável, repletos de
conhecimentos de línguas, comunidades e culturas. Gostariam de repetir a experiência
que dizem ter sido novel.
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Conclusões
As iniciativas de gestão cultural estão vinculadas ao progresso económico e à abertura.
As globalizações da economia expandem os laços amigáveis e removem as fronteiras
entre cidades e estados, especialmente na Europa. A mobilidade cultural cria novas
ideias, gera redes internacionais e estimula a economia local. No entanto, a globalização
e a mobilidade contribuíram para a perda de algumas minorias e identidades culturais,
pelo que também encorajaram situações injustas e conflitos sociais (Lin 2019).
Este artigo mostrou e analisou osltiplos problemas e barreiras (impostos, burocracia,
falta de informação, requisitos legais, idiomas, distâncias logísticas e geográficas ou
deficiência de fundos) que um artista tem que enfrentar antes de viajar para o exterior,
especialmente da China para a Europa e especificamente para a Espanha, no campo
cultural e criativo. Em comparação com outros continentes, havia poucos artistas
chineses em residências. As despesas com viagens ou a falta de informação foram as
principais desvantagens em escolher a Espanha como destino. A mobilidade cultural é
uma ferramenta para construir cooperação e relões e para melhorar os tratados
económicos e bilaterais. No entanto, o poder e o prestígio de um país não se medem pelo
seu peso económico, mas pelos direitos, alternativas de comunicação, tolerância e
diversidade. Hoje em dia, a facilidade de comunicação, o desenvolvimento de
infraestruturas e a abertura das economias melhoraram as viagens, o turismo e o
comércio. Estes, com uma comunicação mais rápida nos órgãos de comunicação social e
novas tecnologias, conseguiram relações pacíficas entre os países e abriram as portas à
diversidade e a tolerância. Vimos, com a situação de pandemia, a importância da
mobilidade, da liberdade e dos serviços sociais. Não podemos agir como se fossemos
uma ilha porque estamos ligados a todo o mundo.
As residências artísticas estão ligadas às cidades culturais e criativas. Florida (2002)
afirmou que algumas cidades são polos de atração para a classe criativa. Essas cidades
são epicentros artísticos e criativos com distritos culturais de atração de talentos. Este
autor introduziu a teoria dos três T's (Tolerância, Talento e Tecnologia) para situar as
cidades na economia criativa como fonte de troca, inovação e criatividade. Nesse sentido,
património cultural significa património cultural humano, a ser reconhecido e consolidado
globalmente para as gerações futuras e presentes (UNESCO 2002). A cultura é um
instrumento de promoção da democracia, tolerância, respeito e compreensão cultural
entre os países. Cria liberdade de expressão, confiança, integração, inovação, direitos à
igualdade de género e desenvolvimento económico. No entanto, deve ter-se em
consideração que a gestão cultural nas cidades gera precariedade, desequilíbrio
social, lacunas económicas e discriminação. Devemos ponderar que as consequências
negativas e positivas da mobilidade e da globalização cultural num lugar não dependem
apenas de como são administradas, mas também do seu contexto e historial anteriores,
da sua cultura, regulamentos e recursos de que dispõe. Além disso, a mobilidade criativa
gera e atrai mais talentos para as cidades e, consequentemente, mais eventos e
desenvolvimento económico local para os destinos. A mobilidade, neste caso, é utilizada
como ferramenta de comunicação e cooperação entre países. Em primeiro lugar,
precisam de tratados anteriores de cooperação entre os países e, em segundo lugar, os
artistas atuam como embaixadores do país, apreciam as tradições locais e as pessoas
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locais, fazem exposições e contribuem para a comunicação na imprensa e nas redes
sociais através de eventos, workshops, exposições, projetos e canais de comunicação
tradicionais. A União Europeia referiu-se aos residentes e ao intercâmbio cultural como
uma parte fundamental dos seus planos de cooperação. No estudo de caso, podémos
observar como os residentes em Espanha se dispersaram por diferentes canais e este
trabalho elaborou e coordenou um novo banco de dados de residentes com informações
que não existiam, como a situação das residências (áreas urbanas ou rurais) e os
conglomerados.
Identificámos um número reduzido de artistas chineses, em comparação com a
percentagem de artistas de fora da União Europeia. Isto significa que ainda existem
muitas barreiras a serem superadas, mas as entrevistas aprofundadas a artistas chineses
sugerem que a experiência e o intercâmbio cultural foram únicos e inesquecíveis. Todos
aprenderam, desfrutaram e viajaram por Espanha, agindo como embaixadores. As
residências de artistas atestam que os intercâmbios culturais são importantes, inclusive
no campo das indústrias culturais e criativas, para fortalecer as relões, a cooperação e
promover a imagem de um país no exterior.
Por último, mas não menos importante, os artistas ajudam a dialogar e a firmar acordos
culturais entre os países. Vivem uma experiência memorável e fortalecem os laços entre
as pessoas. Os acordos de cooperação cultural o a cereja no topo do bolo,
complementados por tratados económicos e bilaterais.
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