OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
ISSN:
Vol. 2, n.º 1 (Primavera 2011), pp.
EQUILÍBRIO POSITIVO NAS RELAÇÕES
DURADOURO OU NÃO?
Robert Sutter
Professor Visitante na School of Foreign Service da Universidade de Georgetown. Especialista em assuntos da Ásia e do Pacífico e em política externa dos EUA. Ocupou várias posições de análise e de supervisão na Biblioteca do Congresso e trabalhou com a Agência Central de
Inteligência, o Departamento de Estado, e com a Comissão de Relações Exteriores do Senado. Foi Especialista Principal em Política Internacional do Serviço de Investigação do Congresso, Director Nacional de Inteligência para o Leste Asiático e Pacífico do National Intelligence Council do governo dos Estados Unidos. Doutor em História e em Línguas do Leste Asiático pela Universidade de Harvard e Professor Adjunto nas Universidades de Georgetown, George Washington, Johns Hopkins e da Virgínia. Publicou 18 livros, numerosos artigos e centenas de relatórios governamentais sobre países do Leste Asiático e Pacífico e respectivas relações com os Estados Unidos.
Resumo
Os vários exemplos de pressão exercida pela opinião pública chinesa sobre os Estados Unidos durante 2009 e 2010, acerca de uma vasta gama de questões que envolvem os mares perto da China, o Taiwan e o Tibete, assim como as disputas económicas, estão sujeitas a interpretações diferentes, mas, no geral, não parecem perturbar seriamente o actual equilíbrio positivo entre os governos Chinês e
Estados Unidos; China; envolvimento; assertividade;
Como citar este artigo
Sutter, Robert (2011). "Equilíbrio positivo nas relações
Artigo recebido em Dezembro de 2010 e aceite para publicação em Março de 2011
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Equilíbrio positivo nas relações
Robert Sutter
EQUILÍBRIO POSITIVO NAS RELAÇÕES
DURADOURO OU NÃO?
Robert Sutter
Introdução
As relações entre os Estados Unidos e a China surgiram como a mais importante relação bilateral do século XXI. A importância económica global da China e o seu crescente poder político e militar decorreu numa ordem mundial na qual os Estados Unidos enfrentavam muitos desafios, mas onde continuava a exercer uma ampla liderança que reflectia o seu estatuto de superpotência. Até que ponto é que os dois poderes apoiarão a paz internacional e o desenvolvimento, estreitando as suas ligações de cooperação, ou se tornarão antagonistas à medida que os seus interesses colidem, ou optarão por qualquer outro caminho em matéria de assuntos mundiais, continua a ser assunto de debate entre especialistas e decisores políticos dos dois países.1
Publicamente, ao longo da presente década, as autoridades da China e dos Estados Unidos têm tendido a enfatizar os aspectos positivos da relação, onde se incluem ligações comerciais e de investimento cada vez mais estreitas conducentes ao aprofundamento da interdependência económica entre os Estados Unidos e a China, interesses convergentes em matéria de segurança relativamente ao terrorismo internacional, o programa de armas nucleares da Coreia do Norte, missões de paz da ONU e outros assuntos que envolvem situações delicadas na Ásia e no mundo. No período pós Mao Zedong (falecido em 1976), a China, apoiada pelos Estados Unidos, avançou muito na adopção de normas que traduziam um comportamento económico assente no mercado livre, e que eram essenciais para poder gerir com sucesso as condições impostas pela globalização económica da presente era. A China alterou igualmente a sua política sobre proliferação de armas de destruição maciça de forma significativa, com vista a uma maior sintonia com as normais internacionais apoiadas pelos EUA.
Nos últimos tempos, a cooperação
As diferenças entre os EUA e a China relativamente ao Taiwan diminuíram com a chegada ao poder do Presidente do Taiwan Ma
1Aaron Friedberg, “Is China a Military
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internacional vigente na qual os Estados Unidos assumem um papel preponderante nos assuntos asiáticos e mundiais.2
A imagem benigna das relações
Na prática, porém, as relações
A análise das relações
As últimas quatro décadas foram palco, em várias ocasiões, de melhorias notáveis nas relações entre os dois países, na medida em que dirigentes de ambos os lados se propuseram alcançar benefícios práticos recorrendo a meios pragmáticos. O facto de a base da cooperação ser frequentemente incompleta, precária, e dependente de uma série de circunstâncias variáveis, tanto em casa como no exterior, demonstra que, frequentemente, as sociedades e governos revelam ter posições muito distintas sobre uma multiplicidade de assuntos críticos em matéria de segurança, valores, e economia. Se olharmos mais fundo e mais além do recente discurso oficial positivo, a análise dos desenvolvimentos e tendências indicam que as autoridades, elites e opinião pública dos dois países sentem suspeita e desconfiança umas das outras e das possíveis intenções nefastas, ou das implicações das mesmas, que afectarão as relações entre os dois países.4
Equilíbrio positivo nas relações entre os governos dos EUA e da China
Felizmente para aqueles que procuram uma melhoria nas relações
O processo não foi uniforme ou fácil, mas o resultado foi um equilíbrio positivo entre os governos
2Kenneth Liberthal, “The
2009)
3Elizabeth Economy and Adam Segal, “The
72.
4Robert Sutter,
5Sutter,
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A crescente interdependência económica e cooperação sobre questões chave dos assuntos asiáticos e mundiais vieram reforçar a tendência de cada governo em acentuar os aspectos positivos e manter relações construtivas com o outro. A emergente situação positiva nas relações
Assim, surgiu um modelo dualista nas relações
Os planos de contingência e de prevenção chineses e
Arecente situação positiva nas relações
No início da última metade da década de noventa, os líderes chineses reexaminaram e reavaliaram a atitude confrontacional que até então haviam mantido face às pressões exercidas pelos Estados Unidos contra a China e a velha oposição chinesa ao domínio e
àdenominada "hegemonia" americana em assuntos asiáticos e mundiais. Essas pressões e domínio dos EUA tinham anteriormente sido encarados como a antítese dos interesses chineses, exigindo uma forte oposição e resistência por parte da China. Isto conduziu a um debate entre especialistas estrangeiros e chineses sobre o significado desta reavaliação. De acordo com alguns especialistas estrangeiros que entrevistaram
6Este dualismo e respectivas estratégias Gulliver são analisados in Robert Sutter, “China and US Security and Economic Interests: Opportunities and Challenges,” in Robert Ross e Oystein Tunsjo eds.,
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várias autoridades chinesas e especialistas em política externa, os líderes chineses no final da década de noventa adoptaram uma estratégia que minimizava a oposição e as diferenças relativamente aos Estados Unidos, a favor de uma abordagem de maior cooperação com o governo americano.
Neste contexto, alguns especialistas americanos e chineses consideraram que a nova abordagem de adaptação pragmática dos chineses obteve a aprovação dos EUA e continuará a
Uma escola de pensamento oposta que reúne especialistas chineses e norte americanos, onde me incluo, acredita que as circunstâncias em torno da política externa chinesa e da política chinesa relativamente aos Estados Unidos foram e continuam a ser excessivamente incertas para que seja possível postular uma verdadeira e duradoura estratégia chinesa de cooperação e convergência com os Estados Unidos. Tem havido reviravoltas marcantes nas relações
A estabilidade do que se apresenta como uma frágil relação inerente foi contestada na presente década pela antipatia dos Estados Unidos relativamente às políticas e práticas chinesas em matéria de segurança, economia e outras áreas, e às políticas e práticas do Taiwan, Coreia do Norte, Japão e outros actores internacionais.9 Nem eu nem os restantes especialistas no grupo nos convencemos que os líderes chineses estão confiantes e suficientemente maduros na sua nova atitude de moderação para com os Estados Unidos. Pelo contrário, os líderes chineses são frequentemente vistos como sendo vulneráveis e imprevisíveis na forma como reagem e respondem a políticas e práticas, particularmente por parte do poderoso e por vezes imprevisível governo dos Estados Unidos, mas onde também se incluem os líderes de Taiwan, Japão, Rússia, Coreia do Norte, e Índia, entre outros.
7Avery Goldstein. Rising to the Challenge: China’s Grand Strategy and International Security. Stanford,
Calif.: Stanford University Press, 2005.
8Evan Medeiros e R. Taylor Fravel, “China’s New Diplomacy,” Foreign Affairs 82:6
2003)
9Susan Shirk, China: Fragile Superpower. New York: Oxford University Press, 2007.Robert Sutter, Chinese
Foreign Relations: Power and Policy since the Cold War Lanham, Md.: Rowman e Littlefield 2007, p. 3- 12.
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alteram, pesando a cada instante as vantagens e custos de manterem ou modificarem as suas políticas, para assim poderem manter as principais prioridades da liderança chinesa e promover o que denominam por poder nacional abrangente da China.
Na opinião deste grupo de analistas, nos últimos anos os líderes chineses têm apostado em convencer os Estados Unidos e outras importantes potências mundiais da determinação da China em prosseguir o caminho da paz e do desenvolvimento. Assim,
anova forma de pensar, traduzida num maior activismo internacional chinês e na atitude positiva para com organizações multilaterais e política mundial realçados em Dezembro de 2005 no Livro Branco da China intitulado Via do Desenvolvimento Pacífico da China (China’s Peaceful Development Road) parece ser apenas uma parte da recente política externa chinesa.
Esta nova forma de pensar positiva e equilibrada aparenta ter por contrapeso um grande aumento das forças militares chinesas, que corre em paralelo e é apoiado por afirmações nos livros brancos chineses sobre segurança nacional, declarações oficiais e acções diplomáticas e militares assertivas que indicam claramente que os líderes chineses estão efectivamente preparados para proteger os seus interesses de forma intensa e assertiva face a situações que justifiquem esse tipo de medidas.
Entretanto, o novo activismo internacional chinês e atitude positiva não só promovem uma imagem positiva e benéfica para a China, como são interpretados pelos analistas acima referidos como servindo um objectivo prático importante de promoção das normas e práticas em organizações internacionais e regionais, em circunstâncias que criam um amortecedor contra aquilo que interpretam como sendo os esforços do EUA para "conter" a China e impedir a ascensão do poder da China. Geralmente consistentes com a imagem da “estratégia Gulliver” referida anteriormente, os chineses promovem teias de relações de interdependência que visam prejudicar e dificultar acções unilaterais ou de outro tipo por parte da superpotência EUA que poderiam interferir em importantes interesses chineses no mundo e nos assuntos asiáticos.10
Eventos em 2009
Foi neste contexto que o presidente Barack Obama tomou posse em Janeiro de 2009. O ano de 2009 expôs os pontos fortes e fracos do actual envolvimento americano com a China. O presidente Barack Obama iniciou o seu mandato enfrentando uma série de importantes problemas internacionais e domésticos, mas a política com a China não se incluía nesses problemas. A campanha do presidente fora invulgar na medida em que a política com a China esteve ausente como questão importante do debate. A opinião dos peritos insistiu junto do novo governo dos EUA para que prosseguisse o equilíbrio positivo no envolvimento entre os EUA e a China que se desenvolvera durante os últimos anos da administração de George W. Bush.11
10Phillip Saunders China’s Global Activism: Strategy, Drivers, and Tools (Washington, D.C.: National Defense University Press Institute for National Strategic Studies Occasional Paper 4 de Junho de 2006)
11Jacques deLisle, China Policy Under Obama Foreign Policy Research Institute
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Como referido anteriormente, figuras americanas de relevo encaravam a cooperação entre a China e os Estados Unidos como a relação mais importante da política internacional do século XXI. Defendiam o estabelecimento de um condomínio
No entanto, muitas diferenças importantes
As autoridades chinesas e
A cooperação
12Liberthal, “The
13Bonnie Glaser,
14Charles Babington and Jennifer Loven, “Obama raced clock, chaos, comedy for climate deal,” www.ap.com 19 de Dezembr0, 2009 (consultado em 21 de Dezembro, 2009)
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àpressão internacional para obrigar a Coreia do Norte a cooperar. Pequim
As relações militares permaneceram tensas. Os navios governamentais chineses confrontaram e assediaram navios militares de vigilância americanos que patrulhavam as águas internacionais reivindicadas pela China como zona especial no Mar da China Meridional. A China bloqueou trocas militares durante meses por causa de uma transferência de armas dos EUA para o Taiwan no final do governo Bush. Novas trocas militares em 2009 foram recebidas com fortes advertências chinesas contra a venda de armas dos Estados Unidos ao Taiwan.16
Neste contexto, as expectativas quanto às relações entre os EUA e a China eram cautelosas. Os intercâmbios oficiais entre os EUA e a China
Apesar de importantes, as disputas e diferenças nas relações
A administração Obama continuou a
O governo do presidente Hu Jintao definiu os objectivos de uma política central interna e externa para a década seguinte centrada na China, que promovia a continuação da situação internacional em geral, encarada como vantajosa para a China, a fim de permitir a modernização rápida da China. As vantagens que se poderiam colher neste período, entendido como uma “oportunidade estratégica” nos assuntos internacionais, parecia exigir que as relações
15Mark Landler, “Clinton warns China on Iran Sanctions,” New York Times 29 de Janeiro de 2010 www.nytimes.com (consultado em 23 de Fevereiro de 2010.
16Chris Buckley, “China PLA officers urge economic punch against US,” Reuters 9 de Fevereiro de 2010 www.reuters.com (consultado em 12 de Fevereiro de 2010)
17Glaser,
18David Michael Lampton, The Three Faces of Chinese Power Berkely CA: University of California Press, 32- 36.
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Assim, as investidas chinesas contra a vigilância militar dos EUA no Mar da China Meridional diminuíram. Apesar das críticas e ameaças públicas, os investimentos chineses em títulos dos EUA continuaram, e a dependência chinesa no dólar americano
Início de 2010
Infelizmente para aqueles que procuram reforçar a imagem positiva de cooperação e envolvimento entre as duas potências mundiais, o início de 2010 foi marcado por desavenças. Fevereiro foi um mês particularmente mau. As autoridades chinesas e os comentários oficiais tomaram a iniciativa incomum de aumentar as críticas e ameaças contra os EUA perante notícias dos planos de venda de armas ao Taiwan. O governo chinês sabia que as vendas eram esperadas e que provavelmente tinham sido adiadas para evitar polémicas antes da visita do presidente Obama à China, em Novembro de 2009. No entanto, no início de 2010 a comunicação social chinesa estava repleta de avisos contra a venda. Quando o pacote de vendas de sistemas de armamento americano, no valor de 6,4 bilhões de dólares, foi publicamente anunciado no início de Fevereiro, a reacção chinesa foi publicamente forte. As medidas concretas de retaliação incluíam travar algumas negociações em matéria de defesa, ameaças de represália contra empresas dos EUA que vendiam equipamento militar ao Taiwan, e advertências que a China colaboraria menos com as autoridades dos EUA em importantes questões internacionais, como as suspeitas em torno do programa de armas nucleares do Irão.20
O governo Obama não escondeu o facto de, em deferência para com a China e devido à preocupação com a viagem do presidente a Pequim em Novembro, tinha adiado o encontro do presidente com o Dalai Lama para não ter que se reunir com o líder tibetano aquando da visita deste último a Washington em Outubro de 2009. Assim, quando a notícia da nova data do encontro entre Obama e o Dalai Lama foi anunciada em Fevereiro de 2010, as autoridades chinesas e a comunicação social mais uma vez pareceram intimidar os americanos, advertindo contra a reunião e respectivas consequências para as relações
O endurecimento da atitude da China — posições opostas
Na sequência da por vezes interacção hostil
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20Alan Romberg, “Beijing’s Hard Line against US Arms Sales to Taiwan,” PACNET Newsletter #4 3 de Fevereiro de 2010 www.csis.org/pacfor
21“China warns against
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em matéria de alterações climáticas, programa nuclear do Irão, e assuntos internacionais relacionadas com a questão cambial e o comércio, a posição pública endurecida da China despoletou uma série de especulações por parte de observadores da comunicação social e especialistas em assuntos internacionais nos Estados Unidos, China, e outros pontos da Ásia e do Ocidente. Apesar de frequentemente se esgrimirem posições e pontos de vista muito variados, o debate
O grupo mais proeminente alertou para um real ou eventual ponto de viragem na relação entre a China e os EUA.22 Os especialistas e analistas da comunicação social que faziam parte deste grupo tendiam a ver a China em ascensão como tendo alcançado maior poder e influência nos assuntos mundiais, e que este crescimento faria com que a China exercesse pressão sobre os Estados Unidos para que fizesse concessões em questões chave da disputa de longa data, como o Taiwan e Tibete. A "confiança" e "agressividade" acrescidas da China fazia igualmente com que Pequim tomasse posições duras nas disputas com os Estados Unidos sobre questões cambiais e comerciais, práticas de direitos humanos e ciberataques, e a cooperar menos com os esforços internacionais apoiados pelos EUA relativamente ao Irão, Coreia do Norte e alterações climáticas. Alguns viam a China a assumir a liderança e a definir a agenda nas relações
Os pontos específicos avançados por estes comentadores e especialistas incluíam o seguinte:
-A China emergiu da crise económica mundial de
22David Shambaugh, “The Chinese tiger shows its claws,” Financial Times February 17, 2010 www.ft.com (consultado em 23 de Fevereiro de 2010).
23James Hoagland, “As Obama bets on Asia, regional players hedge,” Washington Post , 11 de Fevereiro de 2010 www.washingtonpost.com (consultado em 23 de Fevereiro de 2010)
24Kendra Marr, “W.H. takes tougher tone with China, “ Politico 16 de Fevereiro de 2010 www.politico.com (consultado em 23 de Fevereiro de 2010)
25Martin Jacques, “Crouching dragon, weakened eagle,” International Herald Tribune 16 de Fevereiro de 2010 www.iht.com (consultado em 23 de Fevereiro de 2010).
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-Na sua visita à China em Novembro de 2009 e noutras formas de envolvimento
-Uma linha de análise neste grupo afirmou que o incentivo que levou os altos dirigentes chineses a adoptarem políticas mais duras e menos cooperantes com os Estados Unidos tinha menos a ver com a sua confiança nos assuntos internacionais e mais a ver com as suas preocupações sobre a gestão das pressões domésticas chinesas. As elites chinesas e a opinião pública foram, alegadamente, influenciadas pelos comentários internacionais e chineses que destacaram a ascensão da China na sua saída da crise económica, enquanto os Estados Unidos ficavam para trás. Estes segmentos da opinião chinesa foram acompanhados pelas autoridades militares e económicas chinesas, assim com outros intervenientes no crescente perfil internacional da China, que não estavam associados à abordagem geralmente mais experiente e profissional conduzida pelos responsáveis pela diplomacia externa chinesa profissional. As forças domésticas, militares e outras autoridades juntaram- se à opinião pública e à da elite na pressão por uma maior atenção para com os interesses chineses e maior resistência às exigências ou pressões exercidas pelos Estados Unidos. A fim de preservar a estabilidade interna e a continuidade serena do governo do Partido Comunista Chinês, a posição assumida por Hu Jintao e outros líderes foi interpretada como não tendo grande escolha senão aceitar as exigências das forças internas a favor de uma posição mais dura contra os EUA.26
O segundo grupo de observadores chineses e internacionais assumiu uma posição muito menos proeminente do que o grupo de comentadores referido acima no início de 2010. Os comentadores e especialistas do segundo grupo reconheceram devidamente a atitude pública mais assertiva da China em relação ao Taiwan e ao Tibete. A reduzida cooperação da China com os Estados Unidos em assuntos que iam desde a questão cambial e comércio até às alterações climáticas e ao programa nuclear do Irão foi igualmente notada. Estes observadores previam um ano difícil para as relações sino- americanas, sobretudo porque o governo Obama estava sob pressão das forças económicas e políticas domésticas a favor de uma atitude mais firme por parte dos Estados Unidos contra a China em assuntos relacionados com direitos internacionais, disputas comerciais e o Irão. Contudo, estes especialistas e comentadores viam maior continuidade do que mudança nas relações
26Edward Wong, “Rift grows as US and China seek differing goals,” New York Times 20 de Fevereiro de 2010 www.nytimes.com (consultado em 23 de Fevereiro de 2010).
27Minxin Pei, “The Tension is overstated,” International Herald Tribune February 16, 2010 www.iht.com (consultado em 23 de Fevereiro de 2010); Elizabeth Economy, “The US and China Have at it Again; but
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que a China tivesse atingido um ponto em que se sentisse preparada para confrontar a América em assuntos chave, e que estivesse disposta a colocar em risco uma deterioração substancial das relações
Entre as razões específicas a favor da continuidade dos esforços chineses para evitar um conflito substancial e manter o envolvimento positivo com os Estados Unidos
-A dependência da China da economia dos Estados Unidos e a sua dependência da ordem internacional liderada pelos EUA continuava a ser enorme. A capacidade de uns Estados Unidos irritados de complicar e prejudicar os interesses chineses na manutenção da “oportunidade estratégica” fornecida por um ambiente internacional vantajoso nas primeiras duas décadas do século XXI continuava a ser igualmente enorme.
-Na década anterior, a China tinha sido obrigada a inverter a sua forte oposição ao hegemonismo dos Estados Unidos em prol de uma política que oferecesse garantias aos EUA e associados que a ascensão da China seria pacífica.
-Se a China decidisse confrontar os Estados Unidos, provavelmente optaria pelo padrão utilizado anteriormente para lidar com iniciativas internacionais contra adversários reais ou em potência. Este padrão envolve o recurso a tácticas de “frente unida”, através das quais a China se mostra sensibilizada e procura estreitar laços com outras potências à medida que se prepara para confrontar o adversário, o “alvo” principal. Contudo, as condições existentes nas relações diplomáticas
it’s much ado about nothing,” http://blogs.cfr.org 2 de Fevereiro de 2010 (consultado em 12 de Fevereiro de 2010).
28Estes pontos e os referidos nos parágrafos assinalados por marcadores beneficiaram das trocas de impressões e reuniões
29Lampton, Three Faces of Chinese Power
Policy since the Cold War (segunda edição) Lanham, MD: Rowman and Littlefield, 2010, p. 10.
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chinesas indicavam que a China não mantinha relações particularmente favoráveis com muitos centros mundiais de poder caso optasse por enfrentar os Estados Unidos em 2010. Os laços com a Índia, Japão, Europa Ocidental, Coreia do Sul, Austrália e, discutivelmente, a Rússia, eram muito variáveis e por vezes conturbados. À excepção de com o Japão, as relações eram mais problemáticas e menos assentes na cooperação do que tinham sido na década anterior.
Eventos posteriores - equilíbrio positivo sustentado
Os eventos que tiveram lugar no final de 2010 não resolveram o debate entre os comentadores que viam uma China assertiva disposta a pressionar os Estados Unidos relativamente às diferenças existentes, e os comentadores que pensavam que os líderes americanos e chineses viam os seus interesses como estando bem servidos através de políticas e práticas que evitavam o conflito e mantinham um equilíbrio positivo nas relações entre a China e os Estados Unidos. Contudo, os ziguezagues na atitude chinesa de desafio às políticas e acções americanas pareciam ter limites. Os altos dirigentes chineses expressaram claramente a sua preocupação em manter e desenvolver o equilíbrio positivo nas relações
Os americanos ficaram decepcionados com a recusa da China em condenar a Coreia do Norte pelo afundamento de um navio de guerra
Enquanto isso, as autoridades chinesas expandiam e refinavam em privado e publicamente a sua preocupação mais recente em apoiar os “seus interesses fundamentais” de forma a incluir reivindicações mais abrangentes, onde se incluíam grupos de ilhas situadas no Mar da China Meridional igualmente reclamadas por outros estados. As supostamente pretensões inflexíveis que envolviam os interesses “fundamentais” da China abrangiam afirmações unilaterais chinesas e tentativas de regulamentação de vigilância militar, pescas, prospecção de petróleo e outros direitos até então utilizados nos Estados Unidos e países vizinhos do Sudeste Asiático, entre outros.31
30Bonnie Glaser,
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A China
Os avanços importantes nas relações militares, entre outras, dos EUA com o Vietname, expostos durante as celebrações de um aniversário
Há muito que a China adoptara uma abordagem regional baseada no crescimento do comércio, noutros contactos económicos e na diplomacia bilateral e multilateral destinada a tranquilizar os vizinhos do Sudeste Asiático e o respectivo agrupamento regional, a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). À medida que as disputas no Mar da China Meridional com países regionais e os Estados Unidos ganharam relevo nos últimos anos, a China
As autoridades chinesas e comentários na comunicação social chinesa começaram por se opor à intervenção dos EUA na reunião do ARF, e a outras iniciativas da política
Esses ataques foram efectuados juntamente com outros ataques públicos por parte da China contra as manobras militares que se realizavam em simultâneo com as forças
Posteriormente, algumas das opiniões chinesas
Em suma, a China parecia não estar preparada para permitir que as disputas com os Estados Unidos sobre o Mar da China Meridional, Mar Amarelo, e assuntos afins
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aumentassem de forma a poder prejudicar gravemente as relações
Como exemplo dos limites à assertividade chinesa perante os interesses dos Estados Unidos,
Bibliografia
Goldstein, Avery (2005). Rising to the Challenge: China’s Grand Strategy and
International Security. Stanford, Calif.: Stanford University Press.
Lampton, David Michael (2008). The Three Faces of Chinese Power Berkeley CA: University of California Press.
Shirk, Susan (2007). China: Fragile Superpower. New York: Oxford University Press.
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