OBSERVARE
Universidade Autónoma de Lisboa
ISSN:
Vol. 1, n.º 1 (Outono 2010), pp.
SEGURANÇA E COMPLEXO DE SEGURANÇA: CONCEITOS OPERACIONAIS
Luís Tomé
Professor na Universidade Autónoma de Lisboa (UAL) e Professor Convidado do Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM) e do Instituto da Defesa Nacional (IDN). Coordenador Científico do OBSERVARE e Subdirector da JANUS.NET. Doutorado em Relações Internacionais pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Resumo
A Segurança é uma das mais ambíguas, debatidas e contestadas noções em todo o edifício conceptual das relações internacionais. A visão “tradicional” vem sendo severamente contestada, surgindo novas abordagens e sendo a segurança reconceptualizada em todas as suas componentes e dimensões cruciais, do objecto e da referência à abrangência e aos instrumentos de segurança. Estimulante continua, igualmente, a discussão em torno da definição e caracterização dos sistemas de segurança internacional, nomeadamente, envolvendo os de segurança competitiva, segurança comum, segurança cooperativa, segurança colectiva e comunidade de segurança. Partindo destes debates e à luz da realidade internacional contemporânea,
Segurança; Complexo de Segurança; Relações Internacionais; Teoria; Conceitos
Como citar este artigo
Tomé, Luís (2010) "Segurança e Complexo de Segurança: conceitos operacionais". JANUS.NET
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Artigo recebido em Agosto de 2010 e aceite para publicação em Agosto de 2010
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Segurança e Complexo de Segurança: conceitos operacionais
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SEGURANÇA E COMPLEXO DE SEGURANÇA: CONCEITOS OPERACIONAIS
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A segurança continua a estar no topo das preocupações, das discussões e das agendas nacionais, regionais e mundial. Continua, igualmente, a absorver enormes recursos e o sacrifício de muitas vidas. Porém, à medida que as sociedades e as relações internacionais se transformam, a forma de pensar a segurança também evolui. Daí que a segurança venha sendo discutida e reconceptualizada em todas as suas componentes e dimensões cruciais, desde o objecto de segurança aos sistemas de segurança internacional. Partindo destes debates e à luz da realidade internacional contemporânea, o que aqui se propõem são noções operacionais de segurança e de complexo de segurança.
1. Da “segurança tradicional” às “novas abordagens”
Parte significativa das discussões sobre segurança envolve a sua referência e abrangência: Qual o objecto da segurança ou que entidade deve ser segura (segurança de quem)? Qual a natureza ou o tipo de ameaças, riscos e desafios (segurança face a quê ou a quem)? Qual o agente de segurança (segurança por quem) e com que meios (instrumentos de segurança)? Das respostas a estas questões dependem as respectivas conceptualizações de segurança.
Na perspectiva realista1, segundo a qual o sistema internacional é anárquico e permanentemente
1Sempre que aqui se refere concepção/abordagem/escola/ paradigma/perspectiva/visão “realista” assume- se o que pode ser considerado como a sua essência ou os seus traços definidores cruciais, sem atender à enorme diversidade e riqueza de análises e variantes no seu seio.
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Por outro lado, a segurança esteve sempre ligada à dimensão militar, frequentemente, a dimensão exclusiva. Há, inclusivamente, quem tenha revertido a sua posição, depois de ter inicialmente advogado uma concepção mais abrangente de segurança, como Richard Ullman: se antes afirmava que «defining national security merely (or even primarily) in military terms conveys a profoundly false image of reality [which] is doubly misleading and therefore doubly dangerous» (Ullman, 1983: 129), depois passou a advogar que «if national security encompasses all serious and urgent threats to a
A abordagem tradicional da segurança
256)retrata como “hiperglobalistas”, sugerem que o Estado está em vias de se tornar irrelevante enquanto estrutura de decisão ou, simplesmente, que deixou de ser uma estrutura adequada para os desafios que se colocam à Humanidade.
Similarmente, muitos demonstram ser desadequado aplicar a lógica convencional da “segurança estatal” a entidades estaduais não consolidadas ou nos inúmeros casos em que o próprio “Estado” é percepcionado como a primeira fonte de insegurança para a sua população. De facto, em muitas situações, o quadro interno é bem mais anárquico e Hobbesiano do que o quadro internacional, ficando certos Estados na situação de “não Estados”: a terminologia “Estado Falhado, Frágil e em Colapso” cunha, modernamente, este tipo de situações.
Isto implica, naturalmente, uma alteração substantiva do objecto de segurança: «Quando os direitos humanos e o ambiente estão protegidos, as vidas e identidades das pessoas tendem a estar seguras; quando não estão protegidas, as pessoas não estão seguras, independentemente da capacidade militar do Estado onde vivem» (Klare e Thomas 1994:
Acresce que a tradicional diferenciação entre as dimensões “interna” e “externa” da segurança está claramente diluída. Mesmo autores do “campo realista” reconhecem
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com clarividência os limites daquela dicotomia tradicional, como B. Buzan (1991: 363): «Apesar do termo “segurança nacional” sugerir um fenómeno ao nível do Estado, as conexões entre esse nível e os níveis individual, regional e sistémico são demasiado numerosas e fortes para serem negadas… O conceito de segurança liga tão estreitamente estes níveis e sectores que exige ser tratado sob uma perspectiva integrada». Com efeito, parece evidente que «as ameaças à segurança não se restringem às fronteiras nacionais, estão relacionadas entre si e devem ser encaradas nos planos tanto nacional como
Por outro lado,
A segurança económica foi a primeira das dimensões não militares a merecer a atenção de investigadores, estrategas e políticos, em particular, desde o choque petrolífero de 1973. Ainda assim, foi a partir do termo da Guerra Fria que se acentuou e generalizou a noção de que os highest stakes se deslocavam para o campo económico: perante a aceleração das interdependências económicas, garantir as condições de desenvolvimento económico e o acesso aos mercados de abastecimento e escoamento, bem como das respectivas rotas, tornaram a segurança económica e também a segurança energética assumidamente dimensões cruciais da segurança.
Domínio mais recente relacionado com a segurança é o ambiente. «O processo de degradação ambiental», afirmava Al Gore (1990:60) há já duas décadas, «ameaça não só a qualidade de vida mas a vida em si mesma. O ambiente global
Muitas outras dimensões há que vêm sendo incluídas na agenda da segurança, embora com graus de polémica e/ou aceitação distintos. Por exemplo, enquanto a inclusão dos direitos humanos, dos desastres naturais e das doenças infecciosas é relativamente controversa, o terrorismo surge virtualmente em toda a literatura contemporânea sobre segurança, tal como acontece com a pirataria marítima, a criminalidade organizada transnacional, os
A realidade é que encontramos cada vez mais frequentemente propostas que invertem a hierarquia entre os assuntos high e low politics, passando as dimensões “não
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convencionais” para o topo da agenda de segurança. Isto levanta a problemática adicional do risco de militarização das dimensões
A ampliação da agenda de segurança e a multiplicação das “novas dimensões” acarretam também uma muito maior abrangência em termos de instrumentos de segurança, bem para lá dos meios militares, desde a ajuda ao desenvolvimento a novos regimes jurídicos e financeiros, da diplomacia à promoção dos direitos humanos ou ao fortalecimento do Estado de Direito. Além disso, estão claramente envolvidos muito mais actores para além do Estado e que tanto podem ser perturbadores da segurança (grupos terroristas ou associações criminosas) como promotores da segurança (das organizações internacionais às ONG’s).
Significa tudo isto que a visão realista e a abordagem “tradicional” de segurança têm sido postas em causa nos seus aspectos fundamentais: Estado como actor exclusivo e referência única de segurança; ameaças, essencialmente, externas, intencionais e militares; meios quase exclusivamente militares; e distinção nítida entre as dimensões interna e externa (Brandão, 1999: 173). Por conseguinte,
àsua “expansão” em quatro sentidos fundamentais, como sublinha Emma Rothschild (1995: 55): “extensão para baixo”, isto é, da segurança dos Estados para a dos indivíduos e grupos; “extensão para cima”, ou seja, da segurança nacional para segurança em níveis muito mais amplos como o ambiente/biosfera ou a Humanidade; “extensão horizontal”,
Daqui vêm resultando abordagens e concepções de segurança mais amplas, de que se destacam as de segurança completa, segurança global/mundial e segurança humana.
A concepção de “segurança completa” (comprehensive security) surgiu no final dos anos 1970/início dos anos 1980, inicialmente formulada pelo Japão – no âmbito da reformulação da “Doutrina Yoshida” e da noção de “segurança económica” – e depois também acolhida por outros países e organizações como o Canadá, os países do Sudeste Asiático e mesmo a ONU. Sublinhando o carácter
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tradicionais antagonistas e aumentar a segurança de uns e de outros. Para G. Evans (1993), contudo, a maior fragilidade desta concepção é ser de tal modo abrangente e ambígua que, por um lado, perde muita da sua capacidade descritiva e, por outro, fica demasiado refém da sobrevalorização da cooperação internacional.
Outras noções que acolhem crescentemente adeptos são as de “segurança global” e “segurança mundial”, significando ambas sensivelmente o mesmo. A Commission on Global Governance, no seu relatório “Our Global Neighbourhood”, prefere expressamente o termo “segurança global”: «Global security must be broadened from its traditional focus on the security of states to include the security of people and the planet» (1995: Cap.III. Promoting Security). Similarmente, Gwyn Prins (1994: 7) sustenta que se impõe uma abordagem de “segurança global” porque a Humanidade está unida numa nova «comunidade de vulnerabilidades». Na mesma linha, Seymon Brown (1994) invoca a noção de «world interests» para reconciliar os interesses nacionais, transnacionais e subnacionais.
A abordagem/concepção mais polémica é, contudo, a de “segurança humana”. Esta noção surge frequentemente associada ao Relatório de Desenvolvimento Humano do UNDP de 1994, embora a sua
Esta noção passou a ser utilizada de forma recorrente, embora com diversas caracterizações e definições2. Os seus próprios proponentes divergem acerca de que ameaças ou ameaças fundamentais os indivíduos devem ser protegidos: a concepção restrita
2Uma das mais influentes é a da Commission on Human Security (2003: 4): «Human security means protecting fundamental freedoms — freedoms that are the essence of life. It means protecting people from critical (severe) and pervasive (widespread) threats and situations. It means using processes that build on people’s strengths and aspirations. It means creating political, social, environmental, economic, military and cultural systems that together give people the building blocks of survival, livelihood and dignity».
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Independentemente da controvérsia, países como o Canadá, a Noruega ou o Japão incorporaram esta abordagem na sua política externa e de segurança, tentando
ésuficiente para produzir alterações sensíveis, já que o quadro tradicional que explica e procura evitar as guerras ou promover a paz entre Estados é claramente insuficiente e irrelevante para lidar com os novos riscos e preocupações transnacionais, os conflitos violentos dentro dos Estados ou proteger indivíduos e grupos de certos atentados ou tragédias (Tomé, 2007: 18). A segurança humana está, por isso, associada a princípios controversos que emergiram no panorama da segurança internacional nos últimos anos, como a “ingerência humanitária” ou a “Responsabilidade de Proteger”, esta adoptada oficialmente na Cimeira Mundial da ONU, em Setembro de 2005, no quadro da reforma da Organização.
Uma outra perspectiva que vem ganhando relevo no pensamento e nos debates
2. Um conceito operacional de Segurança
A Segurança é, manifestamente, uma das mais ambíguas, debatidas e contestadas noções em todo o edifício conceptual das relações internacionais. Os conceitos evoluem com o tempo e variam consoante as circunstâncias pelo que há, efectivamente, a necessidade de redefinir o conceito de segurança. Conceptualizar a segurança acomodando a enorme complexidade e diversidade dos seus elementos fundamentais
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sem ser indiscriminado e preservando a sua utilidade analítica e operacional é sempre um exercício delicado e complexo. Ainda assim, arriscamos
1)a referência de segurança são as comunidades;
2)a sobrevivência política e o
3)as ameaças e preocupações respeitantes à segurança das comunidades não provêm unicamente de outros Estados – elas também podem provir de dentro dos Estados e de outros actores não estatais;
4)a competição, a cooperação e a construção de comunidades são igualmente relevantes e podem coexistir em simultâneo;
5)a ênfase ou prioridade atribuída a cada dimensão/preocupação/ameaça e a cada instrumento de segurança pode variar de comunidade para comunidade;
6)a concepção genérica de segurança
Segurança significa, assim, a protecção e a promoção de valores e interesses considerados vitais para a sobrevivência política e o
Ter por referência a “comunidade” significa que o objecto de segurança tanto pode ser um Estado como um grupo
As preocupações com a sobrevivência política ou com o
Acresce que, a existir uma problemática crucial de sobrevivência política ou de bem- estar, ela pode não ser apenas produto de conflitos de interesses materiais – território, recursos, etc. – mas derivar, sobretudo ou paralelamente, de considerações e percepções de identidade, ideológicas ou legados históricos e culturais. Essas problemáticas e percepções ocorrem ainda em contextos de rivalidade, conflito, envolvimento e cooperação muito distintos e que são dinâmicos e evolutivos. Similarmente, a salvaguarda e/ou promoção da sobrevivência política e do
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isoladamente, podem
Da mesma forma, a noção de comunidade que surge no nosso conceito de segurança não só permite abranger vários níveis –
3. Sistemas de Segurança Internacional
Discussão distinta, embora relacionada, respeita à definição e caracterização dos “sistemas de segurança internacional”. Também nesta matéria existem propostas e visões muito diferenciadas. Por exemplo, enquanto Muthiah Alagappa (1998:
(1993) sustenta que a segurança comum, a segurança colectiva e a segurança completa são diferentes formas de segurança cooperativa. Particular relevância assumem, pois, as concepções em torno dos sistemas de segurança competitiva, segurança comum, segurança cooperativa, segurança colectiva e comunidade de segurança.
Na visão tradicional, marcadamente inspirada pelo realismo, o sistema de segurança internacional é competitivo por natureza, radicado na
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Mearsheimer é um dos mais destacados autores da corrente “ofensiva”, argumentando que «os Estados estão sempre dispostos a pensar ofensivamente na direcção de outros Estados» (2001: 34). Perspectiva distinta é expressa por Kenneth Waltz (2001), para quem os Estados não são apenas conduzidos pela “maximização do poder” mas também por “manter as suas posições no sistema” e “consolidar a balança de poder”, podendo isto ser fonte de estabilidade internacional na lógica de “ganhos relativos”.
A natureza competitiva do sistema não inviabiliza, todavia, que haja margem para a cooperação entre os Estados em matéria de segurança e defesa ou até uma relativa “ordem internacional”. É neste quadro que o realismo se conforta com as teorias da defesa colectiva (vários Estados confrontados com uma ameaça comum proveniente de outro Estado ou coligação
A “segurança comum” ganhou ênfase após a publicação do relatório “Common Security: A Programme for Disarmament” pela chamada “Comissão Palme” (ou Independent Commission on Disarmament and Security Issues), em 1982, num contexto tenso de Guerra Fria: enfatizando os riscos de escalada e as limitações e riscos de opções meramente unilaterais, aquela Comissão apelava para um compromisso comum de sobrevivência e de segurança, acomodando os interesses legítimos “dos outros” com os “nossos”. No fundo, o argumento é que a segurança deve ser alcançada com, e não contra, os outros: daí as recomendações como a criação de zonas livres de armas nucleares, o controlo mútuo das defesas estratégicas espaciais, o desarmamento entre as superpotências e respectivos “blocos” de defesa colectiva e o fortalecimento das Nações Unidas e das organizações regionais. Para Gareth Evans (1993), o positivo desta noção tal como definida pela Comissão Palme é que enfatiza a sobrevivência conjunta através da segurança com o “outro lado”, mas nota que grande parte das discussões sobre segurança comum têm sido focalizadas nas dimensões militares da segurança e que ela é apenas uma das formas possíveis de uma muito mais abrangente segurança cooperativa.
A expressão “segurança cooperativa”
Muthiah Alagappa (1998:
cooperativa não é negativa, ou que o é minimamente, podendo mesmo ser positiva: os
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Estados podem até suspeitar ou não confiar uns nos outros, mas não há a percepção de ameaça imediata. Por seu lado, Gareth Evans (1993) apresenta uma noção bem ampla de segurança cooperativa, nela cabendo as várias formas de segurança comum, colectiva e completa. Para este autor, a principal virtude da segurança cooperativa é abranger um leque muito variado de respostas às questões de segurança: a essência da segurança cooperativa radica, no fundo, em enfatizar mais a cooperação do que a competição3. Com uma concepção igualmente ampla de segurança cooperativa, o canadiano David Dewitt (1994) inclui nela as noções de segurança completa e até de segurança competitiva, bem como as de balança de poder e as alianças.
Em relação à “segurança colectiva”, G. Evans
Brian Job, por seu turno, sublinha a diferença entre “segurança colectiva” e “comunidade pluralista de segurança”. A primeira
Um nível mais elevado de cooperação é, para B. Job, o da “comunidade pluralista de segurança”, onde existe um grau mais profundo e qualitativamente superior de multilateralismo e institucionalismo e cujo membership é mais restrito e bastante
3A segurança cooperativa é, assim, descrita por G. Evans (1993) como: 1) multidimensional na amplitude e gradualista no temperamento; 2) mais inclusiva do que exclusiva; 3) enfatiza mais a garantia de segurança do que a dissuasão; 4) não é restritiva na participação ou membership; 5) favorece o multilateralismo sobre o bilateralismo; 6) não privilegia as soluções militares sobre as
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regulado. Isto acontece porque a comunidade pluralista de segurança pressupõe a identificação e a criação mútua de identidade entre os participantes, necessário para concretizar e sustentar a
4. A noção de Complexo de Segurança
Questão pertinente é saber se algum, e qual, dos sistemas de segurança referenciados caracteriza, por si só, a realidade mundial ou de determinadas
O complexo de segurança pode, assim, ser entendido como um sistema de sistemas de segurança. Mais concretamente, o complexo de segurança é a rede de relações lineares e não lineares entre múltiplas partes e de interacções entre vários sistemas de segurança, em diferentes escalas e dimensões, de que resultam determinados padrões nas conexões, estruturas e comportamentos que, por sua vez, interagem com os ambientes interno e externo a essa rede de ligações de segurança.
A noção de complexo de segurança está associada ao estudo e às teorias da complexidade dos sistemas ou dos sistemas complexos (complex systems).
O mais importante é, naturalmente, o conceito de sistema, na medida em que começámos por caracterizar o “complexo” como um “sistema de sistemas”. Segundo Yaneer
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ambiente mas
O padrão corresponde, sumariamente, à ideia de repetição - de estruturas, ideias, comportamentos ou, em última análise, de sistemas dentro de uma colecção de sistemas mais vasta. Uma forma simples de perceber um padrão é detectar repetição de comportamentos ou relações. Mas também podemos pensar o padrão em termos de quantidade e qualidade das repetições: quanto mais vezes e mais coincidentes forem essas repetições, mais sólido ou claro é um determinado padrão. Portanto, identificar padrões de segurança, entender como e porque se formam, perceber como se inter- relacionam e observar os seus efeitos no conjunto dos sistemas
A rede é o somatório de conexões que permitem interacções e influências entre partes (unidades e
A escala referencia tanto o tamanho do complexo que se analisa como o alcance da influência das unidades, das redes, dos padrões e dos sistemas e a influência do próprio complexo de sistemas. Em ambos os casos - tamanho e alcance das influências
Finalmente, a linearidade é um aspecto recorrente nos nexos de
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sistema e menos ainda um complexo de sistemas. Daí que seja fundamental contemplar, igualmente, as relações não lineares entendidas, simplesmente, como aquelas que não são lineares e que ampliam enormemente o leque possível de causalidades e dependências. Os problemas são muitas vezes difíceis de entender e de resolver porque as causas e os efeitos não são facilmente relacionáveis: variações num sistema “aqui” tem frequentes efeitos “ali” uma vez que as partes e os sistemas são interdependentes. Ou seja, pegando no exemplo anterior, o relacionamento RPChina- Taiwan resulta dos muitos tipos de relações entre ambos mas também é o reflexo e, ao mesmo tempo, ajuda a condicionar, as relações a vários níveis quer da China quer de Taiwan com os EUA e com outros actores na
Conclusões
O conceito de segurança aqui proposto - significando a protecção e a promoção de valores e interesses considerados vitais para a sobrevivência política e o
Além disso, o propósito de uma definição é indicar a sua essência e os seus limites fundamentais, devendo ser medida em função da sua utilidade numa lógica de problem solving. Em nosso entender, a formulação aqui proposta alarga e aprofunda a noção de segurança sem cair no exagero da abrangência, já que fixa importantes parâmetros em termos de referência (comunidade) e valores centrais (sobrevivência política e bem- estar); não restringe a priori o leque de possibilidades de
Quanto à noção de “complexo de segurança” – definido como sistema de sistemas e rede de relações lineares e não lineares entre múltiplas partes e de interacções entre vários sistemas de segurança, em diferentes escalas e dimensões, de que resultam determinados padrões nas conexões, estruturas e comportamentos que, por sua vez, interagem com os ambientes interno e externo a essa rede de ligações de segurança
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