A primeira descoberta é que as empresas indígenas são, em média, mais pequenas que
as estrangeiras e, ao mesmo tempo, iniciam a actividade com uma dimensão que é
também mais reduzida do que a das empresas estrangeiras, diferença essa que tende a
acentuar-se ao longo do tempo.
O nível educacional (ou de habilitações académicas) dos fundadores ajuda a perceber a
diferença de dimensão entre empresas indígenas, à data da constituição, numa
associação linear positiva. Esta diferença de dimensão tende a manter-se ao longo do
tempo.
O crédito comercial está também mais acessível a empresas estrangeiras do que a
empresas locais, sugerindo uma maior dificuldade destas no estabelecimento de uma
relação de confiança com os seus fornecedores.
Estes resultados indicam ainda a inexistência de redes empresariais nas comunidades
locais africanas. Como os sistemas judiciais são no geral fracos, é extremamente difícil
para uma pequena empresa africana desenvolver-se ao mesmo ritmo que um
empreendedor estrangeiro, nomeadamente asiático, árabe ou europeu.
Como última conclusão, quiçá a mais surpreendente de todas, observa-se que a
dificuldade de acesso à informação tem um peso, para os empreendedores africanos,
ainda mais elevado que a dificuldade de acesso a capital, o que contraria os estudos
efectuados nos países desenvolvidos sobre a mesma matéria.
Brixiova (2010) salienta a importância de se estudar a forma como a falta de
competências das empresas indígenas africanas, que afecta tanto os empreendedores
quanto os seus trabalhadores, poderá ser ultrapassada já que as outras variáveis com
impacto negativo sobre o Empreendedorismo são mais conhecidas: acesso ao crédito,
ambiente de negócios e constrangimentos infra-estruturais. O deficiente acesso à
informação também é identificado como dificultando o fenómeno empreendedor.
Neste contexto das competências, sendo a qualidade do trabalho humano o aspecto mais
crítico para o desenvolvimento de um empreendedorismo de oportunidade, Brixiová et
al (2015) refere ainda a importância de um factor com elevado impacto negativo: um
desemprego jovem cada vez mais acentuado em vários países africanos, paradoxal na
lógica de desenvolvimento que muitos desses países têm apresentado recentemente.
Apesar disso, Ekekwe (2016) identifica um aumento significativo (exponencial?) do
Empreendedorismo africano, pelo menos nalguns países do continente, como a Nigéria,
o Quénia, o Senegal, o Ruanda e o Gana.
Entre as principais razões apontadas emerge a recente crise provocada pela queda do
preço do petróleo e a consequente necessidade dos agentes económicos e do Estado
comprarem produtos em moeda local, dada a crise cambial em que a maioria dos países
africanos, directa ou indirectamente, caiu.
Finalmente, Klingebiel & Stadler (2017) identifica os 3 factores que deveriam guiar o
crescimento do empreendedorismo em África: (i) focalização no empreendedorismo de
“topo da pirâmide”, por oposição ao empreendedorismo de sobrevivência, ou de “base
da pirâmide”, característico da economia informal: (ii) controlo sobre os factores de
produção e (iii) inovação na distribuição (e não nos produtos).
Relativamente ao primeiro fator, os autores aconselham os empreendedores a
combinarem concepção de produto africana com níveis de qualidade (de produção)