aqueles investigadores que se debruçam nas áreas menos mainstream, ainda que
relevantes, têm maior dificuldade em dispor de fundos para investigação e
reconhecimento. “É bem sabido que o financiamento segue o que é considerado
significativo na ciência, que geralmente é definido pelo hype das citações e pelas
publicações em periódicos de alto impacto” (Satyanarayama, 2008: 4).
Towpik (2015: 465), por outro lado, fala de uma mania associada ao fator de impacto
que persiste e inflige um efeito pernicioso na ciência e em algumas condutas e práticas
científicas.
Weglinski (2015) vai mais longe, referindo que, muitas vezes, elevados fatores de
impacto são meras comodidades que o dinheiro pode pagar. E depois, quanto maior o
fator de impacto de um periódico científico, maiores os custos de publicação endereçados
aos autores que decidem publicar nesse mesmo periódico científico e/ou às
instituições/investigadores que pretendem adquirir essas publicações. Como
consequência, e ao limite, perverte-se também toda a raiz democratizante do movimento
de ciência aberta, com o próprio fator de impacto a contribuir para este cenário.
Moustafa (2015) considera ainda que o fator de impacto se tornou no pior inimigo da
qualidade científica, incutindo uma grande pressão aos autores, editores, stakeholders e
financiadores. E o pior, num número significativo de países, a alocação de verbas e
fundos governamentais é inteiramente canalizada para os únicos periódicos com o
designado alto fator de impacto, ficando todos os restantes de fora desse bolo.
Já Johnstone (2007), reportando-se ao caso da investigação na área da saúde, mais
concretamente na área da enfermagem, defende que esta obsessão pelos fatores de
impacto põe em perigo a sustentabilidade e viabilidade dos periódicos científicos na área
da enfermagem e dos seus textos académicos. Em enfermagem, expõe a autora, os
investigadores abandonam a sua agenda de publicação para publicar apenas nos
periódicos científicos de elite, alguns deles fora da área da enfermagem. A autora
completa, referindo que outras formas de avaliar a qualidade e impacto dos periódicos
científicos em enfermagem devem ser planeados, além de que os livros e capítulos de
livros deverão igualmente começar a ser incluídos nas métricas.
Ironside (2007) é peremptória em afirmar que os fatores de impacto não têm utilidade
e deviam ser abolidos, sendo certo que estes IF podem sim fornecer informações úteis
para o processo de revisão, se utilizados de forma criteriosa e com a consciência do seu
alcance, ou aquilo que podem ou não avaliar.
Por último, importa referir que os argumentos que traçam uma defesa mais declarada
do fator de impacto se centram sobretudo 1) numa espécie de aceitação tácita das
métricas pelos investigadores e académicos, e 2) na defesa do pensamento reducionista
inicial de Eugene Garfield que concebeu o fator de impacto como forma de avaliar ciência
e periódicos científicos per se. Alguns autores, como Oppenheim (2008), assumindo uma
posição profundamente celebratória relativamente à importância das métricas,
consideram que o fator de impacto está profundamente correlacionado com outros
critérios de qualidade científica, como a revisão por pares. Oppenheim (2008) não
consegue prever, por exemplo, que o fator de impacto poderá facilmente substituir o
critério da revisão por pares nas estruturas de validação do conhecimento produzido,
essencialmente porque o segundo é acima de tudo um critério fechado e silencioso,
restrito à relação autor-mediador-revisor e não disponível para consulta, o que o torna
vulnerável à fácil acessibilidade e enorme alcance do fator de impacto como critério de