O segundo elemento da cultura comum é o simbolismo partilhado, que é um conjunto de
características da comunidade epistémica. Está assinalada nos materiais oficiais,
incluindo edifícios, equipamento de escritório ou apresentação na internet. O terceiro
elemento é o património comum que a comunidade epistémica passa para as gerações
seguintes. É criado em conformidade com os valores democráticos e torna-se uma
contribuição socioeconómica para as próximas gerações (Lacey, 2016: 14).
O quarto elemento da cultura comum assenta na identidade partilhada. São os princípios
ideológicos e modelos mentais que determinam o modo de perceção, pensamento e
atuação dos membros da comunidade epistémica. Os princípios ideológicos comuns e
modelos mentais baseiam-se na neutralidade, imparcialidade e resistência (Lacey, 2016:
2-3).
Por fim, o quinto elemento da cultura comum é o interesse partilhado em alcançar
consenso (Tarko, 2015: 70). Um processo orientado por consenso representa uma
alternativa ao voto e à fase final da deliberação, na qual os membros da comunidade
epistémica formulam e modificam visões comuns, normas partilhadas e a própria
identidade profissional.
Segundo Cross (2013: 150-151), a profissionalização é reforçada também pela seleção
de novos membros e pelo desenvolvimento profissional dos atuais. Ambos dependem do
grau da contribuição para o progresso científico e do consequente nível de prestígio
(Tarko, 2015: 71-72). O contributo para o progresso científico é avaliado num processo
de autoavaliação. É um tipo de comunicação que é usada, apesar de ser
consideravelmente criticada (cf. Binswanger, 2014), para avaliação da qualidade
profissional e admissibilidade metodológica de uma ampla gama das atividades das
comunidades epistémicas (Lee et al., 2013: 2-3, 10-12). A avaliação respeita os
princípios da neutralidade, imparcialidade, autonomia, metodologia, critérios cognitivos,
e resistência às influências externas. Isso reforça a sua credibilidade a partir da qual
deriva o nível de prestígio e contribuição para o progresso científico, que assume a forma
de um índice de cotação (Lee et al., 2013: 4). Uma preparação profissional intensiva
contribui igualmente para o reforço da profissionalização (Cross, 2015: 150-151).
O terceiro elemento da comunidade epistémica profissionalizada são as reuniões
presenciais frequentes dos seus membros (Cross, 2013: 151). Nessas reuniões, os
membros da comunidade epistémica fortalecem as normas profissionais partilhadas, tais
como procedimentos internos, protocolos e padrões de construção de consenso, o que é
feito de maneira menos formal do que uma conversa em artigos de revistas científicas
(Tarko, 2015: 74). Durante as reuniões das comunidades epistémicas, também ocorrem
reuniões informais (nos bastidores) em grupos menores e permitem uma socialização
mais intensa e o fortalecimento das relações pessoais.
O reforço das normas profissionais partilhadas pode ser considerado eficaz quando os
focos dos problemas são resolvidos nas reuniões formais e informais e quando as
reuniões pessoais são frequentes (Cross, 2013: 150-151; Cross, 2015: 92). As reuniões
dos membros das comunidades epistémicas também são uma espécie de ritual onde os
eventos importantes são lembrados, prémios são concedidos e os resultados das
atividades profissionais dos membros são anunciados. É também o lugar onde as relações
de amizade e o compromisso para com objetivos comuns, ou “esprit de corps”, são
reforçados (Cross, 2011: 28; Cross, 2015: 91-93).