c) As TIC promovem o consenso entre os movimentos sociais que lutam para mudar a
ordem socioeconómica apoiada pela comunicação social. Por exemplo, as mulheres
que exigem aos governos uma maior igualdade de género (Giddens, 2000), os
movimentos de comunicação tecnológica que exigem mais liberdade de expressão
(Wolton, 2002), etc. Por vezes os textos destacam o questionar a ordem global
(Muñoz, 2005; Martín Serrano, 1994), por exemplo, os movimentos de
deslegitimação do sistema neoliberal, o paradigma da globalização (Amat et al.,
2002; Fuch, 2008; López, Roig e Sádaba, 2003) ou o paradigma da modernização
(Miller, 2011).
Dinâmica social 2: "Iluminação // Obscurantismo"
Esta é a segunda dinâmica que inclui um número maior de frases. Refere-se às
transformações comunicacionais que conduzem à autonomia de pensamento, da ação,
consciência crítica, capacidade de convocar mobilizações políticas e/ou de cidadãos. Está
igualmente relacionada exclusivamente com o consenso social, ou com o consenso social
e, ao mesmo tempo, com o conflito.
Relativamente aos textos que se referem exclusivamente ao consenso social, a
questão mencionada é mudanças nas representações das mulheres nos meios de
comunicação que fortalecem os movimentos feministas (Curran, 2005). Laube (2010:
15) observa que as abordagens dos movimentos sociais tradicionais também analisaram
a mobilização desses grupos marginalizados e as oportunidades políticas que lhes
permitem "aceder às instituições convencionais". Na amostra, também se refere a criação
de meios de comunicação populares que permitem aos grupos não-elite atrair maior
atenção, o que beneficia os movimentos em prol da democracia. Sobre este assunto,
Teun A. van Dijk sugere: "Redes sociais na Internet de pessoas oprimidas envolvidas no
discurso cognitivo nas suas respetivas troca de ideias, crenças, valores, e julgamentos"
(van Dijk, 1995: 244).
No que diz respeito aos textos relativos ao consenso e, eventualmente, ao
conflito, a questão recorrente é: a capacidade crítica da globalização gera resistência
social contra o sistema globalizado. Na literatura analisada, nota-se o acordo social de
grupos “antiglobalização", "manifestantes", de "resistência" ou "emancipatórios", que
promovem uma consciência global para mudar a atual ordem social (Cheney, Ganesh e
Zoller, 2005, Petrillli e Ponzio, 2000, Cavallo, 2005, etc.). Além disso, essa mudança
desencadeia o conflito com os interesses do poder. O interesse pela deteção de
mecanismos de manipulação por parte dos governos norte-americanos e das
organizações internacionais levaram os investigadores a analisar o empoderamento
progressivo desses movimentos no início da globalização. Posteriormente, as tecnologias
digitais tornaram mais fácil o acordo entre membros do "movimento de resistência
global" (Amat et al., 2002), como o Movimento Antiglobalização, que foi analisado por
diferentes autores (Ramonet, 2000; Chomsky, 1992; Žižek, 2002 e muitos outros).
Castells (2002a: 86) salienta que o principal mérito deste movimento é ter colocado no
topo do debate político-social o que foi apresentado como o único e indiscutível caminho
rumo ao progresso da humanidade.