níveis de pobreza e desigualdade mais reduzidos porque permite que empresas
estrangeiras invistam nos países pobres, criando assim novos empregos e promovendo
o crescimento económico que tira as pessoas da pobreza (Stiglitz, 2001).
Além disso, a remoção de tarifas de comércio permite a criação de um mercado
competitivo a nível global, onde o protecionismo é desencorajado, o que significa que os
países pobres têm mais facilidade em exportar os seus produtos (Martell, 2010). Mais
uma vez, isso conduz a melhores oportunidades comerciais, à criação de emprego e ao
crescimento económico, bem como à criação de uma divisão de trabalho mundial, o que
aumenta as hipóteses de desenvolvimento dos países pobres (Held & McGrew, 2007).
Além disso, a globalização provoca níveis mais elevados de partilha de conhecimentos
que podem beneficiar as atividades económicas dos países pobres (Friedman, 2005),
bem como a liberalização das finanças, o que incentiva o investimento estrangeiro nessas
nações (Martell, 2010). E o facto de os países estarem abertos à ajuda externa tem
permitido um grande número de programas de desenvolvimento que lidam com
problemas como a SIDA, a educação, e muitos outros (Stiglitz, 2001).
Por outro lado, os transformacionalistas também veem uma relação entre globalização,
pobreza e desigualdade, mas, em nítido contraste com a perspetiva neoliberal,
consideram que o resultado dessa relação é maioritariamente negativo. De acordo com
este ponto de vista, o processo contemporâneo da globalização empurra para níveis mais
altos de pobreza e desigualdade.
Os autores transformacionalistas criticam vários pontos do argumento neoliberal. A
primeira crítica é que há um alto nível de hipocrisia por parte dos Estados desenvolvidos:
mesmo que exerçam pressão sobre os países pobres para que eliminem as restrições
sobre o comércio, a maioria deles não remove as suas próprias restrições (Held &
McGrew, 2007). Mas, mesmo que não houvesse essa hipocrisia, a liberalização do
comércio quando os países estão em fases de desenvolvimento desigual deixa os países
pobres sem hipótese de competir com produtos provenientes de países mais ricos
(Martell, 2010). Além disso, a nova divisão do trabalho que os neoliberais elogiam não
está realmente a reduzir os níveis de desigualdade e pobreza. Em vez disso, apenas
remodela os seus padrões: em vez de uma divisão Norte-Sul, agora temos vencedores
da globalização versus perdedores da globalização (Hoogvelt, 2001). Além disso, a
desregulamentação financeira traz consigo saídas abruptas de dinheiro, o que torna as
economias dos países em desenvolvimento muito instáveis (Stiglitz, 2001). E, na medida
em que a ajuda externa é vista, força os países pobres a realizarem ajustamentos
estruturais que conduzem a maiores níveis de pobreza e desigualdade (Martell, 2010).
Por causa disso, até mesmo os programas de assistência estrangeiros que conduziram a
resultados positivos acabaram por deixar o país ajudado com grandes dívidas para pagar
(Stiglitz, 2001).
As razões acima mencionadas fizeram com que os transformacionalistas tivessem
problemas com a ideia neoliberal que a globalização conduz a níveis mais baixos de
pobreza e desigualdade. Enquanto para os neoliberais são os níveis insuficientes de
abertura comercial e financeira os responsáveis pelos níveis persistentes de desigualdade
e pobreza, para os transformacionalistas é o próprio processo de globalização que deve
ser visto como a principal explicação para tais níveis.
Para ilustrar esta discussão sobre como a globalização, a pobreza e a desigualdade
interagem, é importante olhar para os resultados de alguns estudos empíricos influentes.