Os anteriores máximos tinham sido de 54 atos, em 2008, e de 42 atos, em 2007,
respetivamente no GG e na Nigéria. Consta que, no caso da Nigéria, o número de atos
reportados poderá nem chegar a 50% dos que têm ocorrido na realidade.
Apesar dos números evidenciarem o contrário, tem havido desde 2015 uma melhoria do
patrulhamento por parte da Marinha nigeriana, o que, associado ao abaixamento do
preço do crude, fez com que o Modus Operandi dos piratas mudasse. Neste momento,
praticamente não existem sequestros de navios para roubo de crude (Bunkering) e
posterior venda no mercado negro, o que vinha sendo uma prática habitual nos últimos
anos. Um ato de Bunkering pode levar um ou mais dias a consumar, com a forte
possibilidade de os facínoras serem descobertos e presos pelas autoridades. Por outro
lado, tem aumentado o número de ataques com a finalidade de sequestrar tripulantes
dos navios, com vista à obtenção de quantias elevadas pelo seu resgate. Este é o atual
Modus Operandi dos piratas. A sua destreza já é tal que conseguem consumar os seus
atos em períodos de tempo relativamente curtos, por vezes cerca de 30 minutos, o que
lhes possibilita ter uma taxa de sucesso bastante elevada nas suas ações. Devido ao
facto de a atividade dos piratas deste Golfo estar agora muito direcionada para o
sequestro de marítimos, para obtenção de resgates, os quantitativos de tripulantes
sequestrados têm vindo a aumentar bastante nos últimos tempos, prevendo-se que a
situação possa ainda vir a piorar num futuro a curto prazo.
3. Conclusões
Apesar da região do GG ser muito rica em recursos naturais, o empobrecimento das
populações, a corrupção, a anarquia e a desarticulação social são comuns a praticamente
todos os países deste Golfo. São estes fatores que, associados à grande proliferação de
armamento ilegal e à proximidade de grandes rotas comerciais, têm incentivado o
ressurgimento da pirataria marítima/AMACN na região.
Na Nigéria, país donde provém a maioria dos piratas que atuam no GG, as tensões
interétnicas, causadas pela instabilidade social que se vive naquele país, têm gerado
muita violência entre grupos armados e entre estes e o governo, em especial nos vários
estados do delta do rio Níger. Alguns desses grupos começaram a dedicar-se à pirataria
marítima/AMACN como forma de arranjarem dinheiro “fácil”, pois veem nesta uma
atividade rentável e de perigosidade não muito elevada, que lhes permite não só financiar
as suas atividades como, por vezes, o seu sustento e o dos seus.
Uma vez que nunca se conseguirá erradicar dos mares a pirataria marítima/AMACN, os
esforços dos governos deverão ser feitos no sentido de a minimizar, sendo para tal
necessário que os países do GG adotem medidas de desenvolvimento social que
proporcionem melhores condições de vida, a criação de emprego e promovam a literacia
e a justiça social. No caso particular da Nigéria as avultadas quantias obtidas com a
venda do petróleo deverão ser primeiramente empregues nas áreas donde o mesmo é
extraído, dando mais bem-estar às populações locais.
O combate à pirataria marítima/AMACN no GG, para ser mais efetivo, tem que passar
pelo envolvimento de todos, o que só se conseguirá com uma maior consciencialização
da importância da segurança marítima, quer por parte dos governantes quer das
populações locais. Cada vez mais é pelo mar que passam os interesses nacionais,
regionais e globais dos países - em áreas como o comércio, o transporte marítimo, a