considerados os seus principais parceiros comerciais, elaborámos diversos estudos. Em
todos eles, utilizámos o modelo gravitacional, que é o instrumento econométrico mais
comummente utilizado para o estudo do comércio internacional, tendo os seus
fundamentos teóricos sido explorados, por exemplo, nos trabalhos de Anderson (1979),
Helpman e Krugman (1985) e Kalirajan (1999). O incremento da utilização deste modelo
deve-se principalmente à sua facilidade de implementação, bem como ao sucesso que
foi tendo na análise dos fluxos comerciais de diversos países, e até blocos económicos,
estudados.
Embora o nosso enfoque seja a comunicação verbal, é de salientar o facto de que os
modelos gravitacionais incluem outras variáveis cujos autores consideram com
capacidade para explicar as trocas comerciais a nível internacional. Muitos estudos têm
sido elaborados relacionando estas variáveis.
Egger e Lassmann (2012) analisam o efeito de 701 coeficientes captados por distâncias
linguísticas em 81 artigos publicados entre 1970 e 2011 em 24 periódicos. Concluem
que, para uma distância inferior a 10% entre os dois países, o seu comércio aumenta
cerca de 5%. Melitz e Toubal (2014), por outro lado, usam o modelo de comércio bilateral
(para 200.000 observações sobre as transações realizadas de 1998 a 2007) com o
objetivo de destrinçar os muitos efeitos que as línguas podem exercer sobre o comércio.
Neste seguimento, constroem quatro tipos de distâncias bilaterais entre os países: língua
oficial comum, língua materna comum, língua falada comum e distâncias linguísticas,
pois consideram que cada um deles tem um papel específico na facilitação da
comunicação entre os cidadãos de ambos os países envolvidos nas trocas comerciais.
Krisztin e Fischer (2014) utilizam também a variável dummy “língua comum” no modelo
gravitacional no estudo de 21.170 observações que traduzem os fluxos bilaterais entre
146x145 pares de países. Concluem que o impacto no fluxo comercial poderá ser perto
de 90% maior no caso de os países partilharem a mesma língua.
Neste âmbito, também já realizámos diversos estudos, relacionando os fluxos de
comércio entre os países com a proximidade linguística. Em Ferro e Ribeiro (2016), foram
agrupados 56 países principais parceiros comerciais de Portugal (em 2013) de acordo
com suas famílias linguísticas. Os critérios subjacentes à classificação foram: (i) critérios
linguísticos: as línguas foram classificadas de acordo com um princípio etimológico,
baseado na sua família linguística; (ii) semelhança entre idiomas: dado que o português
é uma língua românica, incluíram-se neste grupo as línguas pertencentes a essa família
para explicar a semelhança entre elas; (iii) línguas estrangeiras: onde se incluíram quatro
línguas: o inglês (a língua estrangeira mais comummente estudada em Portugal) que é
uma língua germânica, seguida por duas línguas românicas (francês e espanhol) e depois
outra germânica, o alemão. O objetivo foi analisar se o facto de a língua do parceiro
comercial pertencer a cada uma dessas famílias de línguas tem relação direta com as
exportações portuguesas para aquele país. No estudo, encontra-se o suporte para uma
das suas hipóteses de base ― concretamente o facto de que as exportações portuguesas
são maiores para países que compartilham uma língua semelhante. Conclui-se, portanto,
que há uma relação direta entre o volume das exportações portuguesas e o facto de o
país de destino ter uma língua oficial românica. Uma vez que esta é também a família
linguística do português, este resultado era esperado, dado que, quando os países
partilham a mesma língua, a barreira linguística é apagada, facilitando a comunicação
entre ambos e, desta forma, estabelecendo uma comunicação mais próxima; logo, os