pertencerem à comunidade das democracias da Europa ocidental. Tratava-se de um
conjunto de Estados que, embora com desenvolvimentos económicos diferentes,
apresentavam uma grande homogeneidade em termos políticos e até de experiência
histórica recente, marcada pelas “garantias de segurança” dadas pela Aliança Atlântica,
o que lhes permitiu um desenvolvimento económico grande apoiado numa crescente
segurança jurídica que, embora de forma marcadamente desigual, aí se tem vindo a
estabelecer.
Com a queda do Muro e a libertação dos países da “Europa do Leste”, estes desde logo
aspiraram a aderir, por um lado, à União Europeia, em busca do desenvolvimento com
que tinham sonhado, e por outro lado à NATO, a organização que lhes proporcionava
essas garantias de segurança e de respeito pela sua soberania recém-adquirida.
Porém, se é verdade que a maior parte destes países aderiu à União Europeia e à Aliança
Atlântica nos primeiros anos logo a seguir à queda do Muro, é também certo que
continuavam muito desconfiados em relação ao seu vizinho a Leste – agora a Federação
da Rússia – e também algo reticentes em aderir a projetos federalistas que implicavam
cedências importantes em termos de soberania nacional. Não é, assim, de estranhar que,
paralelamente ao processo de integração europeia, se fossem desenhando formas de
cooperação regional de que é exemplo mais visível o Pacto de Visegrado – um ponto a
que voltaremos. Estas não punham em causa a integração europeia – longe disso – mas
enfatizavam as especificidades regionais, que abarcavam não apenas as questões
económicas (em termos de desenvolvimento, necessidades infraestruturais, dependência
energética, etc.), mas também políticas e de segurança (receio do intervencionismo
russo, defesa da soberania, etc.). As suas perceções de segurança muitas vezes não
eram partilhadas pelos outros países, que não conheciam a experiência do que era viver
sob um regime totalitário de cariz comunista durante quase meio século.
A União Europeia não se opôs a estas formas de integração regionais, tendo até
considerado que apresentavam diversos aspetos positivos. Assim, estas foram crescendo
em número e em importância, tornando-se particularmente ativas precisamente no
momento em que na Rússia surge um Presidente – Vladimir Putin – que vem contestar
as políticas dos seus antecessores e dar guarida a algumas teorias revisionistas que
criticavam o desmembramento da União Soviética, a perda de territórios e o avanço
estratégico da NATO para junto das suas fronteiras. Assim, organizações como o Pacto
de Visegrado (os chamados Visegrad 4, que começou por uma série de reuniões informais
para concertar posições no âmbito da entrada deles para a União Europeia, e que depois
se tem vindo a formalizar, recriando-se como um Visegrad Plus, uma entidade mais
alargada e menos formal gizada de forma a englobar “sem perdas identitárias” outros
Estados adjacentes, como por exemplo a Geórgia) – que agrupa a Polónia, a República
Checa, a Eslováquia e a Hungria –, que tinham uma atividade até aí bastante residual,
reforçaram a sua cooperação e vão até suscitar o interesse de outros países da região,
como é o caso dos Bálticos e da Roménia.
Este conjunto de países, ao mesmo tempo que afirmava a sua fidelidade à União Europeia
e ao projeto europeu, via com crescente desconfiança as propostas mais federalistas que
iam sendo apresentadas por França e por outros Estados-membros. A sua segurança –
é essa a sua convicção – é garantida essencialmente pela NATO e pelos Estados Unidos,
havendo problemas que afetavam sobremaneira os países da região e que tinham
implicações económicas e de segurança, sendo um dos principais a dependência