Missile Brigade of the Russian armed forces. This observation raises
questions, such as the question whether the Brigade itself was
actively involved in the downing of flight MH17 on 17 July 2014. An
important question, which the JIT is still investigating.” (Joint
Investigation Team, 2018)
De acordo com o argumento apresentado, as forças militares russas teriam tido um
envolvimento direto no transporte do sistema utilizado para abater o MH17, uma
narrativa corroborada pela equipa do Bellingcat. A narrativa russa, por outro lado,
continua a ser de negação em relação a qualquer tipo de envolvimento no caso,
reforçando (recentemente) a postura acusatória em relação à Ucrânia. Em Setembro de
2018, o exército russo anunciava que o míssil utilizado para abater o MH17 pertenceria
aos militares ucranianos, tendo saído de território russo em 1986 (Vasilyeva, 2018).
Em 19 de junho de 2019, a JIT anunciou que serão instaurados processos penais nos
Países Baixos contra quatro pessoas responsáveis pela tragédia do voo MH17.
A East Stratcom Task Force e a resposta da UE
A tradicional dificuldade da UE em agir a uma só voz em relação à Ucrânia tem sido
aumentada, nos últimos anos, pelas crescentes campanhas de descredibilização e
desinformação, promovidas em larga escala no contexto do conflito por meios de
comunicação de influência russa ou pelo próprio Kremlin. Este aspeto ganha particular
relevância perante a incapacidade da UE em impedir que os seus membros tenham, por
vezes, posições distintas ou até contraditórias entre si (Karolewski e Cross, 2017: 148).
Apesar disso, a queda do MH17 veio impulsionar, inicialmente, uma maior coesão na
postura da UE perante a Rússia, sobretudo através do endurecimento das sanções
impostas a Moscovo e da maior assertividade de alguns atores anteriormente reticentes
em hostilizar a Rússia, com particular destaque para o caso da Alemanha. Esta alteração,
provocada pela morte de cidadãos europeus, permitiu à UE atribuir-se uma narrativa
própria enquanto ator proeminente na região, cujo papel é fundamental para a resolução
do conflito, assumindo o seu papel enquanto role state perante o envolvimento russo. A
narrativa estratégica da UE destaca-se pelo reconhecimento que a Rússia esteja
envolvido no conflito armado na Ucrânia, e apelos à Rússia para assumir a sua
reponsabilidade em relação à tragédia do MH17 (e.g., Alta Representante, 2018, 2019).
No entanto, em particular no início, a UE procurou afastar-se da ‘guerra das narrativas’
relativamente ao curso dos acontecimentos que levaram à queda do MH17, sem
acompanhar as alterações na narrativa russa, ou destacar a incoerência grave desta
narrativa, no seu discurso oficial. Eventualmente, isto fez com que a narrativa estratégica
russa mantivesse a sua projeção, algo que foi adicionalmente reforçado pela
surpreendente posição de Mahathir Mohamad, Premier-Ministro de Malásia, que em
Junho 2019, contrariamente à posição do governo anterior, desafiou as conclusões da
JIT ao declarar que esta última não tem provas do envolvimento russo na tragédia. A
postura da EU - que se centrou no apoio ao trabalho da EIC/JIT, considerado “essencial”
e conduzido ‘com independência, profissionalismo e isenção” (Alta Representante, 2018)
- não foi mais longe do que isso, acabando por enfraquecer a dimensão de issue narrative
da narrativa estratégica da UE, criando um desalinhamento com a sua identity narrative