parte da população que se alinha pelos princípios jacksonianos mas também pela
comunidade folk.
A comunidade folk é para Moreira de Sá e Soller um elemento basilar para a vitória de
Donald Trump. Esta comunidade tinha as razões essenciais parta receber o candidato
republicano de braços abertos – eram elas o seu isolamento geográfico, fraco poder
económico e repressão social. Donald Trump era o expoente máximo de um self made
man, de um verdadeiro americano. Alguém com os ideais roubados pela Administração
Obama que começava a utilizar o Estado como uma figura interventiva e dava primazia
a questões sociais e a minorias.
Donald Trump: O Método no Caos defende também que a crise do partido republicano
era propicia a um candidato como Trump. A “inexistência de uma narrativa coerente” pós
Ronald Reagan, o legado de George W. Bush e a vitória de Obama deixaram o partido
republicano quebrado e sem rumo, no dilema de compactuar com Trump e “vender a
alma ao diabo” ou “denunciar o presidente como um falso republicano”, isto são tudo
razões apontadas pelos autores para emergência de Trump dentro do próprio partido e
do leque de candidatos.
Segundo Moreira de Sá e Soller foram estas as condições para que Trump conseguisse o
sucesso eleitoral de 2016, i.e, o ressurgimento folk, crise política, económica e
identitária.
Trump e as dinâmicas internacionais
A nível da política externa e relação com os outros países os autores optam por dividir
em duas partes, por um lado o enquadramento teórico da visão de Trump e por outro a
análise de Trump antagonicamente com a Europa, Ásia e Médio Oriente.
Começam, então, por dar ênfase ao tal pregado pelos media que a Administração Trump
seria imprevisível. Nisto, como algo basilar para desconstruir o pensamento Trump,
definem o porquê dessa percepção. A instabilidade do staff da Casa Branca e os
consecutivos despedimentos da Administração Trump juntando-se ao conjunto de ideias
do presidente, criam a ideia de que Trump acaba por não ter um rumo ideológico. O que
os autores advogam não ser verídico.
A nível da política externa Moreira de Sá e Soller defendem que Trump tem se afastando
da estratégia internacional de Obama e tentando criar algo novo, sublinhando que as
estratégias clássicas se encontravam desactualizadas, uma política externa jacksoniana.
Este realismo jacksoniano com tendência “pessimista, proteccionista” e com a bandeira
da eficiência económica, leva a uma visão prática das relações EUA-Mundo. Essa visão,
defendem os autores, fez o mundo ver uma mudança radical nos EUA que abandonam
alguns dos princípios pelos quais era símbolo (internacionalismo, liberalismo, obrigações
democráticas para com o mundo).
Para mais, traçam quatro pontos que Trump tem como definidos aquando a Política
Externa: 1) Que tragam resultados económico-sociais para os EUA; 2) Tornar novamente
os EUA numa “República Comercial”; 3) Fazer face às potências: China e Rússia; 4)
Isolamento do “Eixo do Mal”, Irão e Coreia do Norte.