Essa estabilidade parece dever-se a vários fatores institucionais, incluindo um número
de “características constitucionais” (Ikenberry, inverno 1998/1999: 45) que mitigam as
diferenças de poder existentes entre estados e as suas implicações, reduzindo assim a
necessidade de equilíbrio entre os estados. Com as suas regras e normas, as instituições
são, assim, uma componente importante da ordem internacional, exibindo o que
Ikenberry (inverno 1998/1999: 46) define como características de “retornos crescentes”.
Isso pode ser considerado relevante no sentido de que quanto mais se tornam parte da
atual ordem internacional, mais ajudam a mantê-la e tornam mais difícil derrubá-la. Além
disso, a atual ordem internacional liberal pode ser organizada de diferentes maneiras.
Evoluiu com o tempo e pode continuar a evoluir (Ikenberry, 2009). Pode estar mais ou
menos ligada às normas e instituições existentes, pode ser mais ou menos aberta, e mais
ou menos assente em regras ou institucionalizada.
A natureza das organizações internacionais
Independentemente da questão em causa na política mundial, seja por questões de
conflito, económicas ou financeiras, humanitárias, preocupações ambientais ou qualquer
outra, encontraremos organizações internacionais envolvidas. A sua função é muito mais
do que apenas estabelecer ou executar acordos internacionais entre estados, já que
moldam a ordem internacional global e, particularmente desde a Segunda Guerra
Mundial, são fulcrais para a construção da ordem e da sua manutenção. As organizações
internacionais geralmente tomam decisões com autoridade que têm alcance e âmbito
global. Em muitas situações, as organizações internacionais atuam como facilitadoras da
coordenação de políticas, enquanto mecanismos para administrar e legitimar as soluções
de problemas que, de outra forma, seriam geridos por estados independentes num
mundo interdependente e que simplesmente permaneceriam sem solução.
Basicamente, as organizações internacionais são estruturas burocráticas que continuam
a ser a estrutura privilegiada para a organização do trabalho num mundo complexo
(Weber, 1947; Weber, Roth e Wittich, 1978). As burocracias são consideradas o sistema
mais eficiente de organização e a maneira mais eficaz de racionalizar processos no mundo
atual, dadas algumas das características que lhe estão associadas, ou seja, esferas de
competência definidas dentro de uma divisão de trabalho com alguma hierarquia. Além
disso, o trabalho necessário e a persecução dos objetivos definidos são realizados de
acordo com regras e procedimentos operacionais, e independentemente das pessoas que
lá trabalham numa dada altura, ou seja, são impessoais. Permitem que uma organização
responda de forma mais eficaz e previsível às solicitações. Como tal, as burocracias são
grupos de regras que definem tarefas sociais complexas dentro de uma certa divisão do
trabalho na persecução de certos objetivos.
As burocracias também afetam o comportamento de outros atores dentro do sistema
internacional, como países e outras burocracias (Krasner, 1983; Keohane, 1984).
Também definem e criam regras que têm impacto no mundo social. Um exemplo disto
seria o caso do Fundo Monetário Internacional (FMI), no sentido de criar regras para
administrar problemas de balanço de pagamentos ou atividades relaccionadas com
procedimentos institucionalizados para resolver problemas específicos ou realizar certas