integração em matérias centrais da soberania nacional - terrorismo, tráfico humano e de
droga, cibercriminalidade, controlo de fronteiras - esbatendo algumas separações entre
as fronteiros internas e externas dos Estados-Membros e aceitando uma parcial de
governação da UE nestas áreas (Cross, 2011), a cooperação na partilha de informações
de segurança mantém-se complexa e volátil (Gruszczak, 2016: 271).
O campo de estudo das informações ainda se encontra em construção e tem-se
desenvolvido sobretudo no contexto anglófono, avançando teoricamente a partir de
enquadramentos disciplinares do Direito, da História, da Ciência Política e das Relações
Internacionais (Gill e Phytian, 2018). São muitas as definições de informações
estratégicas, umas mais restritivas que as limitam a um processo que alimenta a
segurança nacional, outras mais abrangentes, que percecionam as informações como o
produto de um processo que origina conhecimento para alimentar a decisão estratégica
com interesse e relevância em diferentes áreas (Gill e Phytian, 2006). Conceptualmente,
é necessário distinguir entre informações de segurança e informações policiais. As
primeiras têm um caráter estratégico, oferecendo um entendimento que contribui para
decisões, políticas e gestão de recursos para se atingirem objetivos no longo prazo com
vista a garantir a segurança nacional. As segundas são orientadas para a segurança
interna, designadamente no que concerne a prevenção da criminalidade violenta e de
incidentes de ordem pública, podendo, ainda, inserir-se na esfera da investigação
criminal (Moleirinho, 2009: 82). No âmbito deste artigo consideram-se as informações
estratégicas de segurança, que se inscrevem como um elemento essencial dos sistemas
de segurança e defesa nacional, sendo, todavia, concebidas de forma dissemelhante
entre os Estados-Membros (Coqc, 2017). A globalização acarretou o entendimento amplo
da segurança nacional, que inclui, atualmente, preocupações com diversos riscos
transnacionais, para além das tradicionais ameaças político-militares (Buzan, 1991;
Hough, 2004; Williams, 2008; Kaldor e Rangelov, 2014), tendo exigido uma natural
expansão das áreas de intervenção das informações. No entanto, a globalização dos
serviços de informações não tem sido assim tão rápida, mantendo-se as mesmas
sobretudo no espaço das jurisdições nacionais (Aldrich, 2009). Há muitos serviços e
agências de informações sem capacidade para recolher e analisar todas as informações
disponíveis, desde logo porque não se encontram dotados com recursos suficientes, ao
contrário de países com “grandes escolas” de intel como EUA, Rússia, Reino Unido, Israel
ou China. As práticas cooperativas entre as comunidades de informações são a solução
e acontecem quer ao nível nacional - com outras forças e serviços de segurança - quer
ao nível internacional - com serviços congéneres. A cooperação internacional é
maioritariamente bilateral e ocorre em função de interesses comuns, de culturas de
informações partilhadas, de alianças históricas, ou da proximidade geográfica e
estratégica com diferentes regiões do mundo (Rudner, 2004; Aldrich, 2009).
É dentro do enquadramento supramencionado que interessa aferir os moldes em que se
organizam as informações de segurança no âmbito da UE. Este artigo trata-se de uma
investigação exploratória e assume a forma de ensaio predominantemente descritivo,
que tem por objetivo dar resposta a três questões fundamentais: (1) Quais os organismos
e os mecanismos de cooperação existentes no âmbito das informações de segurança na
UE?; (2) Quais os desafios que se colocam a uma maior cooperação?; e (3) Qual o papel
que a UE poderá assumir? A estrutura do artigo segue as questões orientadoras, existindo
três secções, a primeira identificando os organismos que intervêm no processo e de que