INTERVENÇÕES EXTERNAS NO MALI E NAS SUAS TERRAS FRONTEIRIÇAS – UM CASO DE ESTABILIZAÇÃO

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anacarina.sfranco@gmail.com

Consultora independente e doutoranda em relações internacionais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa (Portugal). Mestre em Ciências Políticas e Sociais-Relações Internacionais pela Université Catholique de Louvain. Presta atualmente serviços independentes de avaliação e análise sobre paz e segurança a organizações internacionais, incluindo no âmbito do Instrumento da União Europeia que contribui para a estabilidade e paz, bem como do projeto CivilnExt, destinado a reforçar a consciência situacional, a troca de informações e o controlo operacional em missões civis no âmbito da Política Comum de Segurança e Defesa da UE.

Resumo

O artigo tem como principal objetivo contribuir para uma melhor compreensão do conceito de estabilização, tanto em termos académicos como políticos, analisando os resultados da contrainsurgência e do apoio às operações de paz no Sahel por intervenientes regionais, continentais e extracontinentais.Aborda o problema associado ao chamado “engarrafamento de intervenção”, resultante de numerosas iniciativas externas no processo político e na dinâmica de conflitos dos países sahelianos, com enfoque no centro e norte do Mali e nas suas fronteiras. As intervenções externas entraram numa nova fase do chamado projeto de paz liberal, quando, na década de 2000, as modalidades de manutenção da paz evoluíram para missões integradas ou multidimensionais, bem como para um quadro normativo para a construção estatal. Além disso, as intervenções no Sahel refletem o regresso à estabilização no início dos anos 2010 – um conceito que surge como alternativa ao nexo construção da paz-do estado, que dominou a década anterior. Apesar dos inúmeros esforços de estabilização, há episódios recorrentes de extrema violência no etnicamente diversificado centro do Mali, juntamente com o aumento da insegurança nos vizinhos Burkina Faso e Níger. Os fenómenos de insurgência nas zonas fronteiriças entre o Níger, o Mali e o Burkina Faso (Liptako-Gourma), estão muitas vezes diretamente ligados à associação entre a expansão dos movimentos salafi-jihadistas e a crise política maliana de 2012, mas também à fraca presença do estado nas grandes regiões do Saara-Sahel e aos desafios colocados pelo pluralismo étnico. O artigo conclui sublinhando a falta de integração das respostas de estabilização numa abordagem política, considerando diferentes estratégias de governação. Salienta ainda a necessidade de dar prioridade à restauração da autoridade legítima do estado, apesar da conquista de um modus vivendi na região norte do país.

The article’s main objective is to contribute to a better understanding of the concept of stabilisation, in both academic and policy terms, by analysing theoutcomes of counterinsurgency and support to peace operations in the Sahel by regional, continental, and extra-continentalactors. It addresses the problematic associated with the so-called ‘intervention traffic jam’ resulting from numerous external initiativesin the political process and conflict dynamics of Sahelian countries, with focus on central and northern Mali and its borderlands. The external interventions entered a new phase of the so-called liberal peace project when, in the 2000s, peacekeeping modalities evolved into integrated or multidimensional missions, as well as into a normative framework for statebuilding. Furthermore, interventions in the Sahel reflect a return to stabilisation in the early 2010s – a concept that emerges as an alternative to the peacebuilding-statebuilding nexus which dominated the previous decade. Despite the numerous stabilisation efforts, there are recurrent episodes of extreme violence in the ethnically diverse central Mali, along with increased insecurity in neighbouring Burkina Faso and Niger. The insurgency phenomena in the border areas between Niger, Mali, and Burkina Faso (Liptako-Gourma) is often not only directly linked to the association between the expansion of Salafi-Jihadist movements and the Malian political crisis of 2012, but also to the weak state presence in large regions in the SaharaSahel and the challenges posed by ethnic pluralism.The article concludes by emphasising the lack of integration of stabilisation responses into a political approach considering different governance strategies. It also stresses the need to prioritise the restoration of the state’s legitimate authority despite the achievement of a modus vivendi in the country’s northern region.

Palavras-chave

Como citar este artigo

Franco, Ana Carina S. (2021). Intervenções externas no Mali e nas suas terras fronteiriçasum caso de estabilização. Janus.net, e-journal of international relations. Vol12, Nº. 2, Novembro 2021-Abril 2022. Consultado [em linha] em data da última consulta, https://doi.org/10.26619/1647-7251.12.2.6

Artigo recebido em 23 Julho, 2021 e aceite para publicação em 7 Setembro, 2021

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e-ISSN: 1647-7251

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